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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Desmatamento pode favorecer novas pandemias



Com o desmatamento das florestas, aumenta a aproximação de humanos com outros primatas, facilitando a transmissão de doenças

Diversas pandemias já foram causadas por vírus transmitidos de animais para humanos, como HIV, Sars-CoV e Sars-CoV-2. Essas e outras patologias podem ser causadas pelo desmatamento contínuo para uso agrícola do solo ou habitação humana, aproximando animais silvestres e seus vírus das pessoas. É o que afirma um novo estudo publicado na revista Landscape Ecology.

A pesquisa buscou entender como os comportamentos humanos podem influenciar o aumento da incidência de doenças, em especial com a prática do desmatamento. Com a fragmentação de habitat, os seres humanos passaram a ter um contato mais frequente com animais silvestres.

Pelo menos 70% das enfermidades registradas desde a década de 1940 tiveram origem em animais, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Com mudanças causadas pelo ser humano na natureza e o aumento mundial do consumo de carne requisitando mais áreas para criação, outras doenças podem atingir diferentes partes do planeta de forma rápida.

Como o desmatamento favorece pandemias

Desmatamento aproxima humanos e primatas silvestres. (Fonte: Shutterstock)


O desmatamento e a fragmentação da paisagem foram identificados como processos que permitem a transmissão direta de infecções zoonóticas. Certos comportamentos humanos oferecem oportunidades de contato direto entre humanos e primatas não humanos selvagens (NHP).

Para entender o tamanho do perigo dessa aproximação, a pesquisadora Laura Bloomfield analisou famílias de indivíduos que tiveram contato com NHP e comparou com aquelas que não tiveram entre 2011 e 2015. A combinação de dados espacialmente explícitos sobre o uso da terra e os comportamentos humanos é crucial para a compreensão dos fatores sociais e ecológicos do contato humano-NHP, de acordo com a pesquisa.

O estudo ainda conclui que o aumento da densidade em torno das residências, bem como a coleta de alimentos na floresta e pequenas árvores para construção aumentam a probabilidade de contato de humanos com outros primatas. A destruição de ambientes naturais favorece a disseminação de doenças naturais de outros primatas e animais silvestres, e o desmatamento faz que com as espécies selvagens percam seu habitat e passem a viver próximas às pessoas, trazendo vírus que podem acabar causando pandemias.

Pandemia favorece desmatamento

Floresta pode se transformar em grande savana. (Fonte: Shutterstock)


O desmatamento na Amazônia bateu recorde no primeiro trimestre de 2020, quando os olhos do mundo estavam voltados para a pandemia causada pelo novo coronavírus. Sumiram 796 quilômetros quadrados de mata, um aumento de 51% em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Um estudo publicado no Climate News Network afirma que 2020 é crucial para a Floresta Amazônica, que pode atingir um ponto em que não será mais possível recuperá-la. Caso o ecossistema entre em colapso, toda a área da mata pode se tornar uma savana em 50 anos. Nos últimos 12 anos, a Amazônia perdeu 177 mil metros quadrados para o desmatamento, segundo o Inpe; destes, 10 mil quilômetros foram destruídos apenas em 2019, o que representa crescimento de 60% em relação à área perdida em 2012.

Fontes: Medical News Today, Prodes/Inpe e SpringetrLink.

Fonte do texto: Estadão







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