segunda-feira, 9 de maio de 2011

Expectativa de derrota do Código Florestal estimula desmatadores


Correntão: método devastador utilizado para desmatar a Amazônia. Foto IBAMA/MT

 

Megadesmatamentos ressurgem em Mato Grosso

Depois de três anos de trégua em desmatamentos acima de 1 mil hectares, o fantasma da destruição massiva da floresta volta a assombrar o Mato Grosso. Isso é o que aponta a análise "Proposta de alteração do Código Florestal provoca corrida ao desmatamento em Mato Grosso", divulgada nesta terça feira pelo Instituto Centro de Vida (ICV). Dados do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) indicavam uma tendência de alta de 22% do desmatamento e de 225% na degradação florestal entre agosto de 2010 e março de 2011. Com base nessas informações, o ICV mapeou o desmate em três municípios do centro-norte do estado - e os resultados são preocupantes.

Em Nova Ubiratã foram identificados 66 novos desmatamentos, total de 37 mil hectares (ha) entre agosto de 2010 e abril deste ano. No mesmo período, Santa Carmem perdeu 9 mil ha de florestas em 24 desmatamentos e Cláudia, por sua vez, perdeu o mesmo número de hectares em 22 novos desmates. Juntos, estes municípios aumentaram em 1.200% a derrubada da floresta. "Esta é uma região de transição entre Cerrado e Amazônia, de grande valor para a conservação da biodiversidade. Enquanto poderíamos dar bons exemplos de conservação, vemos aí desmatamentos deste porte", lamenta Ricardo Abad, coordenador de geotecnologias do ICV e um dos autores da análise.

Conforme informações do ICV e de Paulo Barreto, do Imazon, estes megadesmatamentos têm sido motivados por duas coisas: mudanças propostas pelo deputado Aldo Rebelo para o novo Código Florestal e também devido à lei do zoneamento estadual sancionada em 20 de abril pelo governador do estado, Silval Barbosa, que prevê a possibilidade de regularização ambiental para áreas desmatadas até a data de sua publicação, além de isentar de reserva legal propriedades abaixo de 400 hectares. "A retomada do desmatamento constitui um retrocesso inaceitável e uma demonstração concreta de que a proposta de alteração do Código Florestal atualmente em tramitação no Congresso Nacional é extremamente nefasta, assim como foi a sanção da lei do zoneamento de Mato Grosso", afirma o ICV, em comunicado oficial. "Estas ações criam a expectativa de impunidade - e a última atualização de Rebelo está ainda pior do que a versão anterior", diz Barreto.

Devido ao afastamento de nuvens, a detecção das infrações foi feita, em sua maioria, na região centro-norte - enquanto houver nuvens, haverá a chance de descoberta de mais megadesmatamentos. O maior deles, feito em pequenos fragmentos há pelo menos um ano, chega a ter 10 mil hectares. Ricardo afirma que órgãos de inteligência possivelmente têm feito investigações para descobrir os infratores e que o ICV seguirá em frente com o monitoramento destas áreas por satélite. A reportagem tentou localizar o superintendente do Ibama em Mato Grosso e foi informada de que apenas amanhã o instituto se manifestará sobre o assunto.

Fonte: O Eco Amazônia

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