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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Preben Schmidt: a inspiração de gerações de velejadores da família Schmidt Grael



Preben Schmidt



Um pouco da história de PREBEN SCHMIDT

Nome: PREBEN TAGE AXEL SCHMIDT

PREBEN E A FAMÍLIA SCHMIDT GRAEL: Preben Schmidt, foi um dos precursores da vela no Brasil, sendo o principal responsável pela tradição da família Schmidt Grael na vela. A primeira geração vencedora foi de Margrete Schmidt (pioneira da vela feminina. Era ótima velejadora e disputava contra os homens, tendo conquistado títulos importantes), Axel e Erik Schmidt, todos filhos de Preben. Conhecidos como os Gêmeos do Mar, foram tri-campeões mundiais da classe Snipe, os anos 1961, 1963 e 1965. Também tiveram duas participações olímpicas: Jogos do México, em 1968, quando terminaram em 7 lugar na Classe Star e nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, quando terminaram em 6 lugar, na Classe Soling. Na geração seguinte - dos seus netos - obtiveram destaque Torben Grael (5 medalhas olímpicas), Lars Grael (2 medalhas olímpicas). Rolf Schmidt (filho de Erik) e Anders Schmidt (filho de Axel Schmidt). A terceira geração, dos bisnetos, começa a despontar: Marco e Martine (filhos de Torben) e Nicholas e Sofia (filhos de Lars).


RÁPIDA CRONOLOGIA:
  • 1898: Nasce em Fredericksberg, na Dinamarca. Filho de Axel Frederick Schmidt, um oficial de cavalaria, e de Margrethe Hastrup, dona de casa.
  • 1916: Durante a I Guerra Mundial, Preben Schmidt alistou-se como voluntário no Batalhão Acadêmico, onde foi promovido a chefe de pelotão em 1921.
  • 1917: Forma-se em Filosofia, pela Universidade de Copenhague
  • 1922: Forma-se em Engenharia Civil na Escola Politécnica de Copenhague, Dinamarca. Teve como professor o físico Niels Bohr. No mesmo ano de formatura de Preben, Bohr conquistava o Prêmio Nobel de Física pelas pesquisas sobre a estrutura dos átomos e as suas radiações.
  • No mesmo ano, o veleiro AILEEN, da Classe 6 Metros, chegou ao Brasil tendo como proprietário um norueguês residente em Niterói, Henry Martiniusen. Logo depois passou a pertencer a um “sindicato de estrangeiros” fazendo parte o norueguês, um escocês, Sr. Ralph Blaire, o dinamarquês Preben, que formalmente em 1932 passou a ser o único proprietário do barco.
  • 1923-1924: PREBEN SCHMIDT cumpriu o serviço militar na Guarda Real de S. M. Rei Cristiano X. Serviu nos palácios reais de Amalienborg, Sorgenfri, Charlottenlund e Hvidovre, este último a residência da Imperatriz da Rússia, nascida princesa da Dinamarca e filha do Rei Cristiano IX.
  • 1923: Contratado como engenheiro civil na firma de engenharia dinamarquesa Christiani-Nielsen, em Copenhage.
  • 1924 (17 de julho): PREBEN SCHMIDT foi transferido para a filial da empresa Christiani-Nielsen, estabelecida na cidade do Rio de Janeiro. Antes disso, esteve 6 meses em Dakar, Senegal, na África. Ao desembarcar no Rio de Janeiro, distraiu-se e lhe roubaram uma das malas, logo a que continha vários livros de engenharia, escritos em dinamarquês. Sempre lamentou este fato.
  • 1925: Torna-se sócio do Rio Sailing Club, em São Francisco, Niterói.
  • 1931: Casa-se com Helene Jelinski, alemã nascida em Lyck, na Prússia Oriental. O casal conheceu-se no Rio de Janeiro.
  • 1932: Foi nomeado Engenheiro de Seção da empresa Christiani-Nielsen.
  • 1936: HAGEN SHARPIE - Preben Schmidt colaborou com seu amigo Harry Hagen na modernização do projeto e os barcos passaram a chamar-se Hagen Sharpie 1936, em homenagem a Mr. Hagen. A forma da proa, até então arredondada (spoon bow), foi alterada, tornando-se mais pontuda e dando mais comprimento ao barco. Foram os primeiros barcos construídos no Brasil com o fundo em V, e ficaram bastante conhecidos na Baía por suas velas vermelhas, da Carter & Cranfield. Em 1945, o RYC tinha uma flotilha de 10 barcos e a Escola Naval tinha três. Em 1947, o Clube já tinha 14 barcos e outros oito em construção. As regatas eram disputadas com rodízio de barcos e daí saíram os emblemas que hoje adornam o bar do Clube - eram bandeiras içadas ao topo do mastro, para identificarem o timoneiro daquela embarcação a cada regata. Cada timoneiro tinha o seu emblema, pessoal e intransferível.
  • 1943: Foi nomeado Engenheiro Chefe da Christiani-Nielsen
  • 1944: Foi nomeado Diretor Técnico da Christiani-Nielsen.
  • 1958, Foi nomeado Gerente Geral da Christiani-Nielsen
  • Em 1968, PREBEN SCHMIDT se aposentou do cargo de Gerente Geral da empresa Christiani-Nielsen. Passou a exercer a engenharia como profissional autônomo.


