quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Obrigado, Dona Canô




Uma nota triste no Natal foi a perda da Dona Canô, aos 105 anos. A notícia me fez recordar do episódio que me permitiu conhecer a mãe de Caetano e Bethânia.

Em agosto de 2011, viajei com uma equipe do PROJETO GRAEL pelo interior da Bahia como parte do estudo que realizamos para a implantação de unidades do nosso projeto esportivo e educacional na região do Baixo Sul da Bahia, em parceria com o IDES - Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia, uma organização relacionada à Fundação Odebrecht.

Tínhamos acabado de acompanhar o emocionante espetáculo dos tradicionais saveiros na Regata Aratu-Maragogipe (veja também) e seguíamos para o Baixo Sul da Bahia. Estávamos acompanhados da Liliana Leite, diretora executiva do IDES, quando passamos por Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, conhecida por ser a cidade de Dona Canô e da família Veloso. Como qualquer turista e fã da família Veloso, fomos à casa de Dona Canô para a tradicional foto.

Para nossa surpresa e enorme sorte, Liliana Leite é amiga da família e ao chegarmos ao endereço, nos orientou a ir entrando pela porta da casa, que fica sempre aberta! Constrangidos e mal-acostumados com as manias da cidade grande, pedimos à Liliana que verificasse se podíamos entrar: a resposta dos da casa foi um hospitaleiro "claro que sim".

Passando-se pelos quartos que ficam ao longo do corredor da casa, chegamos à sala da casa e lá encontramos, majestosa e muito simpática, Dona Canô. A mãe dos Veloso, estava sentada diante da televisão, mas prestava atenção mesmo era no caderno cultural de um jornal. Lia e comentava...

Na casa, muito movimento. Entre parentes e amigos, algumas pessoas trabalhavam com aquela deliciosa pressa baiana na preparação dos ingredientes dos pratos que seriam servidos na festa de 104 anos de Dona Canô, que aconteceria em poucos dias. A hospitaleira família Veloso nos ofereceu uma provinha de camarão seco e refresco natural de tamarindo, que acabara de ficar pronto.

Na casa de Dona Canô, todos são bem vindos. Enquanto lá estávamos, vizinhos e afortunados moradores de Santo Amaro entravam pela porta para pedir a benção de Dona Canô.


"PURIFICAR O SUBAÉ..."

Ao me apresentar, falei sobre os planos do Projeto Grael na região e disse que era ambientalista.

Diante da minha afirmação, os familiares me contaram que quando o presidente Lula esteve com Dona Canô, ela pediu-lhe que despoluisse o Rio Subaé, que corta a sua cidade e que hoje agoniza com os problemas da falta de saneamento e, principalmente, pela contaminação por metais pesados, em particular o chumbo e o cádmio, resultado do passivo ambiental de uma antiga mineradora. Vide relatório do CETEM e matéria: "A herança maldita na terra de Caetano e Bethânia".

A influência de Dona Canô mais uma vez rendeu frutos. Fui presenteado com uma cópia do Projeto de Despoluição do Rio Subaé.

Nas matérias na TV, por ocasião de seu falecimento, vi que Dona Canô ao ser perguntada por um repórter sobre qual a sua música preferida dentre as composições de Caetano, respondeu: o hino ecológico "Terra". Em seguida, a sábia e centenária senhora, ainda conectada com o seu tempo, falou da importância de se proteger o meio ambiente.

Resta agora que se faça a vontade de Dona Canô e que o projeto de Despoluição do Subaé saia do papel e se concretize.

Obrigado, Dona Canô. Que a senhora continue abençoando a todos.

Axel Grael

Um comentário:

  1. Q lindo! Q a estrela Cano nos oriente sempre com seus bons exemplos! Q Deus a receba...

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