segunda-feira, 28 de maio de 2018

Encontrado no Brasil “tataravô” de dinossauros gigantes



Representação esquemática do esqueleto de Bagualosaurus agudoensis; ossos preservados representados em cor mais clara – Ilustração: Flávio Pretto


Nova espécie encontrada no Rio Grande do Sul pode ajudar a traçar origem dos dinossauros herbívoros gigantes

Por Vitória Junqueira

Fóssil encontrado no município de Agudo, Rio Grande do Sul, foi estudado por paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e USP, e pode contribuir para se desvendar o gigantismo dentre os dinossauros herbívoros, segundo o professor Max Langer, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, que participou da descrição da nova espécie.


Representação artística da paisagem na região de Agudo (sul do Brasil), há cerca de 230 milhões de anos (período Triássico). No centro da imagem, uma dupla de Bagualosaurus agudoensis confronta o cinodonte Trucidocynodon riograndensis (canto inferior esquerdo). No canto inferior direito, um Hyperodapedon, réptil herbívoro do grupo dos rincossauros. Ao fundo, um grupo de cinodontes, Exaeretodon riograndensis, observa a cena – Arte: Jorge Blanco.


Nomeada Bagualosaurus agudoensis, viveu no período Triássico, há cerca de 230 milhões de anos, e faz parte da linhagem dos sauropodomorfos – grupo de dinossauros herbívoros, que inclui os maiores dinossauros conhecidos, como, quadrúpedes herbívoros de portes titânicos e pescoços compridos. É a sétima espécie de dinossauros descrita para o Triássico do Rio Grande do Sul e deve ter convivido com quatro outras, Pampadromaeus barberenai, Saturnalia tupiniquim, Buriolestes schultzi e Staurikosaurus pricei. “Além de maior que seus parentes da época, que eram onívoros, o Bagualosaurus apresentava dentes adaptados para se alimentar de plantas. Esse novo hábito alimentar foi crucial para que os sauropodomorfos pudessem atingir grandes tamanhos, como se veria milhões de anos mais tarde” diz Flávio Pretto, da Universidade Federal de Santa Maria, (UFSM), no Rio Grande do Sul, líder do estudo.


Primeiros restos do Bagualosaurus agudoensis como foi encontrado na rocha. Alguns dentes do animal podem ser vistos no centro da imagem – Foto: Cristina Bertoni-Machado


Apesar de não ser um gigante como seus parentes do Jurássico e Cretáceo, o Bagualosaurus era um dinossauro grande para a época. Inclusive, o nome do animal faz alusão a esse aspecto: entre outros usos, “bagual” é um regionalismo gaúcho usado para se referir a um animal grande.


"Entre outros usos, “bagual” é um regionalismo gaúcho usado para se referir a um animal grande".


“Há 230 milhões de anos, quando eles começavam a surgir no planeta, a maior parte dos dinossauros eram animais pequenos, que mal chegavam a 1,5 metros do focinho à ponta da cauda, enquanto o Bagualosaurus ultrapassava os 2,5 metros de comprimento”, relata Pretto.


Foto e reconstrução (partes preservadas representadas em cor mais clara) do crânio e mandíbula de Bagualosaurus agudoensis – Fotografia: Luiz Flávio Lopes – UFRGS / Ilustração: Flávio Pretto


Para Max Langer, dinossauros tão antigos são bastante raros, com esqueletos bem preservados encontrados apenas no sul do Brasil e no noroeste da Argentina. “Quase tudo o que se sabe sobre a aurora dos dinossauros provém desses fósseis sul-americanos”, afirma.

O estudo foi publicado nesta sexta-feira (25) no periódico científico britânico Zoological Journal of the Linnean Society.

Vitória Junqueira, com informações dos pesquisadores







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