Niterói trabalha na vanguarda da proteção ambiental no Brasil
Ambientalista e ex-prefeito Axel Grael, atual conselheiro estratégico para temas ambientais da Prefeitura de Niterói, fala sobre a evolução da cidade no setor, a COP 30 e acordos internacionais
Niterói - Um dos nomes nacionais e internacionais mais fortes e históricos do ambientalismo, Axel Grael teve a sorte de ser vice-prefeito e prefeito da cidade que escolheu para viver. Tanta experiência o levou a ocupar, atualmente, a posição de conselheiro estratégico para temas ambientais da Prefeitura de Niterói, na terceira gestão do Prefeito Rodrigo Neves. Um momento bom e desafiador, com a aproximação da data de realização da conferência mundial COP 30 no Brasil, em Belém. Em entrevista exclusiva ao O DIA Niterói, Axel Grael falou sobre os avanços do município no clima e nas ações estratégicas para o setor.
Grael realizou, em sua gestão, a implementação do projeto NitBike, responsável por instalar pontos de bicicleta na cidade para acesso gratuito durante uma hora com aplicativo proprietário do município; criou a SECLIMA (primeira secretaria do clima de um município no Brasil) sem aumento de encargos; e ainda concluiu a primeira etapa do Projeto Parque Orla, na Região Oceânica da cidade. Com realizações comprovadas e décadas de experiências e atualizações no tema, Axel Grael estará na conferência mundial COP 30 e, através de sua participação, mostrará que Niterói é uma cidade brasileira que trabalha na vanguarda do clima e da proteção ambiental.
O QUE É A COP 30? - A menos de cem dias da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro em Belém, muita gente ainda não sabe o que isso significa e sua devida importância. A COP se refere ao termo em inglês Conferece of Parties, ou Conferência das Partes. É um evento anual que reúne representantes de diversos países, além de cientistas, sociedade civil e empresas privadas. É uma caminhada coletiva e plural, quando governos de várias partes do mundo poderão dialogar sobre os caminhos da Amazônia. Desta vez, dentro da própria Amazônia.“Por um lado há uma grande expectativa em torno da COP 30, porque o mundo se reúne anualmente para tentar reduzir os níveis de risco das mudanças climáticas inevitáveis. Chefes de Estados, diplomatas, cientistas se reúnem, mas avançamos muito pouco. Em Paris, há dez anos, os países apresentaram suas NDCs - que são os documentos que mostram o compromisso do país com a questão climática. Os países tomam compromissos para mitigação dos efeitos, mas nenhum país cumpriu. A pauta principal é a renovação das NDCs, e a COP 30 em um momento político complicado. O Trump sabota a agenda do clima, faz o que pode para sabotar o tema. Temos a guerra na Europa, na África, conflitos na Ásia, um momento delicado em relação à paz. Uma das exigências de Trump para a Europa é investimento em armas, então os recursos estão indo para a indústria armamentista”, disse Axel. “Apesar de Trump ter vindo com mais ataques nesta segunda gestão, o mundo já aprendeu a lidar com ele. Ele retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, mas aí o Governador da Califórnia - vale lembrar que a Califórnia, se fosse um país, seria a quarta economia do mundo - se reuniu com outras cidades e estados americanos e resolveu bancar”, explicou Axel.
O QUE SE BUSCA NESSES ENCONTROS -- caminhada que se iniciou no Brasil, com a Eco 92, no Aterro do Flamengo, em 1992 -- é encontrar soluções e definir metas para enfrentar a crise climática global. No Brasil, devido aos preços locais das hospedagens, o governo federal contratou navios para servir como hotéis flutuantes durante a COP 30. Serão mais 6 mil leitos para receber os visitantes esperados em um evento fundamental para estimular os países desenvolvidos a financiar ações climáticas nos países menos desenvolvidos. As COPs são o principal espaço de negociação e decisão sobre o clima no mundo, com a participação de quase 200 países. Ao longo desses 30 anos, foram firmados acordos importantes como o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris. As COPs também pressionaram a criação de instrumentos concretos como o Fundo Verde para o Clima. Segundo disse à imprensa recentemente o presidente Lula, está será a maior COP com participação da sociedade civil entre as já realizadas.