OBRAS REALIZADAS:

Em 1976, a meu pedido, o próprio Eng. Civil Preben Schmidt preparou uma lista de suas realizações, em texto datilografado intitulado: “Relação das obras em que participei como Projetista, Engenharia Calculista e Inspetor de Obras” (Preben nunca perdeu o forte sotaque e tinha uma forma toda própria de escrever em português). No texto, que lista todas as principais obras de sua carreira, Preben ressalta que somente não realizou obras nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Piauí.

Dentre as muitas obras, as principais realizadas no Rio de Janeiro foram (conforme as suas próprias palavras):

PONTES DE ESTRADAS RODOVIÁRIAS
  • Cabo Frio (sobre o canal Itajuru, próximo ao ICRJ.)
  • Pontes na Estrada Rio Petrópolis- 6 unidades
  • Estrada Petrópolis-Correias.
 PONTES PARA ESTRADA DE FERRO
  • 7 unidades
 ESTALEIROS
  • Dique Seco: Ishikawajima - no Caju.
  • Carreira: Estaleiro Verolme - Angra dos Reis
CAIS DE ATRACAÇÃO
  • Píer Mauá- Docas do Rio - 13m de profundidade x 920 m extensão
  • Caju- Docas- 10 metros x 250 m
  • Angra dos Reis- 8 metros x 400 m
  • Niterói- 6 metros x 100
 PONTES DE ATRACAÇÃO
  • Ilha do Governador- 3 unidades para a Shell e Esso
  • Ilha Seca- Texaco
  • Ilha Comprida- Atlantic (2 unidades)
  • Ilha redonda
  • Teguá-Petrobras
  • São Sebastião- Petrobras
  • Ilha da Conceição- Lloyd Brasileiro
  • Ilha da Conceição- Wilson
BARRAGENS E USINA HIDRELÉTRICA
  • Correias- Cia Petropolitana
  • Funil-Itatiaia- Furnas
  • Rio Grandina- Cia Friburguense
USINA TERMELÉTRICA
  • Guaxindiba
  • Santa Cruz
SILOS PARA TRIGO
  • Moinho Fluminense
  • Dianda Lopes
  • Cia Luz Stearica
SILOS PARA CIMENTO
  • Guaxindiba
FUNDAÇÕES ESPECIAIS
  • Tanques para petróleo para Atlantic, Texaco, Esso, Ilha D’Água, São Sebastião.
OUTRAS OBRAS IMPORTANTES
  • Elevador Lacerda, Salvador Bahia: Em 1930, foi construída a nova torre externa com mais dois elevedores, o passadiço e reforma geral da estrutura, pela empresa Christiani-Nielsen, com a participação do engenheiro civil Preben Schmidt.
  • Cais do Valongo, no Porto de Santos.
  • Ponte sobre o Rio Pinheiros (SP)
  • Cais do Porto de Madre de Deus, Bahia.
  • Cais do Porto de Rio Grande (RS)



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5 comentários:

  1. olá Axel,

    Tenho uma curiosidade!
    Em que ano faleceu seu avô.

    Simons Jacobsen

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  2. Ola Simons. Meu avô, Preben Schmidt, faleceu em 1978. Na época eu morava com ele, pois tinha iniciado a minha faculdade de Engenharia Florestal na UFRRJ. Os demais da minha família (pais e irmãos) moravam em Brasília.

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  3. Passei grande parte da minha juventude muito próximo ao Eric Chistiani, também engenheiro, diretor da Christiani & Nielsen em São Paulo. Com ele aprendi a apreciar as 'obras marítimas', tendo sido o principal responsável pela minha área de interesse em arquitetura de marinas. Minha iniciação na vela deu-se num classe Guanabara, pertencente a essa empresa, adquirido por grande influência do próprio Preben Schmidt. José Carlos Lodovici

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  4. José Carlos Ludovici. Obrigado pelo registro. Seria muito importante se você pudesse fazer um registro desse período. Caso se disponha a faze-lo envie para o meu e-mail axelgrael@gmail.com
    Obrigado. Um abraço e bons ventos.
    Axel Grael

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  5. Olá Axel,
    O único registro que disponho são algumas imagens do Classe Guanabara G-36, aliás, recentemente postadas no Facebook, no grupo: Velejadores de Clássicos. Oportunamente estarei lhe enviando essas imagens. Um grande abraço !

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