domingo, 2 de novembro de 2025

Prefeito de Londres diz que líderes locais fazem mais do que presidentes na crise do clima: 'Reduzindo as emissões mais rápido'

Prefeito de Londres, Sadiq Khan investiu na redução da poluição do ar na cidade — Foto: Bloomberg

Por Lucas Altino

Sadiq Khan participará do Fórum de Líderes Locais, evento pré COP no Rio, na semana que vem; Diretora-executiva da COP 30 também destaca papel de prefeitos e governadores

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, defendeu as ações realizadas por líderes locais pelo mundo, como prefeitos e governadores, na agenda de combate às mudanças climáticas. Ele, que também é copresidente da rede global de prefeitos C40, afirmou que os governos subnacionais fazem mais, no tema, do que presidentes. Diretora-executiva da COP 30, Ana Toni, também destacou o papel dos líderes locais para que o Brasil alcance o seu objetivo de entregar a "COP da implementação".

Khan e Toni falaram em uma coletiva de imprensa virtual, nesta quarta (29), sobre o Fórum Líderes Locais da COP30, uma parceria entre o governo brasileiro e Bloomberg Philanthropies, que acontece na semana que vem no Rio, entre os dias 3 e 5. O Fórum reunirá centenas de prefeitos, governadores e líderes subnacionais para destacar soluções climáticas locais e demonstrar como cidades, estados e regiões estão acelerando o progresso em relação às metas climáticas globais.

O prefeito de Londres destacou que, uma década após o Acordo de Paris, ainda há muitas autoridades que se recusam a abrir os olhos sobre a emergência climática e, por isso, "os cidadãos que estão pagando os preços". Segundo ele, a COP 30 será uma oportunidade única para muitos líderes locais firmarem uma posição de enfrentamento ao problema.

Os governos subnacionais estão agindo com mais velocidade que os líderes nacionais. Nossos membros da C40 estão reduzindo as emissões per capita cinco vezes mais rápido do que o resto do mundo — afirmou o prefeito, que frisou que a C40 representa um quarto da economia global, com quase 100 cidades. — Muitos prefeitos estão construindo cidades mais verdes e mais justas. Temos muitos exemplos de boas ações.

Khan deu como exemplo de boa prática de impacto na agenda climática a sua própria gestão em Londres. O prefeito implementou diversas medidas focadas na limpeza do ar, com destaque à criação da Zona de Emissões Ultrabaixas (ULEZ), uma taxa cobrada pelo uso de automóveis particulares devido à emissão de gases de efeito estufa. Quem usa transporte público - Londres tem a maior frota de ônibus de zero emissão da Europa - não paga a taxa.

Segundo ele, a política já reduziu 60% dos poluentes do ar de Londres.

— Os cientistas falaram que demoraria 200 anos para limparmos o ar, mas conseguimos em nove anos — afirmou Khan, que explicou que o primeiro passo foi conscientizar a população sobre o perigo da poluição do ar, chamada por ele de "matador invisível". — Também enfrentamos muita desinformação e mentiras financiadas amplificadas por algoritmos. Agora temos um ar mais limpo, menos mortes e menos casos de câncer.

'Se queremos ser a COP da implementação, temos que trabalhar com quem está na linha de frente', afirma Ana Toni

A diretora-executiva da COP 30, Ana Toni, explicou que uma das prioridades da presidência brasileira da COP é justamente valorizar o papel dos líderes locais no debate climático, já que são eles que estão "na linha de frente das mudanças climáticas".

— Se queremos ser a COP da implementação, temos que trabalhar com quem está na linha de frente, tanto na mitigação quanto na adaptação — disse Toni, que acrescentou que nas outras COPs não houve tantas oportunidades para se apresentar as inovações e soluções locais. — Queremos agora demonstrar essa ligação entre ações globais e locais. A presença dos lideres locais vai trazer esse conhecimento aos negociadores e dar as eles a noção exata do que está sendo feito, mas que talvez não saibam.

Ana Toni ainda disse que ações assim dialogam com a premissa do Mutirão Global lançado pela COP 30 para enfrentamento das mudanças climáticas. A diretora também respondeu sobre o desafio do financiamento climático global, um dos grandes temas da COP. Nos próximos dias, a presidência vai entregar o documento, chamado de Roadmap, que indica pacote financeiro para se alcançar o valor de 1,3 trilhões de dólares anuais aos países em desenvolvimento.

— Se todos pensamos que a COP29 era foi financiamento climático, a COP 30 vai falar ainda mais, porque é a COP da implementação. E não tem implementação sem pensar nas finanças. Vamos além de debate só dos grandes números e de países em desenvolvimento versus países desenvolvidos. Vamos direto no ponto de como acessar o financiamento climático. Sabemos que dificuldade de acesso por líderes locais porque muitas vezes isso precisa passar por governos nacionais.

Também presentes na coletiva, Rogier Van Den Berg, diretor do WRI Ross Center for Sustainable Cities (Centro Ross para Cidades Sustentáveis) e Nate Hultman, diretor do Centro para a Sustentabilidade Global da Universidade de Maryland, recorçaram a importância da integração entre presidentes e prefeitos para se alcançar as metas do Acordo de Paris.

— Não é só sobre novas legislações, tecnologias. É sobre parcerias entre governos subnacionais e nacionais — afirmou Van Den Berg

Fonte: O Globo



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