segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Clima em crise: humanidade não pode perder mais um ano e mais uma COP

Seca e outros extremos climáticos ganham força à medida que a humanidade adia ações reais contra a crise do clima. Foto: Diego Rego Monteiro / Creative Commons

Presidência da conferência recebeu prioridades da sociedade civil para qualificar negociações e decisões de novembro

Aldem Bourscheit 

Organizações da sociedade civil listaram à presidência da COP30 – sob a batuta do Brasil – seis eixos para destravar as negociações em Belém (PA), mês que vem. A mensagem central é acelerar ações nesta década para conter a emergência climática e recuperar a confiança em processos das Nações Unidas.

Esse senso de urgência, contudo, desponta num contexto global especialmente adverso.

Lembrando os conflitos políticos, econômicos e bélicos mundiais, Claudio Angelo, coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima, ressalta que a conferência será diferente de outras porque ocorre no pior momento possível da cooperação internacional. “Mas o fracasso não é uma opção”, disse.

Para tanto, o primeiro eixo pede metas e ações nacionais mais fortes para cortar emissões. Afinal, hoje as NDCs (do Inglês Nationally Determined Contribution), que cada país apresenta junto ao Acordo de Paris, de 2015, não devem manter o aumento médio da temperatura abaixo de 1,5ºC.

Atenta à principal fonte de emissões no Brasil, a especialista em Política Climática do Greenpeace, Anna Cárcamo, afirmou que a COP pode acelerar ações para zerar o desmate e a degradação florestais. “Mas, é preciso ampliar o financiamento para que países em desenvolvimento cumpram metas de corte de emissões”, agregou.

O segundo eixo propõe um cronograma com monitoramento para acelerar a transição energética e afastar a economia dos combustíveis fósseis. O terceiro defende um mecanismo global de financiamento, assistência técnica e transferência de tecnologias para que essa mudança não piore desigualdades sociais.

Nessa rota, a coordenadora de pesquisa da Plataforma Cipó, Beatriz Mattos, espera que o entendimento sobre justiça climática esteja no centro das discussões da COP30. “A conferência precisa garantir que as ações climáticas contribuam para reduzir – e não reproduzir – desigualdades”, ressaltou.

Organizações e movimentos civis se reuniram por dois dias, em Brasília (DF), para qualificar eixos de negociações para a COP30. Foto: Claudio Angelo / Observatório do Clima

Já na quarta linha de ação, a sociedade civil cobra a implantação de acordos da COP28 (nos Emirados Árabes) para reforçar a resiliência à crise climática. Isso inclui aprovar indicadores e triplicar, em relação a 2022, o financiamento para adaptação.

“Não há resiliência possível, sem previsibilidade no financiamento da adaptação à mudança climática”, avaliou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa. “Sem uma meta de financiamento para adaptação na COP 30, vamos cair num abismo [de recursos] já no próximo ano”.

O quinto eixo propõe um programa de trabalho e um espaço permanente de diálogo para alinhar as três Convenções do Rio (Clima, Biodiversidade e Desertificação), não esquecendo de tratar de dinheiro, de causas de desmate e dos direitos de povos indígenas, quilombolas e comunidades locais.

Por fim, o sexto eixo quer engrossar as finanças climáticas priorizando recursos públicos e de países ricos para os em desenvolvimento, focado em cumprir o Acordo de Paris e cortar subsídios aos fósseis. Na linguagem das conferências, é um plano de transição entre a COP29 (Azerbaijão) e a COP30 (Brasil).

As propostas acima resultaram do evento “O Caminho para Belém: contribuições da sociedade civil”, nos últimos dias 14 e 15. O mesmo foi organizado por Greenpeace Brasil, Instituto Clima e Sociedade, Laclima, Instituto Talanoa, Observatório do Clima, Plataforma Cipó, TNC Brasil, Transforma e WWF-Brasil.

*Com informações do Observatório do Clima.

Fonte: ((O)) Eco



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