sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Potencial de absorção de carbono por florestas secundárias é discutido em oficina técnico-científica

 

Crédito: Divulgação Inpe

Equipe do projeto Ciência&Clima participou de oficina internacional que abordou lacunas de conhecimento científico e oportunidades para aprimoramento sobre o tema no Brasil

A equipe técnica responsável pelo setor Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas (LULUCF, na sigla em inglês) do Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa participou dos debates técnico-científicos sobre o potencial de remoção de carbono da vegetação secundária. A oficina ‘Sintetizando emissões e remoções de carbono pós-distúrbio nos biomas florestais do Brasil’ reuniu, no fim de outubro, em São José dos Campos (SP), especialistas nacionais e internacionais com conhecimento transdisciplinar sobre o tema que estão desenvolvendo trabalhos para avançar na compreensão sobre o potencial de acúmulo de carbono durante o crescimento da vegetação em florestas que se encontram em regeneração no Brasil.

“As florestas secundárias desempenham um papel muito importante na contabilidade de emissões do setor LULUCF por serem um sumidouro de carbono e têm grande importância frente às políticas públicas relacionadas ao cumprimento das metas de redução das emissões de GEE”, explica a especialista no setor LULUCF do projeto Ciência&Clima, Juliana Davis.

O setor LULUCF é relevante para o país, pois ‘modula’ as emissões de GEE nacionais, tendo sido responsável por 39,5%, conforme os resultados das estimativas de emissões para 2022. Conforme definição do Relatório Nacional de Inventário, as remoções de carbono em vegetação secundária são contabilizadas somente quando ocorre a conversão de uma classe de uso e cobertura para a classe de vegetação secundária. Porém, a determinação dos padrões de crescimento e dinâmica das áreas de vegetação secundária ainda não está bem estabelecida para todas as formações vegetacionais brasileiras. Há lacunas de conhecimento relacionadas à impossibilidade de identificação da dinâmica e tempo de crescimento dessas áreas entre os anos mapeados, por exemplo.

“O Inventário Nacional tem como princípio estar alinhado com a melhor ciência disponível e precisa ser abastecido com a literatura científica mais recente sobre o tema. A partir dos estudos científicos de campo ou sensoriamento remoto entendemos como e quanto a vegetação em recuperação pode absorver em termos de carbono, assim como as diversas variáveis que influenciam nesse processo”, relata Davis.

As discussões da oficina envolveram aspectos sobre o mapeamento de florestas secundárias, abordando onde e em que extensão elas estão crescendo de acordo com os diferentes conjuntos de dados disponíveis. Outro aspecto abordado foi a contabilização das taxas de crescimento e do acúmulo de carbono nesse tipo de vegetação.

O pesquisador do Inpe e cocoordenador científico da Rede Clima, Jean Ometto, destaca que o mapeamento mais detalhado das florestas secundárias permite que o balanço nacional de carbono seja apresentado com o nível de detalhamento. Além de absorver carbono, essa vegetação presta benefícios como serviços ecossistêmicos associados à biodiversidade, regulação do clima local, questões hidrológicas locais. Contudo, o pesquisador enfatiza que para apresentar os benefícios citados, as florestas secundárias precisam ter um tempo de permanência, ou seja, mecanismos de conservação que possam se restabelecer como floresta original. “No Brasil, as florestas secundárias têm tempo de permanência relativamente baixo e isso não traz benefícios para que consigam se restabelecer”, afirma Ometto.

Inventário Nacional - Em sua apresentação, a especialista do setor LULUCF do projeto Ciência&Clima Íris Roitman, destacou como os dados sobre emissões e remoções por florestas secundárias são contabilizados atualmente no setor LULUCF do Inventário Nacional de GEE. Esse setor reporta gases CO2, emissões oriundas de desmatamento e degradação, e remoções efetuadas por vegetação primária de áreas de conservação e terras indígenas e por vegetação secundária; e gases não CO2 que são decorrentes de processos de corte e queima. Além disso, informa emissões e remoções de GEE de produtos madeireiros. “Mencionei ainda os principais desafios que temos para avançar, as lacunas no conhecimento científico, e as oportunidades para aprimoramento”, afirmou Roitman.

A oficina foi coorganizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), pelo Centro Alemão de Geociências (GFZ Helmholtz) e pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), com financiamento parcial da Agência Espacial Europeia (ESA). Além de pesquisadores, participaram representantes do governo federal, como Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Saiba mais: Ciência&Clima é o projeto de cooperação técnica internacional executado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na sua implementação e recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), que elabora as Comunicações Nacionais, os Relatórios de Atualização Bienal e os Relatórios Bienais de Transparência do Brasil à Convenção do Clima. O projeto trabalha para fortalecer as capacidades nacionais na implementação da Convenção do Clima e promover a conscientização sobre os impactos da mudança do clima no país.

Acesse: https://www.gov.br/mcti/cienciaclima

Fonte: MCTI



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