DE ECOLOGISTA A AMBIENTALISTA -- O ambientalismo é um movimento social e filosófico que busca a proteção e a preservação do meio ambiente. Ele engloba diversas correntes de pensamento e ações que visam promover a sustentabilidade e a harmonia entre a sociedade e a natureza. No início da jornada de defesa ao meio ambiente no país, era chamado de ecologista aquela pessoa que navegasse nas águas do setor. Na década de 1970, Axel iniciou suas atividades como ambientalista ao criar o Movimento de Resistência Ecológica (MORE), organização pioneira que liderou iniciativas em defesa da Baía de Guanabara e realizou a campanha que resultou na criação do Parque Estadual da Serra da Tiririca. Axel Schmidt Grael é, então, alguém que sempre militou pela causa.
Axel Grael: temas sensíveis relacionados ao clima e ao meio ambiente em geral estarão na COP 30, em Belém. Divulgação |
Niterói - Um dos nomes nacionais e internacionais mais fortes e históricos do ambientalismo, Axel Grael teve a sorte de ser vice-prefeito e prefeito da cidade que escolheu para viver. Tanta experiência o levou a ocupar, atualmente, a posição de conselheiro estratégico para temas ambientais da Prefeitura de Niterói, na terceira gestão do Prefeito Rodrigo Neves. Um momento bom e desafiador, com a aproximação da data de realização da conferência mundial COP 30 no Brasil, em Belém. Em entrevista exclusiva ao O DIA Niterói, Axel Grael falou sobre os avanços do município no clima e nas ações estratégicas para o setor.
Grael realizou, em sua gestão, a implementação do projeto NitBike, responsável por instalar pontos de bicicleta na cidade para acesso gratuito durante uma hora com aplicativo proprietário do município; criou a SECLIMA (primeira secretaria do clima de um município no Brasil) sem aumento de encargos; e ainda concluiu a primeira etapa do Projeto Parque Orla, na Região Oceânica da cidade. Com realizações comprovadas e décadas de experiências e atualizações no tema, Axel Grael estará na conferência mundial COP 30 e, através de sua participação, mostrará que Niterói é uma cidade brasileira que trabalha na vanguarda do clima e da proteção ambiental.
O QUE É A COP 30? - A menos de cem dias da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro em Belém, muita gente ainda não sabe o que isso significa e sua devida importância. A COP se refere ao termo em inglês Conferece of Parties, ou Conferência das Partes. É um evento anual que reúne representantes de diversos países, além de cientistas, sociedade civil e empresas privadas. É uma caminhada coletiva e plural, quando governos de várias partes do mundo poderão dialogar sobre os caminhos da Amazônia. Desta vez, dentro da própria Amazônia.“Por um lado há uma grande expectativa em torno da COP 30, porque o mundo se reúne anualmente para tentar reduzir os níveis de risco das mudanças climáticas inevitáveis. Chefes de Estados, diplomatas, cientistas se reúnem, mas avançamos muito pouco. Em Paris, há dez anos, os países apresentaram suas NDCs - que são os documentos que mostram o compromisso do país com a questão climática. Os países tomam compromissos para mitigação dos efeitos, mas nenhum país cumpriu. A pauta principal é a renovação das NDCs, e a COP 30 em um momento político complicado. O Trump sabota a agenda do clima, faz o que pode para sabotar o tema. Temos a guerra na Europa, na África, conflitos na Ásia, um momento delicado em relação à paz. Uma das exigências de Trump para a Europa é investimento em armas, então os recursos estão indo para a indústria armamentista”, disse Axel. “Apesar de Trump ter vindo com mais ataques nesta segunda gestão, o mundo já aprendeu a lidar com ele. Ele retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, mas aí o Governador da Califórnia - vale lembrar que a Califórnia, se fosse um país, seria a quarta economia do mundo - se reuniu com outras cidades e estados americanos e resolveu bancar”, explicou Axel.
