O A Seguir é um dos mais qualificados representantes da mídia de Niterói e tem prestado uma valiosa contribuição à cidade, com o olhar atento e, muitas vezes critico, o que também nos ajuda a acertar cada vez mais.
Axel Grael
Prefeito de Niterói
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Prefeito faz um balanço de sua gestão, que enfrentou a Covid, a retração da economia e termina com a entrega de obras que mudam a cara da cidade
A sensação é de dever cumprido. O prefeito Axel Grael se ajeita para a entrevista e a visão do gabinete dá a dimensão do tamanho da tarefa realizada nos últimos quatro anos: dali é possível monitorar pelas câmeras o que acontece em Niterói. Também há gráficos com os principais indicadores da cidade. Há gente entrando e saindo o tempo todo, o movimento é grande. Mas não há pastas e papéis espalhados, tudo parece no lugar, organizado como os planos que o prefeito gosta de estruturar para o desenvolvimento do município.
-Niterói é uma cidade que demanda muito, infraestrutura, serviços, cultura. Existe sempre uma demanda nova, as pessoas participam, cobram e querem participar da solução dos problemas. Mas é melhor assim, seria muito ruim se as pessoas fossem apáticas. É isso que faz de Niterói uma cidade viva, vibrante – comenta o prefeito.
A lista de realizações é grande: o projeto de recuperação da economia depois da Covid, o saneamento da Região Oceânica, reforma de hospitais, construção de escolas, recuperação de patrimônio histórico, como a Boa Viagem, a estação Cantareira, o Castelinho, a Casa Norival de Freitas, a reurbanização do Centro, as ciclovias e o Parque Orla de Piratininga – projeto antigo dos tempos de militância como engenheiro ambiental, baseado em soluções sustentáveis… Axel imprimiu sua marca na gestão da cidade.
Para alguém de perfil técnico, ele conseguiu o que todo político aspira no fim da sua gestão: eleger o sucessor. Recebeu o governo de Rodrigo Neves e devolve ao companheiro de jornada dos últimos 12 anos, na primeira eleição em que a extrema direita bolsonarista se organizou para disputar a prefeitura. Niterói segue sendo, ao lado de Maricá, dos raros redutos que não se deixaram tomar de assalto pelo populismo da extrema direita. Além disso, deixa o governo com as contas em dia e projeto para o futuro, como a construção do VLT.
Planos para o futuro? “Vamos ver” – faz mistério. “Há algumas propostas na mesa.” Não diz mais. Mas já tomou a decisão de ser candidato a deputado federal em 2026.
Como funcionou o plano da economia?
Nesses quatro anos de governo alguns projetos importantes foram tocados e alguns têm um impacto muito grande na paisagem da cidade, né? Acho que o Centro é uma dessas obras, não?
– A gente já tinha uma carteira de projetos na Região Oceânica, na região de Pendotiba, muita frente de obra, inclusive obras de saneamento. Na região Norte, nós tínhamos umas intervenções importantes, também, mas o Centro da cidade foi aonde a gente fez a maior aposta. A mudança da Visconde do Rio Branco é sensível, do mercado de peixe até o Forte do Gragoatá. Fizemos ali na Concha Acústica o parque esportivo de Niterói. Do outro lado da rua, tem o complexo de atletismo Aída dos Santos, que é da UFF, mas nos propusemos a fazer a reforma, porque acho que isso no conjunto de intervenções ali do Centro era importante. Tem o Mercado Municipal, a Cantareira, que é uma obra muito significativa, que vai ser destinada à Economia Criativa, e fizemos a casa Norival de Freitas, que está belíssima, o Castelinho do Gragoatá,.. E deixamos a licitação da Amaral Peixoto pronta.
A obra começa logo?
– Bom, aí é com o próximo prefeito (risos), mas a licitação está pronta, os recursos estão destinados e acredito que é uma obra prioritária pra cidade. A Amaral Peixoto vai ficar linda, porque ela vai ter arborização, ela vai ter tratamento paisagístico. Hoje é muito árida, né?
Dos projetos que o sr. tocou na sua gestão eu imagino que o parque da Orla de Piratininga tem um valor especial…
– É, o Parque Orla é uma coisa que que eu sonho desde a época de militância ambientalista, né? Desde a década de 80.
