domingo, 10 de fevereiro de 2019

Planalto vê Igreja Católica como potencial opositora



COMENTÁRIO:

As ações dos ministros do governo Bolsonaro tem se alternado entre a caricatura e um sentimento de muita preocupação quanto aos rumos que esse governo pode tomar.

As duas notícias abaixo mostram o contraste entre a atitude do ministro brasileiro e outras iniciativas na América Latina que, longe da paranoia que as lideranças de plantão no Planalto, mostram uma tomada de posição a favor da proteção de florestas e de um futuro sustentável.

Ao constatar o quanto estamos retrocedendo e nos colocando como alvos do deboche mundial, nos vem à lembrança as palavras do genial frasista Millôr Fernandes:

"O Brasil tem um enorme passado pela frente" (Millôr definitivo: a bíblia do caos‎ - Página 30, Millôr Fernandes - L&PM Editores, 1994)

Axel Grael




------------------------------------------------------


Planalto vê Igreja Católica como potencial opositora


O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno Foto: Dida Sampaio/Estadão


Abin e comandos militares relataram articulação de cardeais para o Sínodo sobre Amazônia, reunião no Vaticano que governo trata como parte da ‘agenda da esquerda’
Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto quer conter o que considera um avanço da Igreja Católica na liderança da oposição ao governo Jair Bolsonaro, no vácuo da derrota e perda de protagonismo dos partidos de esquerda. Na avaliação da equipe do presidente, a Igreja é uma tradicional aliada do PT e está se articulando para influenciar debates antes protagonizados pelo partido no interior do País e nas periferias.


Durante 23 dias, o Vaticano vai discutir a situação da Amazônia e tratar de temas considerados pelo governo brasileiro como uma “agenda da esquerda”.

O debate irá abordar a situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas. “Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí”, disse o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que comanda a contraofensiva.

Com base em documentos que circularam no Planalto, militares do GSI avaliaram que os setores da Igreja aliados a movimentos sociais e partidos de esquerda, integrantes do chamado “clero progressista”, pretenderiam aproveitar o Sínodo para criticar o governo Bolsonaro e obter impacto internacional. “Achamos que isso é interferência em assunto interno do Brasil”, disse Heleno.

Escritórios da Abin em Manaus, Belém, Marabá, no sudoeste paraense (epicentro de conflitos agrários), e Boa Vista (que monitoram a presença de estrangeiros nas terras indígenas ianomâmi e Raposa Serra do Sol) estão sendo mobilizados para acompanhar reuniões preparatórias para o Sínodo em paróquias e dioceses.

O GSI também obteve informações do Comando Militar da Amazônia, com sede em Manaus, e do Comando Militar do Norte, em Belém. Com base nos relatórios de inteligência, o governo federal vai procurar governadores, prefeitos e até autoridades eclesiásticas que mantêm boas relações com os quartéis, especialmente nas regiões de fronteira, para reforçar sua tentativa de neutralizar o Sínodo.

O Estado apurou que o GSI planeja envolver ainda o Itamaraty, para monitorar discussões no exterior, e o Ministério do Meio Ambiente, para detectar a eventual participação de ONGs e ambientalistas. Com pedido de reserva, outro militar da equipe de Bolsonaro afirmou que o Sínodo é contra “toda” a política do governo para a Amazônia – que prega a defesa da “soberania” da região. “O encontro vai servir para recrudescer o discurso ideológico da esquerda”, avaliou ele.

Conexão. Assim que os primeiros comunicados da Abin chegaram ao Planalto, os generais logo fizeram uma conexão com as críticas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Órgãos ligados à CNBB, como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), não economizaram ataques, que continuaram após a eleição e a posse de Bolsonaro na Presidência. Todos eles são aliados históricos do PT. A Pastoral Carcerária, por exemplo, distribuiu nota na semana passada em que critica o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que, como juiz, condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato.