O QUE SE BUSCA NESSES ENCONTROS -- caminhada que se iniciou no Brasil, com a Eco 92, no Aterro do Flamengo, em 1992 -- é encontrar soluções e definir metas para enfrentar a crise climática global. No Brasil, devido aos preços locais das hospedagens, o governo federal contratou navios para servir como hotéis flutuantes durante a COP 30. Serão mais 6 mil leitos para receber os visitantes esperados em um evento fundamental para estimular os países desenvolvidos a financiar ações climáticas nos países menos desenvolvidos. As COPs são o principal espaço de negociação e decisão sobre o clima no mundo, com a participação de quase 200 países. Ao longo desses 30 anos, foram firmados acordos importantes como o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris. As COPs também pressionaram a criação de instrumentos concretos como o Fundo Verde para o Clima. Segundo disse à imprensa recentemente o presidente Lula, está será a maior COP com participação da sociedade civil entre as já realizadas.
DE ECOLOGISTA A AMBIENTALISTA -- O ambientalismo é um movimento social e filosófico que busca a proteção e a preservação do meio ambiente. Ele engloba diversas correntes de pensamento e ações que visam promover a sustentabilidade e a harmonia entre a sociedade e a natureza. No início da jornada de defesa ao meio ambiente no país, era chamado de ecologista aquela pessoa que navegasse nas águas do setor. Na década de 1970, Axel iniciou suas atividades como ambientalista ao criar o Movimento de Resistência Ecológica (MORE), organização pioneira que liderou iniciativas em defesa da Baía de Guanabara e realizou a campanha que resultou na criação do Parque Estadual da Serra da Tiririca. Axel Schmidt Grael é, então, alguém que sempre militou pela causa.
Engenheiro florestal, ambientalista, velejador e político brasileiro, filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), foi prefeito de Niterói entre 2021 e 2024. Anteriormente atuou como vice-prefeito, secretário municipal Executivo e de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão na mesma cidade. Hoje em dia é conselheiro estratégico para temas ambientais da Prefeitura de Niterói.
Axel possui raízes em Niterói desde a chegada do avô, Preben Tage Axel Schmidt, em 1924, oriundo da Dinamarca. Sobrinho dos velejadores Erik Oluf Preben Schmidt e Axel Frederik Preben Schmidt, filho de Ingrid Schmidt e do coronel Dickson Melges Grael, irmão dos medalhistas Olímpicos Torben Grael e Lars Grael, casado com Christa Vogel Grael e tio da também medalhista Martine Grael e de Marco Grael.
O EXEMPLO DE PARIS - Axel Grael prevê avanços no setor, apesar das dificuldades destas três últimas décadas. "Existem casos recentes que são emblemáticos da tendência de transformação das ruas em espaços verdes, dedicados às pessoas e de prioridade para o lazer. É o caso de Paris, que desde 2020, já fechou mais de trezentas ruas para o automóvel, abrindo espaço para pedestres, ciclistas e áreas verdes. A prefeita Anne Hidalgo defende a ideia de uma cidade bioclimática, com plantas emergindo do teto dos prédios e nas praças públicas. Numa segunda etapa, realizou-se uma consulta pública que decidiu ir além e fechar 500 ruas ao trânsito de automóveis, transformá-las em áreas verdes arborizadas e permeáveis, como parte do Plano Climático 2024-2030. Paris substituirá 60 mil vagas de estacionamento por espaços verdes, para pedestres e ciclovias, e também anunciou a implantação de 300 hectares de florestas urbanas até 2030, sendo que 10% já estará implantado até 2026. A ideia geral é que a requalificação do espaço público aconteça numa proporção de 2/3 de áreas de calçadas e pavimentadas para 1/3 de áreas plantadas. Cada rua terá um orçamento médio de 500 mil euros", disse Grael. "É este conceito que estimula criar oportunidades para o lazer nos espaços públicos para que a população se aproprie da sua cidade. Em Niterói perseguimos esse objetivo e construímos espaços e áreas verdes, como é o caso do Parque Orla de Piratininga Alfredo Sirkis - POP".
