Christa, que tem 60 anos, é casada com o prefeito Axel Grael há 35. Juntos, eles têm um histórico de participação em movimentos ativistas - afinidade que vem desde a juventude -, como o Movimento de Resistência Ecológica (MORE), pioneiro na década de 80. Formada em administração pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Christa também carrega a experiência de 23 anos na área da aviação, em uma companhia aérea alemã. Aos 47 anos, assumiu o desafio de dirigir o Projeto Grael, mudando a gestão de negócios e tornando a instituição uma referência no país, com mais de 20 mil jovens impactados. Com anos dedicados ao trabalho social, a primeira-dama usa a sua experiência para fortalecer o Terceiro Setor e estimular o voluntariado em Niterói. Confira a entrevista exclusiva de Christa Vogel Grael à FOLHA DE NITERÓI:
Folha de Niterói: A senhora se tornou primeira-dama no momento em que as cidades enfrentavam o pior cenário da pandemia, intensificando a crise sanitária, social e econômica em todo o país. Dez meses depois, como acha que Niterói reagiu a esses efeitos?
Christa: Assim que o Axel assumiu a gestão, sua grande preocupação era vacinar os niteroienses. O país enfrentava uma situação caótica e os municípios tiveram que assumir um papel de protagonista nas ações de enfrentamento. A busca por uma vacina que pudesse reduzir os efeitos tão dramáticos da pandemia era uma demanda urgente, ao mesmo tempo em que era preciso manter o olhar para outros setores. Desde o ano passado, assim que foi declarada a situação pandêmica, Niterói foi muito atuante, assumindo o pioneirismo em diversas frentes. Abriu o Hospital Oceânico em tempo recorde, lançou medidas de apoio financeiro às famílias, vem auxiliando empresas e protegendo trabalhadores, além do grande esforço na vacinação. Tudo isso tornou a nossa cidade referência no combate ao coronavírus, com experiências que servem de exemplo até para outros países. A maior prova disso é o Pacto de Retomada Econômica lançado pelo Axel nos últimos dias. Um plano que representa essa nova fase de Niterói, que aproveita os desafios para retomar o fôlego, se fortalecer e inovar.
Folha de Niterói: O trabalho social sempre esteve presente em sua vida, ao mesmo tempo em que sempre foi muito forte em Niterói. Qual é o impacto da atuação das organizações na vida das pessoas?
Christa: Niterói tem uma sociedade civil muito participativa e engajada com as questões sociais. As ONGs desempenham um papel muito importante no desenvolvimento da cidade, ampliando a assistência e apoio à população. Elas atuam em diferentes frentes, identificando demandas e ajudando o poder público na busca por soluções para os desafios sociais. Por isso essa parceria é tão importante. Uma cidade que investe na responsabilidade social, investe no seu futuro.
Folha de Niterói: A senhora tem uma relação muito forte com o Terceiro Setor. Como a sua experiência no Projeto Grael pode contribuir para o desenvolvimento e avanço social da cidade?
Christa: Assumir o Projeto Grael foi um grande desafio pessoal e profissional. Eu tinha 47 anos quando tomei a decisão de atuar à frente do instituto. Essa experiência me abriu novos horizontes e perspectivas. Vivenciar a transformação de vidas e a realização de sonhos para tantos jovens também foi transformador para mim. Trabalhar com o Terceiro Setor é algo que me encanta, mas também não é nada fácil. Esbarra em muita burocracia, que dificulta a execução dos projetos. Com o apoio e trabalho incansável de uma equipe maravilhosa, investi na profissionalização do Projeto Grael. Foi um divisor de águas! Devido ao cargo do Axel, precisei me desligar do Projeto, mas carreguei comigo essa vontade de multiplicar experiências e, a partir desse desejo, nasceu o programa Niterói Cidadã, que foi lançado recentemente pela Prefeitura de Niterói.
Folha de Niterói: De que modo o programa Niterói Cidadã pode ajudar o Terceiro Setor?
