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quinta-feira, 29 de maio de 2014

'Baía de Guanabara terá águas limpas até as Olimpíadas', diz presidente da Cedae


Segundo ele, o Instituto Estadual do Ambiente atesta que no local das provas de vela a qualidade da água está nos padrões internacionais

Rio - Fim dos elefantes brancos e conclusão das obras para os Jogos Olímpicos de 2016. São metas do presidente da Cedae, Wagner Victer. Segundo ele, o Instituto Estadual do Ambiente atesta que no local das provas de vela a qualidade da água está nos padrões internacionais. Garante que todas as obras acertadas com o COI ficarão prontas, além de outras, como a Estação de Tratamento de Alcântara.

'Baía terá água limpa até as Olimpíadas', diz presidente da Cedae
Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia

O DIA: Como avalia a sua gestão até aqui?

VICTER: Grandes evoluções em termos de resultados da empresa, não só do ponto de vista de abastecimento, mas da credibilidade. Agora, é um processo contínuo. No cenário anterior, ainda estão na cabeça do carioca os reparos feitos em tubulação com pneus, os funcionários na caçamba de caminhões sem segurança para trabalhar, trabalhando de chinelo... Hoje você não vê isso. Hoje temos agências modernas, sistemas de controle que poucas empresas de saneamento têm. A empresa hoje qualifica os empregados, tem uma universidade corporativa, ações em todos os sentidos, desde melhoria de governança até ações operacionais.

Pode dar exemplos?

A Estação de Tratamento de Esgoto Alegria, ali na Linha Vermelha, estava parada há décadas. Era o maior monumento às obras paradas. Na Ilha, onde moro, tinha um reservatório desativado há 30 anos, o reservatório de Barão, que pega favelas como Bancários e Rosa. Botamos para funcionar, e hoje melhorou muito o abastecimento de água. Chegou ao ponto que tinha que chegar? De maneira nenhuma. O lema é ser muito melhor do que ontem, mas ter certeza de que hoje eu sou pior do que serei amanhã.

O Rio tinha obras abandonadas nessa área de tratamento de esgoto. Retomá-las é uma meta?

Sim. Colocar ‘elefantes brancos’ em funcionamento: estações de Alegria, Sarapuí e Pavuna. Elas tinham sido construídas há mais de 15 anos e não operavam porque o cocô não chegava. Tem dois reservatórios monstruosos em São Gonçalo que nunca tinham operado. Você pode me perguntar: já desenterrou todos? Não. Ainda tem alguns que tenho que finalizar.

A Estação de São Gonçalo fica pronta este ano?

Devemos terminar este ano. E, melhor que isso, vamos iniciar uma obra que não estava prevista, que é maior: a Estação de Alcântara. Nas próximas semanas, vai ser assinado um contrato do governo do estado através do Inea, em financiamento que a gente fez com o BID, para começar as obras e construir Alcântara. Até o fim do ano, tenho inauguração à beça. A nova Estação de Paulo de Frontin será inaugurada nos próximos dias. Se eu for em todas as obras que tenho para inaugurar até o fim do ano, teria pelo menos uma por semana.

E a despoluição da Baía de Guanabara para os Jogos Olímpicos?

O grande desafio da Baía é a redução do lixo flutuante, para a realização dos Jogos. Hoje, em função das melhorias obtidas pelo Inea, nas raias (de vela) a água está dentro dos padrões internacionais. Você vai falar: resolveu? Não, tem muita coisa de lixo. Daqui a 30 dias vamos botar uma licitação para retirar o lançamento de esgoto que acontece na Marina da Glória, de onde saem os barcos. Não íamos fazer, era o Eike (Batista). Mas, como a empresa dele não deu continuidade, o estado assumiu.

Há muita reclamação sobre o lixo na Baía. A ação vai ser suficiente?

Esse é o detalhe. Essa reclamação é muito pertinente. O Inea falou que nos próximos 45 dias está recompondo as ecobarreiras. Grande parte desse lixo que vem de rios de municípios da Baixada. Então, vai se recompor as ecobarreiras que estavam partidas para reter o lixo da Baía. Eu fico bastante à vontade porque sou morador da região, sou suburbano, moro na Ilha e vejo isso no meu transporte até em casa todo dia. Vai melhorar muito a questão do lixo flutuante que chega na praia. E também da poluição causada pelo lixo.

Qual é a dificuldade maior para despoluir?

O cenário não é difícil. O problema da Baía é que ela nunca foi encarada com engenharia. Por que conseguimos botar as obras para funcionar? Nós reprogramamos com engenharia. Quando entrei na empresa, não era a Cedae que controlava as obras, eram empreiteiras que controlavam empreiteiras. A primeira coisa que fiz foi acabar com isso. Houve um erro no passado, em que as obras foram feitas todas simultaneamente. Então quando parava uma, paravam todas. E que quem fiscalizava e gerenciava não era a Cedae, não era o estado, eram empresas de consultoria. Isso é um equívoco brutal. Eu reorientei. Terminei obra a obra. Da maior, que era a Estação de Alegria, para as menores: Sarapuí, depois Pavuna e agora São Gonçalo.

Havia falta de coordenação então?

O que acontecia no passado? Às vezes você tinha estação, tinha rede e não tinha o tronco coletor. Ou tinha o tronco, tinha rede, mas não tinha estação. Em todos esses sistemas acontecia isso. Era surreal. Você partilhava, em licitações que não definiam o subsistema. É como se você estivesse produzindo um carro e tivesse uma empresa para fazer o volante, outra para o carro e outra para a roda.

O Rio termina as obras antes dos Jogos de 2016 ?

Em relação à Baía, posso garantir o seguinte: fiz parte do grupo quando a cidade era candidata e fez a apresentação aos membros do Comitê Olímpico Internacional. Posso garantir que todas as obras ficarão prontas até os Jogos e faremos muito mais que do que o prometido. Há muitas obras que sequer estavam nos compromissos e serão feitas. O esgotamento de Paquetá não fazia parte e estamos terminando. Muitas obras já entraram em operação.

Então, o senhor não perde o sono?

O dia em que eu deixar de ser presidente da Cedae eu continuarei morador da orla da Baía de Guanabara. Eu entrei na militância de bairro lutando pela Baía de Guanabara.


Fonte: O Dia

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