Na campanha, a Pastoral da Terra divulgou relato do bispo André de Witte, da Bahia, que apontou Bolsonaro como um “perigo real”. As redes de apoio a Bolsonaro contra-atacaram espalhando na internet que o papa Francisco era “comunista”. Como resultado, Bolsonaro desistiu de vez da CNBB e investiu incessantemente no apoio dos evangélicos. A princípio, ele queria que o ex-senador e cantor gospel Magno Malta (PR-ES) fosse seu candidato a vice. Eleito, nomeou a pastora Damares Alves, assessora de Malta, para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Histórico. A relação tensa entre militares e Igreja Católica começou ainda em 1964 e se manteve mesmo nos governos de “distensão” dos generais Ernesto Geisel e João Figueiredo, último presidente do ciclo da ditadura. A CNBB manteve relações amistosas com governos democráticos, mas foi classificada pela gestão Fernando Henrique Cardoso como um braço do PT. A entidade criticou a política agrária do governo FHC e a decisão dos tucanos de acabar com o ensino religioso nas escolas públicas.

O governo do ex-presidente Lula, que era próximo de d. Cláudio Hummes, ex-cardeal de São Paulo, foi surpreendido, em 2005, pela greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio. O religioso se opôs à transposição do Rio São Francisco.

Com a chegada de Dilma Rousseff, a relação entre a CNBB e o PT sofreu abalos. A entidade fez uma série de eventos para criticar a presidente, especialmente por questões como aborto e reforma agrária. A CNBB, porém, se opôs ao processo de impeachment, alegando que “enfraqueceria” as instituições.

'Vamos entrar a fundo nisso', afirma Heleno

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno Ribeiro, afirmou que há uma “preocupação” do Planalto com as reuniões e os encontros preparatórios do Sínodo sobre a Amazônia, que ocorrem nos Estados. “Há muito tempo existe influência da Igreja e ONGs na floresta”, disse.

Mais próximo conselheiro do presidente Jair Bolsonaro, Heleno criticou a atuação da Igreja, mas relativizou sua capacidade de causar problemas para o governo. “Não vai trazer problema. O trabalho do governo de neutralizar impactos do encontro vai apenas fortalecer a soberania brasileira e impedir que interesses estranhos acabem prevalecendo na Amazônia”, afirmou. “A questão vai ser objeto de estudo cuidadoso pelo GSI. Vamos entrar a fundo nisso.”

Tanto o ministro Augusto Heleno quanto o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, hoje na assessoria do GSI e no comando do monitoramento do Sínodo, foram comandantes militares em Manaus. O vice-presidente Hamilton Mourão também atuou na região, à frente da 2.ª Brigada de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira.

SÍNODO

O que é?

É o encontro global de bispos no Vaticano para discutir a realidade de índios, ribeirinhos e demais povos da Amazônia, políticas de desenvolvimento dos governos da região, mudanças climáticas e conflitos de terra.

Participantes

Participam 250 bispos.

Cronograma do Sínodo

19 de janeiro de 2019: início simbólico com a visita do papa Francisco a Puerto Maldonado, na selva peruana;

7 a 9 de março: seminário preparatório na Arquidiocese de Manaus;

6 a 29 de outubro: fase final no Vaticano, com missas na Basílica de São Pedro celebradas por Francisco.

Tema do encontro

Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral.

As três diretrizes do evento

“Ver” o clamor dos povos amazônicos;

“Discernir” o Evangelho na floresta. O grito dos índios é semelhante ao grito do povo de Deus no Egito;

“Agir” para a defesa de uma Igreja com “rosto amazônico”


Fonte: Estadão





------------------------------------------------------------


ENQUANTO ISSO...!!!



Líderes religiosos de Colombia y Perú exigen la protección de los bosques tropicales





Julie Mollins

Un llamado hecho por el Papa Francisco hace casi cuatro años para prevenir la destrucción de los bosques tropicales está ganando terreno gracias a la Iniciativa internacional Interreligiosa para los Bosques Tropicales (IRI, por su sigla en inglés).

El pontífice compartió sus preocupaciones sobre el impacto de las actividades humanas sobre el medio ambiente, el clima y los bosques tropicales en un importante documento titulado Laudato Si’ en 2015.

En respuesta, dos años después, en 2017, se lanzó la IRI. Líderes religiosos cristianos, musulmanes, judíos, budistas, hindúes y taoístas hicieron un pacto con los pueblos indígenas para hacer de la protección de los bosques tropicales una prioridad.

