quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Lars Grael comenta matéria do portal Terra sobre as mudanças no Ministério do Esporte

Reproduzimos, abaixo, texto postado no site do velejador Lars Grael, onde ele apresenta uma reflexão sobre a transição no Ministério do Esporte e comenta a afirmação da nossa querida amiga Ana Moser, que na gestão de Orlando Silva o esporte "saiu do zero para o razoável".

Axel Grael

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Deu no site do Terra

"Atletas lamentam saída de Orlando Silva do Ministério do Esporte"

Dentro da minha ótica de ex-atleta olímpico (84; 88; 92; 96), velejador (sempre serei), coordenador técnico da equipe olímpica de Vela (2000 e 2004) e ex-Secretário Nacional dos Esportes, faço alguns comentários sobre estas notícias divulgadas no site Terra (ver abaixo).

O fato é que não concordo com a simplificação da lógica que o esporte "saiu do zero para o razoável".

Muitos gestores contribuiram para a construção de uma política e para uma estrutura para o esporte brasileiro. Naturalmente que sempre além do zero e sempre muito aquém do ideal.

Ministros como Pelé; Paulo Renato; Rafael Greca; Carlos Melles, Caio Carvalho e Agnelo Queiroz tiveram cada um há seu tempo e de suas formas, uma contribuição relevante para a contrução desta política.

Outros gestores que não foram Ministros, também tiveram papel de destaque como por exemplo: Prof. Manoel Gomes Tubino, Zico, Bernard Rajzman dentre outros.

Vejamos que Pelé colocou o Esporte na agenda social através do Programa Esporte Solidário (parceria com o Comunidade Solidária da Dª Ruth Cardoso); Projeto Pintando a Liberdade e as Vilas Olímpicas (com enfoque na inclusão social).

Greca ampliou estes programas e incluiu ações como o Projeto Navegar e resgatou os Jogos Indígenas e os JEB´s em parceria com Paulo Renato e o COB através das Olimpíadas Colegiais.

Carlos Melles deu ênfase ao papel constitucional e educacional do Esporte através do Programa Esporte na Escola. Aprovou a lei Agnelo-Piva e a Lei de Importação de Material Olímpico com isenção de impostos. Resgatou o Conselho Nacional do Esporte e Criou a Comissão Nacional de Atletas.

Caio Carvalho organizou os Jogos Sul-Americanos de 2002 e venceu a candidatura do Pan de 2007. Criou o Programa Forças nos Esporte (parceria com as Forças Armadas) e desenvolveu o Estatuto do Torcedor.

Agnelo Queiroz deu maior relevância ao Ministério. Teve a sabedoria de continuar programas bem sucedidos e na fusão de dois programas, gerou o Programa Segundo Tempo. Fez o Forças no Esporte funcionar e transformou o Estatuto do Torcedor em Lei. Aprovou o Bolsa-Atleta. Passou o Ministério para seu secretário Orlando Silva que construiu muito mais ainda, numa longa lista de conquistas.

O problema reside no loteamento político dos cargos e ministérios. Poucas vezes, os gestores federais do esporte atingiram os cargos máximos pelos próprios méritos de suas trajetórias na política esportiva nacional.

Quase sempre, chegaram aos cargos na política do toma lá, dá cá. Na acomodação de impasses político-partidários.

Sarney manteve o esporte irrelevante e submerso no MEC e sem os benefícios da Lei Sarney da Cultura.

Collor deu relevância a Secretaria Nacional dos Esportes e colocou dois craques para contribuirem nesta fase, Zico e Bernard.

Itamar teve pouco tempo e confiou a Secretaria ao ex-Deputado e Presidente do Flamengo Marcio Braga.

FHC jogou no marketing político ao criar um Ministério Extraordinário dos Esportes para o Rei Pelé. Tropeçou com o INDESP, Bingos e contabilizou o então Ministério dos Esportes e Turismo na cota do então PFL. Carlos Melles foi quem mais construiu e chegou a travar luta inglória na tentativa de moralização do Futebol Brasileiro. Muita coisa positiva ficou e que não poderia ser desconsiderada.

Lula deu ao Esporte e ao PCdoB, um ministério específico. Aumentou o orçamento e a estrutura em progressão geométrica e obteve grandes conquistas dentre elas, a sonhada Lei de Incentivo do Esporte. Promoveu o Pan de 2007, e colocou todo seu prestígio na conquista dos Jogos Olímpicos de 2016.

Dilma herda compromissos e acordos políticos. Já organizou no Ministério da Defesa (CDMB), um exemplar Jogos Mundiais Militares. A crise agora é passageira e provavelmente a escolha do novo Ministro, seguirá um critério meramente político partidário.

Que este Ministro tenha compromisso maior com a sociedade brasileira e com o esporte nacional.

Agradeço às gentis palavras do ex-jogador e empresário Gilmar Rinaldi.

Orlando Silva não era oriundo esporte. Era oriundo da UNE e da estrutura do PcdoB. Me substituiu na Secretaria Nacional dos Esportes. Foi o mais longevo gestor público federal do esporte brasileiro (2002/2011), passou a dominar a pasta e prestou relevantes serviços ao esporte nacional.

Não seria leviano em tecer considerações quanto as denúncias amplamente veiculadas na mídia, mas, precisamos reconhecer sua relevância e liderança no hoje consolidado Ministério dos Esportes.

