sexta-feira, 22 de abril de 2022

Niterói fecha parceria com a ONU para apoiar os cerca de 2 mil refugiados instalados na cidade






Niterói tem hoje cerca de 2 mil refugiados aqui instalados, segundo dados da Polícia Federal. O expressivo número de pessoas nesta situação em nossa cidade surpreende muitos niteroienses e alerta para a necessidade de iniciativas voltadas a este grupo. Para tratar deste assunto, junto com o secretário municipal de Direitos Humanos, Rafael Adonis, recebi esta semana o representante no Brasil do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), José Egas. Assinamos um memorando que oficializa a parceria de Niterói com a entidade para ampliar o mapeamento, estruturar serviços e capacitar servidores municipais para o atendimento a migrantes e refugiados que, somados, chegam a 9 mil em Niterói.

A iniciativa reforça a posição de vanguarda de nossa cidade, também, no que diz respeito a políticas públicas de inclusão. Em março, a Prefeitura de Niterói já havia inaugurado o Núcleo de Migrantes e Refugiados Moïse Kabagambe, administrada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos, que passou a funcionar na Casa dos Direitos Humanos, no Centro.

Em pouco tempo de funcionamento, centenas de pessoas já procuraram por orientações no Núcleo, que presta atendimento jurídico, assistencial e psicológico. A unidade também viabiliza a emissão de documento de identificação civil, em parceria com o Detran, e promove a mediação de conflitos junto a equipes da Rede Mediar, do Pacto Niterói Contra a Violência.

Entre as nacionalidades que já buscaram a equipe para atendimento estão senegaleses em sua grande maioria. Depois seguem angolanos, haitianos e congoleses.

Casa dos Direitos Humanos
Endereço: Rua XV de Novembro, 188 – Centro, Niterói/RJ.
Funcionamento: de segunda a sexta, das 9h às 17h.
Agendamento: Zap da Cidadania (21) 96992-9577.


Niterói e os imigrantes

Niterói tem uma longa tradição de recepcionar imigrantes e refugiados. Ainda estão muito presentes os legados das colônias de migrantes que estão representados, por exemplo, no Rio Cricket Club (em Icaraí), na Igreja Anglicana (Icaraí), no Rio Yacht Club (originalmente se chamava Rio Sailing Club), no Iate Clube Brasileiro (fundado com forte presença alemã), na Igreja Luterana, que ainda recebe famílias alemãs, o Clube Português (a comunidade portuguesa ainda muito presente no comércio e na gastronomia), o Clube Italiano, Espanhol etc.

Bairros como Icaraí, São Francisco, Boa Viagem e outros, ainda abrigam muitas famílias de origem estrangeira.

Família

Iniciativas de apoio a migrantes e refugiados têm um sentido especial para mim. Sou neto de um dinamarquês (Preben Schmidt), que chegou ao Brasil em 1924, e uma alemã (Helene Schmidt), nascida na cidade de Lyck, hoje situada na Polônia, com o nome de Elk. Os dois migraram para o Brasil e aqui chegaram sem conhecer ninguém. O casal se apaixonou por Niterói e aqui se conheceu. Se estabeleceram e formaram a família na Estrada Leopoldo Fróes, então um lugar afastado da cidade. Cresci ouvindo histórias sobre a importância do acolhimento e da solidariedade, características marcantes de Niterói. 

Minha avó Helene, contava como foi recebida na época, na Ilha das Flores, onde havia um centro para recepcionar imigrantes. Durante quase um século (1877 a 1966), a Ilha das Flores, na Baía de Guanabara (hoje com acesso pela Rodovia Niterói-Manilha e abrigando uma instalação militar da Marinha), recebia imigrantes estrangeiros que chegavam ao Brasil. Lá, os recém-chegados imigrantes, das mais variadas origens, eram hospedados, recebiam exames médicos, eram eventualmente curados de enfermidades e recebiam propostas de empregos de todo o Brasil. Enquanto existiu, a unidade da Ilha das Flores recebeu 300 mil estrangeiros que chegaram ao Brasil pelo Porto do Rio.

Axel Grael





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