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sábado, 30 de julho de 2022

BICICLETAS: Niterói é a terceira cidade do País com mais pessoas acima de 60 anos pedalando



Niterói já foi apontada como a cidade com a maior proporção de mulheres pedalando. Agora, uma nova pesquisa confirma o sucesso do uso da bicicleta por idosos.


A Pesquisa do Perfil do Ciclista 2021, divulgada recentemente e realizada pela ONG Transporte Ativo e pelo Laboratório de Mobilidade Sustentável (LABMOB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), trouxe interessantes números sobre o comportamento dos niteroienses sobre duas rodas. Um dos dados que chamou a nossa atenção é o de que Niterói tem o terceiro maior percentual do País de pessoas acima de 60 anos pedalando. Enquanto a média nacional é de 5,4%, cerca de 8% dos ciclistas de nossa cidade têm mais de 60 anos! A pesquisa também mostra que a pandemia mudou os hábitos de parte da população: 53% dos entrevistados começaram a usar a bicicleta com mais frequência neste período. Cerca de 35% dos ciclistas de Niterói chega a usar a bicicleta todos os sete dias da semana. Veja alguns dos números da pesquisa abaixo:


Niterói tem orgulho de ter a maior proporção de mulheres pedalando no Brasil. Segundo a Pesquisa nacional do ciclista e um levantamento realizado pela ONG Ciclocidade, a média nacional é de cerca de 10% e, em Niterói esta proporção gira em torno de 30%. Pelos dados do Bicicletário Arariboia, também sabemos que as mulheres são cerca de 35% dos cadastros no sistema. Para comparação, em São Paulo, as mulheres são apenas 6% dos ciclistas. Ainda, merece destacar que na Holanda, as mulheres representam 55% do total de ciclistas, de acordo com dados da Universidade de Rutgers, dos Estados Unidos. Na Alemanha e na Dinamarca, esse percentual é de 45%

Nove anos do Niterói de Bicicleta

Os números expressivos de ciclistas em Niterói, não são obra do acaso e me trazem uma sensação de um antigo sonho sendo alcançado. Representam uma trajetória de lutas e de convicção que Niterói poderia ser um exemplo de cidade ciclável. Comecei a atuar como ambientalista e a reivindicar ciclovias em Niterói ainda no início da década de 1980, quando fundei o Movimento de Resistência Ecológica - MORE, organização ambientalista pioneira na cidade e no estado. Promovíamos "bicicleatas" (passeatas de bicicleta) cobrando ciclovias em Niterói. Na época, ouvíamos de alguns críticos (ainda existem, pasmem!) que isso não era coisa para Niterói, que o clima quente e o relevo da cidade impediriam o desenvolvimento de uma cultura para a bicicleta. A cada dia vemos o quanto estávamos corretos.

O sentimento de ceticismo com relação às ciclovias persistiu por muito tempo, até o início do programa Niterói de Bicicleta. Um exemplo disso é a matéria "Com menos de 1 km de ciclovia, Niterói debate Estatuto da Bicicleta", publicada no G1, em 15/12/2009, portanto, três anos antes do início do programa Niterói de Bicicleta. A matéria apontava de forma jocosa que a única ciclovia da cidade era um curto trecho existente na praia de Icaraí e comparava o atraso de Niterói em comparação à cidade do Rio de Janeiro, que se destacava no país pela implantação de ciclovias. Na matéria, o então presidente da NitTrans, Sérgio Marcolini, afirmava com certa resignação:

“Há possibilidades de implantar as ciclovias, mas há muitas dificuldades porque requer espaço nas vias públicas. De fato o espaço na cidade é limitado”

Não foram poucas as dificuldades mas, com convicção, implementamos várias iniciativas desde 2013, quando sob o comando do prefeito Rodrigo Neves, passamos a implantar políticas de sustentabilidade na Prefeitura de Niterói, dentre elas a aposta na bicicleta. 

No dia 20 de fevereiro de 2013, poucos dias após tomar posse, cumpríamos nosso compromisso de campanha e promovemos o I Workshop do Programa Niterói de Bicicleta, dando início "à pedalada" por uma cidade mais ciclável. Era o começo do programa Niterói de Bicicleta (veja o histórico aqui), que hoje conta com uma equipe específica para a sua condução - a Coordenadoria do Niterói de Bicicleta, tendo a frente o arquiteto e urbanista Filipe Simões e uma competente e aguerrida equipe especializada. Ainda em 2013, convidei o arquiteto e urbanista Argus Caruso para coordenar o programa e em julho reunimos cerca de 50 interessados em ciclovias, ambientalistas e especialistas em mobilidade para um encontro realizado na sede do Projeto Grael para começar a debater a estratégia de ciclovias em Niterói. Vários encontros se seguiram, de forma regular e sistemática, expondo os projetos e ouvindo a população a cada passo de planejamento ou implantação de etapas. Em setembro, implantamos na cidade as chamadas "Ciclovias Temporárias" (saiba mais aqui também), que foram pintadas nas ruas para abrir o debate na sociedade e como uma primeira demonstração que o espaço para as bicicletas nas ruas era uma decisão a ser cumprida.