Faz parte de uma estratégia de recuperação das lagoas. Então, ele tá muito bacana, é um projeto premiado internacionalmente, um projeto que hoje tem sido, inclusive, muito estudado. É a maior aposta do Brasil e uma das maiores do mundo baseada em soluções criadas na natureza. É um conjunto de técnicas sustentáveis, né? E é uma projeto que não vem sozinho, vem junto com outras ações, como todos os avanços que nós tivemos da agenda da bicicleta, que também é uma coisa que me dá muito orgulho.
Neste ponto, quando fala de orgulho, Axel exibe mais fortemente a relação que tem com a cidade em que vive. Gosta de andar de bicicleta, circula pela cidade, frequenta os mais diversos endereços de Niterói. Fez a vida na cidade, embora o trabalho o tenha levado a percorrer boa parte do mundo e a se relacionar em outras frentes, no Rio, Brasília … Niterói é uma escolha. E fala com entusiasmo da contribuição que pode dar para preservar o patrimônio cultural da cidade, do italianinho, ao Caneco do Mário.
– Acho que fizemos intervenções importantes em relação ao patrimônio histórico e cultural da cidade, né? O resgate do Cinema Icaraí, a Cantareira, o Mercado Municipal… A Ilha da Boa Viagem hoje é um centro cultural que conta a história da cidade. E tem o Centro Cultural do Fonseca, lá na Alameda… São as intervenções que estruturam a vida da cidade, né? Niterói hoje tem cultura e projetos de turismo. E tem um conjunto de intervenções nas comunidades, nós temos aí 12 grandes intervenções de infraestrutura e equipamentos comunitários nas comunidades.
Problemas
O tempo começa a ficar curto para a entrevista. Os assessores sinalizam que está na hora da diplomação do prefeito eleito Rodrigo Neves e dos vereadores, na Câmara Municipal, ao lado da prefeitura. Ainda tenho algumas perguntas que escolho não fazer, porque o prefeito já respondeu, em outras ocasiões, como a questão da Emusa, que teve que reduzir seu quadro de colabores comissionados, depois que a Justiça apontou irregularidades. Na época, explicou que, quando o Ministério Público considerou impróprias as contratações, a prefeitura se ajustou às exigências judiciais. Mas não posso deixar de falar de Saúde e Educação, duas áreas nas quais o desempenho do município ficou abaixo do que podia se esperar em uma cidade como o IDH e orçamento de Niterói.
O que o sr. acha que nesses quatro anos não deu para fazer, que ficou abaixo do esperado?
– O o que não deu para fazer foi a Alameda, a obra da Alameda a gente chegou a licitar mas deu problema na licitação e está tudo prontinho para a próxima gestão…
Falo da Educação, por exemplo, que foi um ponto muito criticado pelos resultados do Ideb…
– Na Educação a gente avançou. Foram cinco novas escolas e avançamos muito na parte pedagógica. Resolvemos o problema do déficit de vagas. Na verdade, todas as cidades passaram por isso também, porque houve uma migração da classe média para rede de publica de educação, o que é uma boa notícia para rede de educação. Nós climatizamos as escolas: a gente tinha 15% de climatização, agora estamos chegando a 100%. Só falta uma escola e que agora, já nessas férias, se resolve. E ampliamos o Aprendiz Musical, que é um programa que funciona nas escolas. A criança tem o contato com a música e os instrumentos musicais. O programa passou de 2 mil para 10 mil participantes, e construímos a sede do Projeto Aprendiz lá no Fonseca.
(não era bem o foco da pergunta, mas passamos a outro assunto: Saúde) A ministra da Saúde Nísia Trindade esteve em Niterói na inauguração do novo prédio da Escola de Medicina da UFF e, na sua fala, parece que mandou um recardo para Niterói melhorar a questão da demora para a marcação de consultas, uma questão que é frequentemente criticada.
