| Dr. Luciano Moreira (quinto da direita para a esquerda) com técnicos da Fiocruz e dirigentes da Fundação Bill e Melinda Gates, em visita ao Projeto Grael, em 2016. |
O pesquisador brasileiro Luciano Moreira, acaba de ser anunciado pela revista "Nature" como um dos 10 cientistas mais influentes no mundo em 2025.
O professor Luciano Moreira é engenheiro agrônomo e entomólogo, formado pela Universidade Federal de Viçosa-MG, sendo pesquisador ligado à Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. O cientista desenvolve pesquisa sobre o uso da bactéria Wolbachia, de presença comum em muitos insetos, mas que os mosquitos Aedes aegypti não possuem naturalmente no seu organismo. Quando inoculado no mosquito, a bactéria bloqueia a transmissão da dengue, zika e chikungunya. Esta é a base do Método Wolbachia para o controle das doenças.
A iniciativa chegou ao Brasil em 2011, com o apoio do Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates e a National Institutes of Health, que investiram no método Wolbachia R$ 31 milhões.
Em 2013, quando o Rio de Janeiro e Niterói viviam um grave surto de dengue, o Dr. Luciano Moreira e uma equipe da FIOCRUZ procuraram o Projeto Grael para pedir ajuda. Dr. Moreira estava decidido a testar a sua tecnologia em dois lugares que considerava geograficamente ideais: Jurujuba (Niterói) e Tubiacanga (Ilha do Governador, no Rio de Janeiro). O fato de Jurujuba ser uma península na Baía de Guanabara e ter relativo afastamento de outros bairros, se adequava à metodologia da pesquisa. No caso de Tubiacanga havia uma justificativa semelhante, mas os trabalhos não avançaram tanto que em Jurujuba.
Eu havia sido eleito vice-prefeito de Niterói em 2013 e fiz a ponte entre a equipe da FIOCRUZ e a Secretaria Municipal de Saúde, que aprovou o experimento na cidade e passou a acompanhar e apoiar a iniciativa.
Mosquito x mosquito
De início, o trabalho das equipes causava desconfiança, principalmente quando saíram espalhando mosquitos pelo bairro. Como engenheiro florestal, entendi o objetivo do professor Moreira e convenci a equipe do Projeto Grael que a ideia de soltar mais mosquitos Aedes para combater a dengue, por mais que parecesse estranho, fazia sentido.
| Armadilha para captura de mosquitos para fins de monitoramento. Equipamentos semelhantes a este foram instalados no Projeto Grael. Fonte: Portal Drauzio |
O Projeto Grael cedeu espaço para apoio logístico das equipes que fizeram o trabalho pioneiro em Jurujuba e ajudou no esclarecimento da comunidade. Recebemos aulas e exposição educativa sobre o trabalho que seria feito e incentivamos os alunos do Projeto Grael a ajudar o trabalho das equipes da FIOCRUZ.
Inicialmente, os técnicos da equipe do prof. Moreira fizeram estudos na região e começaram a soltar os mosquitos com Wolbachia em 2015 e os resultados foram muito positivos. Na minha gestão como prefeito de Niterói (2021-2024), expandimos o método Wolbachia para toda a cidade e, desde então, os números de casos registrados de dengue, zika e chikungunya são muito baixos em Niterói e o modelo foi levado pelo Ministério da Saúde e FIOCRUZ para outras partes do país.
Hoje, Luciano Moreira dirige a "Fábrica de Mosquitos" da FIOCRUZ, em Curitiba, considerada a maior do mundo. Produz 80 milhões de ovos de mosquitos por semana para alimentar o programa de enfrentamento às doenças no país. O que deu certo em Niterói vai beneficiar outras cidades.
Niterói é muito grata por ter sido escolhida a primeira cidade no país a ser cuidada pelo Método Wolbachia e o Projeto Grael tem orgulho de ter participado, mesmo que de forma modesta, desta grande conquista da Ciência e da Saúde.
Parabéns ao Dr. Luciano Moreira e sua equipe.
Axel GraelPrefeito de Niterói (2021-2024)
Vice-prefeito de Niterói (2013-2016)
Cofundador do Projeto Grael

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