Em 2014, Niterói contratava o seu Plano Cicloviário, para orientar a política para as bicicletas no município e apresentar soluções para a implantação de uma malha cicloviária nas ruas de Niterói. 

Gradativamente, foram implantadas ciclovias como a da Avenida Amaral Peixoto (dezembro de 2013), da Rua Timbiras (setembro de 2014), da Avenida Roberto Silveira (novembro  de 2014), da Avenida Marquês do Paraná (2020). Esta última é de importância estratégica pois integrou a ciclovia da Roberto Silveira à da Amaral Peixoto, tornando mais seguro e atraente seguir de bicicleta até o Centro da cidade. Também implantamos em 2022, a ciclovia da Avenida Professor João Brazil, no Fonseca. Hoje, já ultrapassamos a marca de 60 km de ciclovias na cidade. 

Em 2017, inauguramos o Bicicletário Arariboia, com capacidade para mais de 400 bicicletas e de uso gratuito para o usuário: um passo decisivo para o estímulo ao uso da bicicleta. Já anunciamos a decisão de duplicar o bicicletário para dar vazão ao crescimento da demanda. A obra será feita junto com a reforma da Praça Arariboia.

Em 2021, para fortalecer o cicloturismo, uma atividade crescente e de grande potencialidade na cidade, o programa Niterói de Bicicleta publicou o Projeto Conceitual para o Plano de Cicloturismo Municipal

Sem deixar de olhar para a cidade como um todo, passamos a ter especial atenção para a Região Oceânica, integrando as bicicletas como um dos componentes do Programa Região Oceânica Sustentável- PRO Sustentável. O Sistema Cicloviário da Região Oceânica está em implantação e terá 60 km quando totalmente implantado. Atualmente, encontra-se em construção a ciclovia do entorno da Lagoa de Piratininga, que será parte do Parque Orla de Piratininga Alfredo Sirkis (POP) e que terá mais de 9 km. Já implantamos a bela ciclovia na Praia de Piratininga, da Almirante Tamandaré, da Acúrcio Torres e estamos implantando na Avenida Irene Lopes Sodré (Estrada do Engenho do Mato). O Lote 2 do Sistema Cicloviário da Região Oceânica acaba de ser licitado e estamos agora com a licitação em curso do projeto executivo da Ciclovia-Parque da Lagoa de Itaipu. Esta nova iniciativa fará parte da Ciclovia TransLagunar e terá características funcionais (opção de mobilidade), de turismo e lazer e permitirá a conexão entre o Túnel Charitas-Cafubá e as praias. Importante lembrar que, de forma inovadora, o Túnel Charitas-Cafubá possui ciclovias nas duas galerias, ligando as malhas cicloviárias da Região Oceânica e Praias da Baía.

Com o avanço da infraestrutura cicloviária, passamos a contar com a adesão de um número crescente de ciclistas e a cidade tornou-se uma referência no país. Atualmente, são 63 km de ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas e calçadas compartilhadas. A meta até 2024 é ultrapassar os 120km, ou seja, cerca de 4.300 habitantes/km.

Em 2014, matéria da revista Isto É já apontava Niterói como a segunda cidade em número de km de ciclovia per capita no país, só perdendo para Brasília (Saiba mais aqui). Cabe ressaltar que a matéria ainda não contabilizava ciclovias já entregues anteriormente e, de lá para cá, a infraestrutura cicloviária da cidade mais do que triplicou. Hoje, já são cerca de 8.000 habitantes/km e seguimos avançando.

As nossas ciclovias estão dentre as mais movimentadas do Brasil. É o que mostram as contagens de bicicletas realizadas pelo programa Niterói de Bicicleta. Em dezembro de 2021, nos horários de pico, mais de 590 bicicletas passam por hora pela Avenida Marquês do Paraná, no Centro, inaugurada em 2020. Em comparação, a Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, um ano após sua inauguração registrava cerca de 250 bikes por hora; a orla de Copacabana, no Rio, em dias de semana, 325.

O crescente número de ciclistas na cidade não nos surpreende, porque sempre soubemos que quando a população tivesse infraestrutura cicloviária à disposição, naturalmente a bicicleta passaria a ser uma opção. De acordo com os dados do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável - PMUS, a bicicleta já representa 6% de todos os deslocamentos realizados em Niterói. A meta é que essa proporção chegue a 14% até 2030.

Está provada a vocação de Niterói para a bicicleta, mas nosso trabalho não para. Seguiremos em frente trabalhando para fazer de Niterói uma cidade cada vez mais atraente, ciclável, sustentável, transparente, justa e democrática.

Axel Grael
Prefeito de Niterói


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