– Não foi bem assim, houve uma interpretação errada. Na verdade, a ministra ofereceu a possibilidade de implantar aqui em Niterói uma política do ministério, porque a cidade tem boas condições para fazer isto. A ministra falou: vamos aproveitar Niterói porque o estado do Rio não aderiu… Na área de saúde nós fizemos um investimento importante de gestão, nós mudamos o modelo de gestão do hospital Carlos Tortelly e do Mário Monteiro, que hoje passa ser gerido pelo modelo de OS, que já atende o Getulinho. Fizemos o Hospital Oceânico, além da reforma dos hospitais. Mas existia um grande problema que era a relação de trabalho dos profissionais de saúde, porque a gente tinha uma quantidade absurda de RPAs. Agora nós fizemos concurso e está tudo resolvido. Nós fizemos várias entregas importantes no Médico de Família, incluindo tratamento ontológico nas unidades. Uma outra coisa que era uma grande defasagem que a gente não tinha é um prontuário eletrônico, as informações todas ficavam em fichas, agora estão no sistema. E ainda vamos entregar a Maternidade de Charitas. A obra já está pronta, vou entregar na semana que vem, mas ainda faltam equipamentos, muitos deles importados.
Axel Grael: ‘Niterói hoje é diferente do que era antes, e está melhor!’
Por Luiz Claudio Latgé | aseguirniteroi@gmail.comPrefeito faz um balanço de sua gestão, que enfrentou a Covid, a retração da economia e termina com a entrega de obras que mudam a cara da cidade
Axel e a cidade vista do gabinete do prefeito. Foto: prefeitura/ |
A sensação é de dever cumprido. O prefeito Axel Grael se ajeita para a entrevista e a visão do gabinete dá a dimensão do tamanho da tarefa realizada nos últimos quatro anos: dali é possível monitorar pelas câmeras o que acontece em Niterói. Também há gráficos com os principais indicadores da cidade. Há gente entrando e saindo o tempo todo, o movimento é grande. Mas não há pastas e papéis espalhados, tudo parece no lugar, organizado como os planos que o prefeito gosta de estruturar para o desenvolvimento do município.
-Niterói é uma cidade que demanda muito, infraestrutura, serviços, cultura. Existe sempre uma demanda nova, as pessoas participam, cobram e querem participar da solução dos problemas. Mas é melhor assim, seria muito ruim se as pessoas fossem apáticas. É isso que faz de Niterói uma cidade viva, vibrante – comenta o prefeito.
Axel Grael tomou posse como prefeito em tempos de pandemia do Coronavírus. |
A lista de realizações é grande: o projeto de recuperação da economia depois da Covid, o saneamento da Região Oceânica, reforma de hospitais, construção de escolas, recuperação de patrimônio histórico, como a Boa Viagem, a estação Cantareira, o Castelinho, a Casa Norival de Freitas, a reurbanização do Centro, as ciclovias e o Parque Orla de Piratininga – projeto antigo dos tempos de militância como engenheiro ambiental, baseado em soluções sustentáveis… Axel imprimiu sua marca na gestão da cidade.
Para alguém de perfil técnico, ele conseguiu o que todo político aspira no fim da sua gestão: eleger o sucessor. Recebeu o governo de Rodrigo Neves e devolve ao companheiro de jornada dos últimos 12 anos, na primeira eleição em que a extrema direita bolsonarista se organizou para disputar a prefeitura. Niterói segue sendo, ao lado de Maricá, dos raros redutos que não se deixaram tomar de assalto pelo populismo da extrema direita. Além disso, deixa o governo com as contas em dia e projeto para o futuro, como a construção do VLT.
Planos para o futuro? “Vamos ver” – faz mistério. “Há algumas propostas na mesa.” Não diz mais. Mas já tomou a decisão de ser candidato a deputado federal em 2026.
Os maiores desafios
A Seguir: O sr. assumiu a prefeitura num momento difícil, em plena a Covid, e com o desafio da vacinação… Como foi o começo do governo?
– Quando eu assumi havia, até então, uma série de incertezas em relação à Covid. Tínhamos uma segunda onda da doença com a variante Delta e estávamos perto de começar o processo de vacinação. Niterói teve um papel importante no combate à doença com as medidas sanitárias que tomou, como a recomendação de que as pessoas ficassem em casa e a criação de um hospital próprio, que acabaram até repercutindo nacionalmente. Eu assumi já na iminência da gente começar o processo de vacinação. E Niterói foi uma das cidades com melhor taxa de vacinação do país.
A retomada da economia foi outro desafio, depois de tanto tempo de paralisação.
