Influência das ilhas de calor na precipitação da cidade de São Paulo. Fonte da ilustração. |
Os fortes temporais ocorridos ao longo do mês de janeiro na cidade de São Paulo estão diretamente ligados ao fenômeno conhecido como ilha de calor. Segundo o meteorologista Fabrício Daniel dos Santos, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a grande quantidade de chuvas no início do ano mostra uma discrepância entre o clima na capital e no restante do estado.
O janeiro deste ano foi o mais chuvoso desde 1943, quando o Inmet começou a fazer as medições. Em cidades do interior como Franca e Presidente Prudente, no entanto, a chuva ficou abaixo da média histórica, de acordo com Santos. Mesmo nos locais onde o índice pluviométrico excedeu a média para o mês, ficou próximo ao esperado para a época do ano.
A diferença da capital para o restante do estado está na grande aglomeração urbana que concentra fontes e receptores de energia. “A ilha de calor é muito bem caracterizada na cidade”, ressalta o meteorologista.
O professor do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo Edmilson Dias de Freitas explica que o acúmulo de calor causado pelas grande quantidade de edificações e a impermeabilização do solo, além do uso de equipamentos como ar-condicionado e automóveis, ampliam a corrente que leva o vapor de água para a atmosfera. Esse processo acaba por criar nuvens maiores do que o normal. “Quanto mais intensa a corrente ascendente que leva a água lá para cima, mais desenvolvimento vertical essa nuvem vai ter.”
Essas grandes nuvens dão origem a tempestades que descarregam em um curto espaço de tempo a precipitação que demoraria várias horas ou até alguns dias para voltar à terra. “O fato é que chove a mesma coisa em um número menor de vezes”, explica o professor. Com isso, a cidade vai adquirindo uma espécie de clima próprio, “muito particular”, acrescenta Freitas.
São Paulo “é a capital brasileira que tem a maior tendência para eventos extremos, principalmente precipitações”, afirma Fabrício dos Santos com base nas observações feitas em todo o país pelo Inmet. Isso deve piorar com o acirramento das mudanças climáticas nos próximos anos. “É uma cidade típica que vai estar sofrendo mais por conta do aquecimento [global].”
Isso porque a magnitude da ilha de calor está diretamente ligada ao tamanho da cidade, explica Freitas. Segundo ele, é possível amenizar o fenômeno com ações que reduzam a absorção de energia pela metrópole. Entre elas, o professor aponta o aumento das áreas de vegetação e utilização de calçamentos mais permeáveis, no sentido de “permitir que o solo receba mais água, transpire essa água e receba menos quantidade de energia”. Além disso, ajudaria reduzir a circulação de automóveis, principalmente nos horários de pico.
Reportagem de Daniel Mello, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 04/02/2011
Para saber sobre "ilhas de calor" no Rio de Janeiro, leia outras informações do Blog acessando aqui.
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OPINIÃO:
Conservar florestas e a arborização urbana são medidas indispensáveis para mitigar o efeito das "Ilhas de Calor", que contribuem para as tragédias nas cidades como as cheias de São Paulo e as chuvas concentradas na Região Serrana do RJ.A preocupação e o cuidado com o microclima das cidades ainda não é devidamente abordado na legislação, nas políticas públicas e nem no trabalho dos urbanistas e outros planejadores das cidades brasileiras. Continuamos privilegiando políticas de expansão urbana, de conurgação, a supressão de áreas verdes e espaços urbanos "vazios" que são facilmente vistos por especuladores e dirigentes públicos como áreas disponíveis para a implantação de mais edificações.Um bom exemplo a ser seguido é a experiência de Berlim, Alemanha, que estabeleceu uma legislação conhecida como Fator de Biótopo, que promove e incentiva com vantagens econômicas a criação de telhados verdes. Telhados verdes são técnicas que substituem lajes e telhados por um jardim ou cobertura vegetal rústica, diminuindo o acúmulo de calor e a reflexão da radiação solar, evitando o aquecimento do ambiente.Enfim, como vemos na matéria acima, gerir o calor da cidade não é apenas uma questão de conforto para os seus moradores. É bom pensar também que cidades mais quentes causam os seguintes problemas:Axel Grael
O CALOR MATA E DESTROI NA CIDADE: o calor promove uma maior incidência de catástrofes como verificamos recentemente (janeiro de 2011) em São Paulo e na Região Serrana do RJ. O CALOR SOBRECARREGA A REDE: o aquecimento das cidades aumenta o consumo de energia, causando os apagões que temos verificado nos últimos dias na cidade quando o calor aumena muito. O CALOR DESMATA: o aumento da demanda de energia serve de argumento para aqueles que querem nos empurrar goela abaixo as "Belo Montes da vida". Ou seja, como o governo tem anunciado que as próximas opções significativas de geração de energia hidrelétrica no Brasil serão na Amazônia, podemos depreender que quanto mais calor no Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades, mais teremos estímulos para o desmatamento da Amazônia. O CALOR CUSTA CARO: cidades mais quentes custam caro ao bolso do cidadão. A refrigeração dos ambientes residenciais, comerciais e locais de trabalho aumentam significativamente o valor das contas de luz. O CALOR AUMENTA A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA: veículos com o ar condicionado ligado gastam mais combustíveis e emitem mais gases para a atmosfera.
É um problema decorrente do modelo de uso e ocupação do solo vigente. São Paulo está sofrendo as conseqüências de um processo de urbanização com altas taxas de impermeabilização do solo. Estudos indicam a relação entre essas taxas e a formação de ilhas de calor. Em uma análise bem simples temos a seguinte situação: Mais impermeabilização do solo produz ilhas de calor que aumentam a quantidade de chuvas concentradas nestas áreas que perderam a capacidade de infiltrar água no solo. Por isso tantas enchentes e inundações. Os rios não conseguem escoar esse grande volume de água e transbordam.
ResponderExcluirNo Rio de Janeiro, cujo clima local sofre interferência da geografia, devemos atentar para as conseqüências desse processo de urbanização. Não faltam instrumentos de planejamento e gestão que orientam o uso e ocupação do solo. As “áreas verdes” faixas marginais de proteção dos rios, por exemplo, têm importância fundamental na dinâmica de escoamento das águas e precisa receber uma atenção especial.
Aprender a partir de outras experiências, planejar e prevenir!
Dois links sobre o tema:
http://www.apolo11.com/clima.php?titulo=Bairros_com_alta_impermeabilizacao_registraram_mais_chuva_em_2009&posic=dat_20100119-100208.inc
http://www.apolo11.com/mudancas_climaticas.php?titulo=Inpe_Calor_e_enchentes_vao_aumentar_em_SP_ate_o_fim_do_seculo&posic=dat_20100617-100825.inc