Christa: A Prefeitura de Niterói tem lançado muitos editais, mas tem identificado a baixa participação das organizações da própria cidade. Isso esbarra na dificuldade que muitas instituições têm de se formalizar, emitir certidões e prestar contas. Queremos fortalecer essa relação entre o Terceiro Setor e o poder público, ajudando no desenvolvimento e crescimento dessas entidades com diversas ações. Uma delas é o curso de capacitação, que tem início no próximo dia 18 e conta com a participação de representantes de 50 ONGs. Inclusive, já temos uma lista de espera para a próxima turma, que deve começar no primeiro semestre do ano que vem. Teremos aulas dedicadas à gestão de projetos, captação de recursos, prestação de contas e comunicação. Tenho certeza que essa experiência irá contribuir muito no fortalecimento do Terceiro Setor de Niterói e será um grande impulso para a geração de empregos em nossa cidade.
Folha de Niterói: Desde o início do ano, a campanha Niterói Solidária tem arrecadado alimentos para a população mais vulnerável, sob a sua coordenação. Quais foram os resultados?
Christa: A Niterói Solidária é uma campanha que demonstra o quanto a população niteroiense é solidária e preocupada com o próximo. Decidimos iniciar esse projeto a partir da própria demanda das pessoas. Desde então, arrecadamos mais de 45 toneladas de alimentos, mais de 4 mil itens de higiene e limpeza, e cerca de 400 agasalhos, que estão sendo distribuídos para as famílias em situação de vulnerabilidade social, através das organizações parceiras. Com o avanço da vacinação, a campanha entra em uma nova fase, migrando dos postos para os equipamentos culturais. É uma medida que amplia e facilita o acesso aos postos de arrecadação, além de dar continuidade a essa ajuda tão fundamental às famílias que ainda sentem os reflexos sociais que a pandemia deixou.
Folha de Niterói: Na sua percepção, o que Niterói tem de melhor?
Christa: Niterói me encanta de muitas maneiras. É, sem dúvidas, uma cidade diferenciada. Acho que Niterói tem a peculiaridade de surpreender até mesmo quem mora aqui a vida inteira, assim como acontece comigo e com o Axel. Nos últimos anos, nos tornamos referência em muitos setores, seja em relação às políticas de proteção ambiental, gestão e transparência e, agora, no enfrentamento à pandemia. Temos uma capacidade de transformação muito grande, que vem se potencializando, e isso se deve, principalmente, ao niteroiense, que participa ativamente das tomadas de decisão sobre o futuro do município. É um fator que traz dinamismo, eleva a qualidade de vida e contribui de maneira assertiva com o desenvolvimento da cidade. Sou uma eterna apaixonada por Niterói e sua gente!
Folha de Niterói: A senhora é uma mulher atuante na cidade. Como enxerga a questão da igualdade de gênero? Niterói tem atuado para incentivar o protagonismo feminino?
Christa: Ao longo do tempo, alcançamos conquistas históricas, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Ser mulher no mundo corporativo não é fácil. Todos os dias, precisamos provar que somos capazes e lutar por respeito. Assim como muitas, eu também já sofri assédio, o que me fez desistir de uma oportunidade de trabalho. Niterói tem uma gestão que reconhece e estimula a inserção das mulheres nos espaços de poder. Nossa cidade tem a felicidade de contar com gestoras competentes e profissionais, que contribuem muito com o desenvolvimento do município. É um exemplo que se multiplica através das ações implantadas pela Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres (Codim), com políticas pioneiras e inovadoras. Através da articulação da Fernanda Sixel, Niterói tem se destacado no apoio às mulheres vítimas de violência, no incentivo ao protagonismo feminino e no empreendedorismo. Um trabalho que ganhou até reconhecimento internacional, com a seleção do Projeto Mulher Líder no edital do Consulado dos Estados Unidos. Tenho certeza que vamos avançar ainda mais nessa luta!
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