El mes pasado, Colombia y Perú se convirtieron en los países más recientes en unirse al grupo, que ya contaba con Brasil, República Democrática del Congo, Indonesia y Mesoamérica entre sus miembros.

Implementado por el Programa de las Naciones Unidas para el Medio Ambiente (ONU Medio Ambiente) con el apoyo del gobierno de Noruega, la IRI abre las puertas para que los líderes religiosos trabajen con los pueblos indígenas, los gobiernos, las empresas y la sociedad civil hacia la protección de las selvas tropicales.

“Con el lanzamiento de la Iniciativa internacional Interreligiosa para los Bosques Tropicales aquí, en Colombia, estamos haciendo que acabar con la deforestación sea una preocupación espiritual de primer orden”, dijo el reverendo Francisco Duque Gómez, presidente del Consejo Interreligioso en Colombia.

Según un monitoreo satelital del World Resources Institute, Colombia, que perdió casi 425,000 hectáreas de cobertura arbórea en 2017, se encuentra entre los 10 primeros países que están experimentando niveles dramáticos de deforestación (la estadística no toma en cuenta la ganancia de cobertura arbórea que podría ocurrir al replantar).

La Amazonía peruana perdió más de 143,000 hectáreas de cobertura forestal en el mismo año, según un análisis reciente de Amazon Conservation.

El Papa Francisco y otros líderes religiosos afirman que reconocen la necesidad de proteger los derechos de los pueblos indígenas, los bosques y las comunidades afrodescendientes.

En Colombia, al menos 68 miembros de comunidades indígenas fueron asesinados y 5.730 personas fueron desplazadas entre noviembre de 2016 y julio de 2018, tiempo después de que se llegara a un acuerdo de paz con las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC), según la Organización Nacional Indígena de Colombia (ONIC).

“La selva amazónica es vital para la supervivencia de la humanidad”, declaró el reverendo Pedro Merino, presidente del Consejo Nacional Evangélico del Perú (CONEP).

“Nuestro objetivo es asociarnos con nuestros hermanos y hermanas indígenas para asegurar que la gente del Perú, todos nosotros, comprendamos y actuemos sobre nuestra responsabilidad de servir como custodios”, dijo.

Por su parte, Tim Christophersen, jefe de la Subdivisión de Agua, Tierras y Clima de ONU Medioambiente dijo: “Es significativo que los líderes religiosos e indígenas de todo el mundo apoyen la protección de los bosques, porque son líderes de opinión en sus comunidades y en sus naciones”.

Cerca de 12 millones de hectáreas de bosques son destruidas en todo el mundo cada año. Junto con la expansión agrícola y otros cambios de uso de la tierra, la deforestación es responsable de una cuarta parte de las emisiones de gases de efecto invernadero, lo que contribuye al calentamiento global, según ONU Medioambiente.

“Hay una creciente conciencia en las diferentes comunidades de fe, bien expresadas, por ejemplo, en la encíclica Laudato Si’, de que la humanidad necesita sanar su relación con la naturaleza”, dijo Christophersen.

“Los principios de las religiones mundiales y la sabiduría de los pueblos indígenas son esenciales para este cambio”, agregó.

Se solicitó que PNUMA proporcione una plataforma libre de sesgos políticos o religiosos donde los países, líderes religiosos, los pueblos indígenas y otras organizaciones de la sociedad civil puedan reunirse, dijo.

La planificación de una importante conferencia que se celebrará en 2020 sobre el futuro de los bosques tropicales está en marcha. Se espera que los delegados debatan argumentos morales y éticos contra la deforestación causada por varias amenazas, incluyendo la tala, la extracción de recursos y la expansión de áreas agrícolas.“Nos centraremos en nuestra preocupación compartida de proteger los bosques y los muchos beneficios que estos pueden brindar a las personas”, dijo Christophersen.


Fonte: Global Landscape Fórum











Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contribua. Deixe aqui a sua crítica, comentário ou complementação ao conteúdo da mensagem postada no Blog do Axel Grael. Obrigado.