A Seguir: O sr. assumiu a prefeitura num momento difícil, em plena a Covid, e com o desafio da vacinação… Como foi o começo do governo?
– Quando eu assumi havia, até então, uma série de incertezas em relação à Covid. Tínhamos uma segunda onda da doença com a variante Delta e estávamos perto de começar o processo de vacinação. Niterói teve um papel importante no combate à doença com as medidas sanitárias que tomou, como a recomendação de que as pessoas ficassem em casa e a criação de um hospital próprio, que acabaram até repercutindo nacionalmente. Eu assumi já na iminência da gente começar o processo de vacinação. E Niterói foi uma das cidades com melhor taxa de vacinação do país.
A retomada da economia foi outro desafio, depois de tanto tempo de paralisação.
- Niterói teve um plano bem estruturado de ações, de obras, de programas pra dar suporte à pequena atividade na retomada e acho que a cidade se saiu bem nessa retomada. Uma das principais medidas foi a implementação de um plano de obras, ainda maior do que as obras que já estavam previstas, porque essas obras têm uma teia produtiva por trás, muito grande. Elas são uma forma de gerar emprego rápido. Você mobiliza uma mão de obra qualificada, mas ao mesmo tempo uma mão de obra com pouca especialização. A gente estima que o nosso plano de obras gerou 5.500 empregos.
Principais projetos
Ao lado do então secretário Executivo Rodrigo Neves, Axel Grael inaugurou, em 2023, trecho do Parque Orla Piratininga. |
Nesses quatro anos de governo alguns projetos importantes foram tocados e alguns têm um impacto muito grande na paisagem da cidade, né? Acho que o Centro é uma dessas obras, não?
– A gente já tinha uma carteira de projetos na Região Oceânica, na região de Pendotiba, muita frente de obra, inclusive obras de saneamento. Na região Norte, nós tínhamos umas intervenções importantes, também, mas o Centro da cidade foi aonde a gente fez a maior aposta. A mudança da Visconde do Rio Branco é sensível, do mercado de peixe até o Forte do Gragoatá. Fizemos ali na Concha Acústica o parque esportivo de Niterói. Do outro lado da rua, tem o complexo de atletismo Aída dos Santos, que é da UFF, mas nos propusemos a fazer a reforma, porque acho que isso no conjunto de intervenções ali do Centro era importante. Tem o Mercado Municipal, a Cantareira, que é uma obra muito significativa, que vai ser destinada à Economia Criativa, e fizemos a casa Norival de Freitas, que está belíssima, o Castelinho do Gragoatá,.. E deixamos a licitação da Amaral Peixoto pronta.
A obra começa logo?
– Bom, aí é com o próximo prefeito (risos), mas a licitação está pronta, os recursos estão destinados e acredito que é uma obra prioritária pra cidade. A Amaral Peixoto vai ficar linda, porque ela vai ter arborização, ela vai ter tratamento paisagístico. Hoje é muito árida, né?
Dos projetos que o sr. tocou na sua gestão eu imagino que o parque da Orla de Piratininga tem um valor especial…
– É, o Parque Orla é uma coisa que que eu sonho desde a época de militância ambientalista, né? Desde a década de 80.
Faz parte de uma estratégia de recuperação das lagoas. Então, ele tá muito bacana, é um projeto premiado internacionalmente, um projeto que hoje tem sido, inclusive, muito estudado. É a maior aposta do Brasil e uma das maiores do mundo baseada em soluções criadas na natureza. É um conjunto de técnicas sustentáveis, né? E é uma projeto que não vem sozinho, vem junto com outras ações, como todos os avanços que nós tivemos da agenda da bicicleta, que também é uma coisa que me dá muito orgulho.
Neste ponto, quando fala de orgulho, Axel exibe mais fortemente a relação que tem com a cidade em que vive. Gosta de andar de bicicleta, circula pela cidade, frequenta os mais diversos endereços de Niterói. Fez a vida na cidade, embora o trabalho o tenha levado a percorrer boa parte do mundo e a se relacionar em outras frentes, no Rio, Brasília … Niterói é uma escolha. E fala com entusiasmo da contribuição que pode dar para preservar o patrimônio cultural da cidade, do italianinho, ao Caneco do Mário.
