domingo, 29 de agosto de 2010

Europa repensa a ocupação do seu litoral

Vulnerabilidade costeira da Europa à elevação do nível do mar: a área em vermelho ficaria submersa com uma elevação de apenas 2 metros. A área amarela seria com o mar elevando-se 25 metros. Países como a Holanda, Bélgica e a Dinamarca seria varridos do mapa.

Ocupação da Almeria, na Espanha. Imagem à esquerda representa a área em 1974 e à direita a com a intensa expansão urbana verificada no local já no ano 2000.

A foto acima parece uma cena bem familiar, não é mesmo? Poderia ser em muitas praias brasileiras. Mas, não é. A construção sobre a areia da praia é em La Manga, Castela, Espanha.


Com frequência, o modelo turístico adotado na região costeira da Europa é apontado como um modelo para o Brasil e, com esta bandeira, chegam muitas propostas de investimentos em resorts e outras infraestruturas oferecidas por empresas daqueles países.
O Brasil tem um litoral rico em belezas e atrações e o aproveita muito mal. Nossa costa é quase um deserto em marinas e em serviços turísticos de qualidade. Investimentos em infraestrutura costeira poderiam ser uma importante opção de desenvolvimento para o país, mas é importante que estejamos alerta. A Europa, hoje, vive um processo de revisão da sua política de ocupação do litoral. Metade da população europeia vive próximo ao litoral e, assim como no Brasil, na faixa litorânea concentram-se as zonas urbanizadas, indústrias, além das principais áreas turísticas e de recreação.
A Agência Ambiental Europeia acaba de publicar um estudo sobre o nível de degradação dos ecossistemas e sobre o estado da biodiversidade na Zona Costeira e concluiu que os impactos da erosão, poluição, mudanças climáticas, urbanização e o turismo estão comprometendo não só o meio ambiente, mas também a economia e a qualidade de vida da população. O estudo preocupa-se também com as consequências da elevação do nível do mar e a consequência para o meio ambiente e a população.
A Agência admite que a perda da metade das áreas úmidas costeiras (4.500 km2) devido às alterações climáticas já é quase irreversível.

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Da coluna "Rumo Náutico", de Axel Grael. O Fluminense, 28 de agosto de 2010.

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