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domingo, 4 de fevereiro de 2018

PARNIT: com os avanços na implantação de trilhas ecológicas, Niterói é convidada a integrar iniciativa nacional do ICMBio



Caminhada pela Travessia Tupinambá, no PARNIT. Ao fundo (em último plano) o Parque Nacional da Tijuca e o Pão de Açúcar, de onde poderá haver a conexão da Transcarioca com o PARNIT.

Imagem do PARNIT.

Alex Figueiredo, responsável pelo PARNIT, fazendo demarcação de trilha.

Voluntárias ajudando na instalação da sinalização das trilhas.

Sinalização num dos acessos do Setor Lagunar do Parnit e onde será implantado o Parque Orla de Piratininga.

Sinalização e controle de visitação na Ilha do Pontal. 

Instalação de placas de sinalização. (Todas as fotos foram obtidas do Facebook de Alex Figueiredo).


Niterói Mais Verde: Ampliando os benefícios da política de proteção de ecossistemas

Recebi há poucos dias uma mensagem do amigo Pedro da Cunha e Menezes, coordenador-geral de Uso Público, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, que nos trouxe a boa notícia que um importante pleito da cidade de Niterói poderá ser atendido. Trata-se da integração das áreas protegidas de Niterói e do seu sistema de trilhas ecológicas com a Trilha Transcarioca, na cidade do Rio de Janeiro, que é considerada a maior trilha urbana do país e que foi idealizada pelo próprio Pedro Menezes.

Em 2014, o prefeito Rodrigo Neves assinou o Decreto 11.744, que instituiu o Programa Niterói Mais Verde e elevou o percentual de áreas protegidas de Niterói para mais da metade do território da cidade, provavelmente a maior proporção para uma cidade metropolitana. O Decreto instituiu o Parque Natural Municipal de Niterói - PARNIT, que já teve o seu Plano de Manejo desenvolvido e terá a sua infraestrutura implantada através do Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-Sustentável).

A partir de um grande esforço e capacidade de mobilização do responsável pelo PARNIT, Alex Figueiredo, com o apoio de um aguerrido grupo de voluntários e de recursos alocados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS), uma rede de trilhas já começou a ser implantada, dentre elas a Travessia Tupinambá e a Ilha do Pontal.

Integração com a Transcarioca

Dando início à sua mensagem e abordando a possibilidade de integração com a Trilha Transcarioca na cidade do Rio de Janeiro, Pedro escreveu:

Quando estávamos implementando a Trilha Transcarioca, Axel Grael me convidou para fazer uma avaliação das trilhas do Parque da Cidade de Niterói e perguntou se não queríamos estender a TT até o outro lado da baía.

Na ocasião opinei que não tínhamos pernas para fazer essa extensão naquele momento, mas concordei que a ideia era ótima e, à luz do que vi da malha de trilhas do PARNIT, me coloquei à disposição para ajudar em um segundo momento.

Agora, depois de ver os grandes avanços na gestão de trilhas levados a cabo tanto pelo Parnit quanto pelo INEA, em conjunto com o projeto que está sendo desenvolvido no MMA para estabelecer uma REDE BRASILEIRA DE TRILHAS DE LONGO CURSO, acho que essa hora chegou.

Recentemente, em conversa com Alex Figueiredo, gestor do PARNIT, verifiquei os avanços naquela unidade e o desejo de ligá-la ao PEST da Serra da Tiririca em trajeto a ser denominado Caminhos de Darwin.

A integração das trilhas do PARNIT à Transcarioca e às trilhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET), poderão aumentar em muito a visibilidade e atrair mais praticantes do ecoturismo para Niterói, beneficiando a população local, gerando empregos e movimentando a economia da cidade.

Como primeiros passos para a conexão das iniciativas do Rio e de Niterói, Pedro Menezes sugeriu:

"Em uma primeira fase, acho que o Movimento Trilha Transcarioca pode sinalizar do Morro da Urca até a Estação das Barcas, enquanto em Niterói a sinalização seria feita da estação Charitas ao Parnit e do Parnit até o PESET Serra da Tiririca, valorizando também no caminho a RESEX Marinha Estadual de Itaipu".

Trilhas de Longo Curso

Além da integração com a Transcarioca, propõe-se que Niterói se integre ao planejamento do ICMBio para a estruturação de trilhas de longo curso, que cruzarão diversas regiões do país.

A Mensagem de Pedro Menezes ofereceu mais detalhes do que planeja fazer:

Nesse sentido, informo que a proposta está totalmente alinhada com a Trilha de Longo Curso Nacional Oiapoque x Chuí, uma das quatro trilhas escolhidas para comporem inicialmente a REDE BRASILEIRA DE TRILHAS DE LONGO CURSO. Inicialmente, a Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso será composta dos seguintes percursos:

(1) Trilha Oiapoque x Chuí (ligando o extremo sul do Brasil à foz do Oiapoque, no extremo norte do litoral brasileiro);

(2) Trilha Estrada Real (ligando o Rio de Janeiro/ Angra dos Reis/ Paraty a Diamantina/ Goiás Velho);

(3) Caminho do Peabiru (ligando o Parque Nacional do Iguaçu ao litoral paranaense);

(4) Caminho dos Goyazes (ligando o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros ao Parque Estadual goiano da Serra Dourada).