– Acho que fizemos intervenções importantes em relação ao patrimônio histórico e cultural da cidade, né? O resgate do Cinema Icaraí, a Cantareira, o Mercado Municipal… A Ilha da Boa Viagem hoje é um centro cultural que conta a história da cidade. E tem o Centro Cultural do Fonseca, lá na Alameda… São as intervenções que estruturam a vida da cidade, né? Niterói hoje tem cultura e projetos de turismo. E tem um conjunto de intervenções nas comunidades, nós temos aí 12 grandes intervenções de infraestrutura e equipamentos comunitários nas comunidades.
Chacoalhada nas cidades
O dado que veio do Censo de IBGE sobre o tamanho da população nas comunidades surpreendeu, de alguma forma?
– Bom, nós ainda estamos aguardando a liberação dos detalhes do Censo, porque a gente não tem ainda uma visão mais detalhada. Mas os dados do IBGE não estão muito fora da nossa expectativa.
Apareceram também situações de muitos imóveis abandonados. em áreas que alguns analistas atribuem uma deterioração da qualidade de vida, de segurança. especialmente no Centro, Santa Rosa e no Fonseca.
– Neste caso, é preciso comparar com outros centros urbanos, porque Niterói sofre os mesmo problemas que aparecem em outros centros urbanos. Olha o Centro do Rio, por exemplo. Os nossos indicadores de segurança, de criminalidade, são muito melhores do que de outras cidades. Mas existe um processo de mudança que está ganhando forma agora com esses investimentos no Centro. Existe um processo, sim, que as cidades no mundo estão mudando muito. Esse advento do home office dá uma uma chacoalhada nas cidades, né? Porque você antes tinha um grande espaço de oferta de emprego que era o centro da cidade. Então, de manhã todo mundo saía dos bairros, pegava o transporte e vinha para o Centro da cidade e de tarde voltava para casa. Hoje em dia esse processo está gradualmente diminuindo, porque as pessoas estão ficando mais no do home office. Então, se as pessoas estão vindo menos para o Centro e ficando mais nos bairros é natural que os serviços também migrem mais nos bairros. Essa foi uma das questões que a gente abordou na Lei Urbanística de Niterói: pensar em novas centralidades para a cidade.
O dado que veio do Censo de IBGE sobre o tamanho da população nas comunidades surpreendeu, de alguma forma?
– Bom, nós ainda estamos aguardando a liberação dos detalhes do Censo, porque a gente não tem ainda uma visão mais detalhada. Mas os dados do IBGE não estão muito fora da nossa expectativa.
Apareceram também situações de muitos imóveis abandonados. em áreas que alguns analistas atribuem uma deterioração da qualidade de vida, de segurança. especialmente no Centro, Santa Rosa e no Fonseca.
– Neste caso, é preciso comparar com outros centros urbanos, porque Niterói sofre os mesmo problemas que aparecem em outros centros urbanos. Olha o Centro do Rio, por exemplo. Os nossos indicadores de segurança, de criminalidade, são muito melhores do que de outras cidades. Mas existe um processo de mudança que está ganhando forma agora com esses investimentos no Centro. Existe um processo, sim, que as cidades no mundo estão mudando muito. Esse advento do home office dá uma uma chacoalhada nas cidades, né? Porque você antes tinha um grande espaço de oferta de emprego que era o centro da cidade. Então, de manhã todo mundo saía dos bairros, pegava o transporte e vinha para o Centro da cidade e de tarde voltava para casa. Hoje em dia esse processo está gradualmente diminuindo, porque as pessoas estão ficando mais no do home office. Então, se as pessoas estão vindo menos para o Centro e ficando mais nos bairros é natural que os serviços também migrem mais nos bairros. Essa foi uma das questões que a gente abordou na Lei Urbanística de Niterói: pensar em novas centralidades para a cidade.
Problemas
O tempo começa a ficar curto para a entrevista. Os assessores sinalizam que está na hora da diplomação do prefeito eleito Rodrigo Neves e dos vereadores, na Câmara Municipal, ao lado da prefeitura. Ainda tenho algumas perguntas que escolho não fazer, porque o prefeito já respondeu, em outras ocasiões, como a questão da Emusa, que teve que reduzir seu quadro de colabores comissionados, depois que a Justiça apontou irregularidades. Na época, explicou que, quando o Ministério Público considerou impróprias as contratações, a prefeitura se ajustou às exigências judiciais. Mas não posso deixar de falar de Saúde e Educação, duas áreas nas quais o desempenho do município ficou abaixo do que podia se esperar em uma cidade como o IDH e orçamento de Niterói.