AÇÃO CLIMÁTICA A PARTIR DOS ESTADOS NACIONAIS - No último dia 23 de julho, a Corte Internacional de Justiça - CIJ, mais alto e importante tribunal da ONU, com sede em Haia, na Holanda, apresentou um Parecer Consultivo intitulado Obligations of States in Respect of Climate Change. O acionamento da Corte foi determinado pela Assembleia Geral da ONU, em 2023. A iniciativa foi provocada por uma campanha de Vanuatu, um país insular no Oceano Pacífico, ameaçado de desaparecer pela elevação do nível do mar, assim como diversas outras ilhas em situação similar. A consulta da Assembleia Geral da ONU à CIJ continha duas perguntas principais: Quais são as obrigações dos Estados, segundo o direito internacional, para proteger o clima das emissões de gases de efeito estufa? Quais são as consequências legais para os países que, ao poluir, prejudicam o sistema climático global?
"O documento histórico, reconheceu a ameaça urgente e existencial representada pelas mudanças climáticas e estabeleceu que os acordos internacionais sobre mudanças climáticas são obrigações vinculativas. Portanto, a decisão obriga juridicamente os estados nacionais signatários dos tratados e convenções e suas deliberações a cumprir os seus compromissos. A CIJ cita como exemplos de acordos internacionais que estabelecem essas obrigações os seguintes: Acordo de Paris, Protocolo de Quioto, Convenção do Mar, Protocolo de Montreal e Convenção da Biodiversidade", explicou Grael, em seu Blog https://axelgrael.blogspot.com/
"Não são poucos os desafios da COP30, considerando a conjuntura política global muito desfavorável. A sabotagem do governo negacionista de Trump, as guerras que provocam o crescimento dos gastos com armamentos, a posição hesitante das nações em cumprir o principal objetivo da COP30 (atualização das NDCs). Apenas 25 países apresentaram as novas NDCs até agora! Temos acompanhado o grande esforço da presidência da COP30, que conta com o presidente designado embaixador André Corrêa do Lago e a diretora-executiva Ana Toni, em cobrar uma maior ambição dos países em Belém, pautando o tema da Implementação como o grande mote da Conferência. Sem dúvida, a decisão da Corte Internacional de Justiça, às vésperas da COP30, ajuda a pressionar os chefes de estado, delegados e negociadores a sair do imobilismo que nos encontramos há três décadas e ajuda a contrapor as atuais dificuldades conjunturais. Temos uma grande chance de fortalecer o multilateralismo, tão atacado ultimamente", concluiu Axel Grael, que esteve recentemente na Alemanha.
PL DA DEVASTAÇÃO - Axel também falou sobre as informações a respeito da PL da Devastação, que retira direitos ambientais já conquistados. "Na madrugada da quinta-feira, 17 de julho, ironicamente o Dia Internacional da Proteção Florestal, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) 2159/2021, que institui a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, ignorando os alertas e manifestações contrárias de ambientalistas, cientistas, especialistas, artistas, empresários, igrejas, lideranças e várias entidades da sociedade civil. Por seus graves defeitos e retrocessos, o projeto passou a ser denunciado como o PL da Devastação", comentou ele.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o projeto, com 63 vetos na última sexta-feira.
Fonte: O Dia
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O meu agradecimento ao jornalista Leonardo Rivera, niteroiense, especializado em cultura e música e um grande apoiador das causas ambientais. Nos conhecemos desde a época do Movimento de Resistência Ecológica - MORE, uma organização pioneira do movimento ambientalista em Niterói e no RJ. O MORE foi fundado por mim, em 1980, época que o termo "ambientalista" ainda era pouco usado (éramos chamados de ecologistas) e o termo "sustentabilidade" (com o significado atual) ainda não existia: surgiu com a publicação pela ONU, em 1987, de "Nosso Futuro Comum", que ficou conhecido como "Relatório Brundtland", pois foi coordenado pela ex-primeira ministra da Noruega, Gro Brundtland. No texto de Rivera, 45 anos passaram rápido e se mistura com as preocupações dos dias atuais. Em poucas palavras, o jornalista conseguiu expressar aqui essa trajetória.Sou sempre muito grato também pelo texto que ele publicou na sua coluna: Coluna Leonardo Rivera: "Um agradecimento ao ser humano Axel Grael"Obrigado, Leo.
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