Lars Grael

Do site de Lars Grael


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Matéria no portal Terra.

Atletas lamentam saída de Orlando Silva do Ministério do Esporte
Ana Moser considera que o esporte no
País saiu do "zero" para o "regular" com a gestão
de Orlando Silva. Foto: Celso Akin /AgNews
Atletas lamentaram nesta quarta-feira a demissão de Orlando Silva (PCdoB) da chefia do Ministério do Esporte. A decisão foi tomada nesta tarde, em reunião do ex-ministro com a presidente Dilma Rousseff e com o presidente de seu partido, Renato Rabelo. A ex-jogadora de vôlei Ana Moser e o ex-jogador de futebol Gilmar Rinaldi comentaram o caso por meio de seus perfis no Twitter.

Para Ana Moser, o esporte foi mais debatido e cresceu, saindo "do zero para o razoável" a partir da gestão de Orlando Silva. Já Gilmar Rinaldi classificou o ex-ministro como "uma luz para os desportistas de todo o País". Ele também sugeriu que o ex-velejador Lars Grael poderia ser o novo ministro do Esporte.

"Minha experiência com políticas públicas de esporte começou em 2000 e segue até hoje. (...) Nesses anos, vi o País avançar, participei de vários fóruns, encontros, conferências. O Brasil do esporte ampliou, aumentou a visibilidade. Se debateu mais, aumentaram as fontes de financiamento para ações de esporte. Concentrou no rendimento, mas também criou outras frentes. Ainda há muito a avançar, mas reconheço o trabalho de Orlando Silva e equipe. Que o próximo siga avançando", publicou a ex-jogadora em uma série de tweets.

Rinaldi demonstrou preocupação com o sucessor de Silva. "Quem vai pro lugar dele? Vão escolher alguém com capacidade técnica ou ocupar politicamente o cargo? O ministro Orlando Silva era uma luz para os desportistas de todo o País, pena que este trabalho não possa continuar, sem mérito da questão. Não podemos esquecer que a pessoa que ocupará este cargo vai nos representar perante o mundo todo. Acorda, gente, a Copa do mundo é aqui", postou.

Afirmando não entender de política, Rinaldi ressaltou que "o momento é delicado". "Podemos jogar fora uma esperança de mudar o destino de nossas crianças, que não tem nada a ver com política", escreveu, em alerta para mudanças pelas quais o esporte vinha passando e que ele considera positivas. O ex-jogador não deixou de sugerir um nome para a pasta. "Não sei de que partido é, mas na parte técnica tenho certeza de que Lars Grael seria um bom nome, e esse é serio, isso eu garanto", defendeu.

Orlando Silva pede demissão do Ministério do Esporte

Orlando Silva (PCdoB) pediu demissão do Ministério do Esporte no dia 26 de outubro, após reunião com a presidente Dilma Rousseff e o presidente do seu partido, Renato Rabelo. Silva não resistiu à pressão para que deixasse o cargo após denúncias de fraudes em contratos entre a pasta e organizações não-governamentais (ONGs). Sexto ministro de Dilma a cair ainda no primeiro ano de governo, Silva foi apontado por uma reportagem da revista Veja de outubro como o líder de um esquema de corrupção que pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. Na falta de um nome definitivo indicado pela presidente, o secretário-executivo da pasta, Waldemar de Souza, também do PCdoB, assumiu a chefia no ministério interinamente.

Segundo o delator do suposto esquema, o policial militar e militante do PCdoB João Dias Ferreira, ONGs recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Orlando teria recebido, dentro da garagem do ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes dos desvios que envolveriam o programa Segundo Tempo - iniciativa de promoção de práticas esportivas voltada a jovens expostos a riscos sociais.

Ferreira foi um dos cinco presos em 2010 durante a Operação Shaolin, que apontou diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades. Por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, ele firmou dois convênios com a pasta, em 2005 e 2006. Antes de pedir demissão, Silva exigia a Ferreira a devolução do dinheiro repassado. No dia 17 de outubro, o então ministro protocolou um pedido para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigasse as denúncias.

No dia 19 de outubro, o jornal O Estado de S.Paulo publicou reportagem que afirmava que a pasta prorrogara até agosto de 2012 um convênio de R$ 911 mil do programa Segundo Tempo com uma entidade de fachada que, apesar de ter assinado o contrato em dezembro de 2009, jamais executou o projeto no entorno do Distrito Federal. O jornal ainda acusou a mulher de Orlando Silva, Ana Petta, de ter recebido recursos públicos de uma ONG de filiados do PCdoB. Petta teria utilizado sua empresa de produção cultural, a Hermana, para assinar contrato com ONG Via BR, que havia recebido R$ 278,9 mil em novembro de 2010.

No dia 24, Ferreira prestou depoimento à PF, no qual afirmou que pelo menos 20 ONGs estariam dispostas a delatar o suposto esquema. Ele entregou 13 áudios, um celular e mídias que comprovariam os desvios. Segundo o PM, no entanto, nenhum continha a voz de Silva, assim como nenhuma das provas o atingia diretamente. No dia seguinte, o Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou a abertura de inquérito para investigar o caso. De acordo com o advogado de Silva, foi o próprio ex-ministro quem pediu a investigação, mas ele teve que abrir mão do cargo após o governo avaliar que não poderia mantê-lo sendo investigado pela mais alta corte do País.

Fonte: Terra

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