O que o sr. acha que nesses quatro anos não deu para fazer, que ficou abaixo do esperado?
– O o que não deu para fazer foi a Alameda, a obra da Alameda a gente chegou a licitar mas deu problema na licitação e está tudo prontinho para a próxima gestão…
Falo da Educação, por exemplo, que foi um ponto muito criticado pelos resultados do Ideb…
– Na Educação a gente avançou. Foram cinco novas escolas e avançamos muito na parte pedagógica. Resolvemos o problema do déficit de vagas. Na verdade, todas as cidades passaram por isso também, porque houve uma migração da classe média para rede de publica de educação, o que é uma boa notícia para rede de educação. Nós climatizamos as escolas: a gente tinha 15% de climatização, agora estamos chegando a 100%. Só falta uma escola e que agora, já nessas férias, se resolve. E ampliamos o Aprendiz Musical, que é um programa que funciona nas escolas. A criança tem o contato com a música e os instrumentos musicais. O programa passou de 2 mil para 10 mil participantes, e construímos a sede do Projeto Aprendiz lá no Fonseca.
(não era bem o foco da pergunta, mas passamos a outro assunto: Saúde) A ministra da Saúde Nísia Trindade esteve em Niterói na inauguração do novo prédio da Escola de Medicina da UFF e, na sua fala, parece que mandou um recardo para Niterói melhorar a questão da demora para a marcação de consultas, uma questão que é frequentemente criticada.
– Não foi bem assim, houve uma interpretação errada. Na verdade, a ministra ofereceu a possibilidade de implantar aqui em Niterói uma política do ministério, porque a cidade tem boas condições para fazer isto. A ministra falou: vamos aproveitar Niterói porque o estado do Rio não aderiu… Na área de saúde nós fizemos um investimento importante de gestão, nós mudamos o modelo de gestão do hospital Carlos Tortelly e do Mário Monteiro, que hoje passa ser gerido pelo modelo de OS, que já atende o Getulinho. Fizemos o Hospital Oceânico, além da reforma dos hospitais. Mas existia um grande problema que era a relação de trabalho dos profissionais de saúde, porque a gente tinha uma quantidade absurda de RPAs. Agora nós fizemos concurso e está tudo resolvido. Nós fizemos várias entregas importantes no Médico de Família, incluindo tratamento ontológico nas unidades. Uma outra coisa que era uma grande defasagem que a gente não tinha é um prontuário eletrônico, as informações todas ficavam em fichas, agora estão no sistema. E ainda vamos entregar a Maternidade de Charitas. A obra já está pronta, vou entregar na semana que vem, mas ainda faltam equipamentos, muitos deles importados.
O marco da gestão
Qual é a realização que o senhor enxerga como marco de sua gestão?
– Eu acho que a ênfase que nós demos à sustentabilidade, à qualidade de vida, nesse processo de grande investimento de infraestrutura, que isso nunca houve. Eu falo que essa última década foi a década de ouro dos investimentos públicos em Niterói. Foram R$ 4,3 bilhões em obras de infraestrutura, em 10 anos; sendo que R$ 2,6 foram só nesses quatro últimos anos. Só neste ano, foi R$ 1 bilhão. A cidade não tinha ciclovias e agora a ciclovia mais movimentada do Brasil fica em Niterói. As ‘roxinhas’ são um sucesso e, hoje, a gente tem uma cidade agradável, sustentável, a céu aberto, que convida ao lazer. E podemos inclusive trabalhar uma estratégia de turismo para a cidade, baseada nas praias, nos parques, no Parque de Piratininga, na praia do Sossego. Implantamos inclusive parques importantes na região Norte e a cidade foi a cidade que mais se preparou para as mudanças climáticas. Então muita coisa aconteceu.