Segundo o planejamento, cada Trilha de Longo Curso nacional será formada a partir do somatório de trilhas de longo curso regionais, que terão identidade, planejamento, operação, estratégia de geração de emprego e renda, e governança individuais. Cada Trilha Nacional será, portanto, o resultado da soma sucessiva de trilhas regionais e locais, em que o final de uma será também o início da seguinte. Assim, a governança da Trilha Nacional será uma federação das governanças de cada uma das Trilhas Regionais e Locais.

Seu ponto de estruturação inicial será as trilhas já existentes e em operação. No caso específico da Trilha Oiapoque x Chuí, está previsto que as Trilhas Regionais já em operação e em diversos estágios de estruturação que, inicialmente, formarão sua espinha dorsal incluem:

(1) Rota dos Faróis (ligando Chuí a Cassino). Já largamente percorrida mas sem sinalização;

(2) Caminho das Araucárias (ligando o Parque Estadual gaúcho do Caracol ao Parque Nacional de São Joaquim). Já com 75 km sinalizados em várias UCs;

(3) Trilha Transfloripa (ligando o Parque Estadual catarinense da Serra do Tabuleiro à Ilha de Santa Catarina e a Ilha à APA do Anhatomirim); em fase de estudos.

(4) Trilha do Litoral Paranaense (ligando a APA de Guaraqueçaba ao Parque Estadual paulista da Ilha Comprida); Já largamente percorrida mas sem sinalização;

(5) Trilha do Ouro (ligando o Parque Estadual paulista da Serra do Mar ao Parque Nacional da Bocaina); Já largamente percorrida mas sem sinalização;

(6) Trilha Transmantiqueira (ligando o Parque Estadual paulista de Campos do Jordão ao Parque Estadual mineiro da Serra do Papagaio, passando pelo Parque Nacional de Itatiaia e pela APA da Mantiqueira); Em fase de implementação. O primeiro trecho a ser sinalizado, será a Travessai da Serra Negra, com 36 km, no Parque Nacional do Itatiaia.

(7) Trilha Transcarioca (ligando o Parque Estadual Fluminense da Pedra Branca ao Parque Nacional da Tijuca e, por meio da Baía de Guanabara, à APA de Guapimirim); Implementada.

(8) Caminhos da Serra do Mar (ligando a APA de Guapimirim ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos à APA de Petrópolis e ao Parque Estadual Fluminense dos Três Picos); Implementado no PARNASO;

(9) Trilha Passos de Anchieta (ligando o Parque Nacional do Caparaó à Reserva Biológica de Comboios); Já largamente percorrida mas sem sinalização;

(11) Rota do Descobrimento (ligando o Parque Nacional dos Abrolhos ao Refúgio de Vida Silvestre de Una); Já largamente percorrida mas sem sinalização. Deverá começar a ser sinalizada já em 2018.

(12) Trilha da Costa dos Corais (atravessando a APA da Costa dos Corais); Já largamente percorrida mas sem sinalização;

(13) Rota das Emoções (ligando o Parque Nacional de Jericoacoara ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses); Já largamente percorrida mas sem sinalização;

(14) Rota das Reentrâncias Maranhenses (ligando São Luiz a Belém pelas Reservas Extrativistas das Reentrâncias Maranhenses e do Salgado Paraense); Em planejamento.

(15) Travessia Aquática do Arquipélago do Marajó (ligando Belém a Macapá); Em planejamento.

(16) Rota Aventura Amazônica (ligando Macapá ao Oiapoque). Em planejamento.

Caminho de Darwin

A integração das trilhas do PARNIT com a Transcarioca e as trilhas do PESET seriam denominadas Caminho de Darwin. Pedro Menezes acrescentou ainda as seguintes ideias:

Entendo que o Caminho de Darwin pode ser uma alternativa paralela ao Caminho da Serra do Mar, ao longo do litoral, ligando Niterói a Jurubatiba e mais além até se juntar á opção que vem pela serra no trajeto Passos de Anchieta.

A proposta de promover a integração das trilhas do PARNIT às do Rio, às do PESET - através da ciclovia Translagunar ou através da ligação com o setor Darcy Ribeiro do PESET, e seguindo adiante através de Marica e os municípios seguintes já faz parte do Plano de Manejo do PESET.

Também, tem sido objeto de diálogos que temos tido com o ambientalista Paulo Bidegain e com os operadores de ecoturismo e cicloturismo, Lenauro Mendonça e Evandro Sathler, que atuam em empresa sediada em Niterói e que já oferecem programas com estas características, atraindo ecoturistas e cicloturistas do exterior e de outras partes do país.

Enfim, as propostas são muito bem-vindas e chegam em boa hora. A integração do PARNIT e suas trilhas em um contexto regional e nacional elevará a importância das políticas públicas de conservação da natureza promovidas em Niterói. 

Mais uma vez, agradeço ao Pedro Menezes por atender a cidade de Niterói e coloca-la nos ambiciosos planos do ICMBio de implantar o ambicioso projeto da Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso.

Certamente, o que está em gestação no ICMBio é o fortalecimento de uma cultura nacional de valorização de parques, trilhas e turismo de caminhadas, temas estes nos quais o Brasil encontra-se muitas décadas defasado com relação a outros países. 

Vamos em frente, arregaçar as mangas para viabilizar as propostas trazidas pelo ICMBio e o incansável Pedro Menezes, sempre militando pela causa dos parques brasileiros.

Axel Grael
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói



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