Axel confia no futuro de Niterói. A Prefeitura tem dinheiro em caixa e planejamento para atacar em várias frentes. Ele diz que a Lei Urbanística prepara a cidade para os próximos dez anos e para todas as mudanças que o mundo vive, do clima à ocupação do solo, se é possível separar uma coisa da outra. ‘É uma lei boa para a cidade’, diz. Segundo ele, está baseada numa visão de uma cidade sustentável, que abraça os mais importantes e modernos conceitos do planejamento urbano, como o Desenvolvimento Orientado pelo Transporte. “A lei urbana prevê prédios baixos nos corredores e adensamento em áreas que podem suportar prédios maiores, como o Centro”, explica.
Tinha tirado da pauta a pergunta sobre o trânsito, diante do curto tempo da entrevista, a esta altura, já não tão breve assim, mas não há caminhos em Niterói que não levem à questão do trânsito. O prefeito confia que a cidade vai conseguir um acordo com o governo do Estado para tornar as barcas Rio-Niterói mais baratas e eficientes para o morador da cidade, se preciso, com recursos do município. Acredita também no VLT, que entrou na pauta do governo. Mas neste ponto percebo que não há tempo para todas as perguntas que gostaria de fazer. Já estão chamando para a diplomação. Entendo, para repetir a brincadeira de Axel no início da entrevista, que “isso vamos ter que perguntar ao próximo prefeito.”
Axel termina a entrevista – e o mandado – visivelmente feliz. Botou isso na última campanha publicitária da prefeitura na sua gestão. “Felicidade é viver aqui.”
Obrigado pela entrevista.
– Vamos lá ver a diplomação…
Fonte: A Seguir: Niterói
Axel Grael se orgulha da malha cicloviária da cidade. |
Qual é a realização que o senhor enxerga como marco de sua gestão?
– Eu acho que a ênfase que nós demos à sustentabilidade, à qualidade de vida, nesse processo de grande investimento de infraestrutura, que isso nunca houve. Eu falo que essa última década foi a década de ouro dos investimentos públicos em Niterói. Foram R$ 4,3 bilhões em obras de infraestrutura, em 10 anos; sendo que R$ 2,6 foram só nesses quatro últimos anos. Só neste ano, foi R$ 1 bilhão. A cidade não tinha ciclovias e agora a ciclovia mais movimentada do Brasil fica em Niterói. As ‘roxinhas’ são um sucesso e, hoje, a gente tem uma cidade agradável, sustentável, a céu aberto, que convida ao lazer. E podemos inclusive trabalhar uma estratégia de turismo para a cidade, baseada nas praias, nos parques, no Parque de Piratininga, na praia do Sossego. Implantamos inclusive parques importantes na região Norte e a cidade foi a cidade que mais se preparou para as mudanças climáticas. Então muita coisa aconteceu.
Axel confia no futuro de Niterói. A Prefeitura tem dinheiro em caixa e planejamento para atacar em várias frentes. Ele diz que a Lei Urbanística prepara a cidade para os próximos dez anos e para todas as mudanças que o mundo vive, do clima à ocupação do solo, se é possível separar uma coisa da outra. ‘É uma lei boa para a cidade’, diz. Segundo ele, está baseada numa visão de uma cidade sustentável, que abraça os mais importantes e modernos conceitos do planejamento urbano, como o Desenvolvimento Orientado pelo Transporte. “A lei urbana prevê prédios baixos nos corredores e adensamento em áreas que podem suportar prédios maiores, como o Centro”, explica.
Tinha tirado da pauta a pergunta sobre o trânsito, diante do curto tempo da entrevista, a esta altura, já não tão breve assim, mas não há caminhos em Niterói que não levem à questão do trânsito. O prefeito confia que a cidade vai conseguir um acordo com o governo do Estado para tornar as barcas Rio-Niterói mais baratas e eficientes para o morador da cidade, se preciso, com recursos do município. Acredita também no VLT, que entrou na pauta do governo. Mas neste ponto percebo que não há tempo para todas as perguntas que gostaria de fazer. Já estão chamando para a diplomação. Entendo, para repetir a brincadeira de Axel no início da entrevista, que “isso vamos ter que perguntar ao próximo prefeito.”
Axel termina a entrevista – e o mandado – visivelmente feliz. Botou isso na última campanha publicitária da prefeitura na sua gestão. “Felicidade é viver aqui.”
Obrigado pela entrevista.
– Vamos lá ver a diplomação…
Fonte: A Seguir: Niterói
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