OUTRAS PÁGINAS DO BLOG

domingo, 22 de setembro de 2019

230 investidores de fundos no valor de U$$16,2 trilhões cobram ações de empresas contra desmatamento na Amazônia






Suzana Camargo

Os incêndios que destruíram milhares de hectares da Floresta Amazônica no Brasil, mas também em países vizinhos, como Bolívia, chamaram a atenção do mundo inteiro. O presidente Jair Bolsonaro foi responsabilizado por sua falta de ação imediata em combater o fogo e por sua política de desmonte e enfraquecimento dos órgãos de proteção ambiental no país.

Mas empresas também tem sua parte de responsabilidade na tragédia ambiental. Elas financiam as cadeias produtivas que retiram da floresta recursos para viabilizar seus negócios. Muitas companhias não monitoram o trabalho de seus fornecedores e não mostram preocupação, por exemplo, se a madeira extraída na Amazônia é proveniente de desmatamento ilegal ou não.

Ontem (18/09), a organização não-governamental americana Ceres, que trabalha com alguns dos principais fundos de investimentos e companhias globais, divulgou um documento cobrando corporações por ações contra o desmatamento da Amazônia.

O documento assinado por 230 investidores, que juntos administram ativos no valor de cerca de U$$16,2 trilhões, quase R$ 70 trilhões, conclama empresas que tomem medidas urgentes “à luz dos devastadores incêndios na Amazônia, que foram alimentados em parte por causa do desmatamento que ocorre a uma taxa alarmante no Brasil e na Bolívia”.

Na declaração pública, os investidores pedem às companhias mais responsabilidade em suas operações e cadeias de suprimentos globais.

“Como investidores, que têm o dever fiduciário de agir no melhor interesse de longo prazo de nossos beneficiários, reconhecemos o papel crucial que as florestas tropicais desempenham no combate às mudanças climáticas, protegendo a biodiversidade e assegurando serviços ecossistêmicos”, diz o texto.

Entre as medidas sugeridas pelos gestores desses fundos estão:

  • Divulgar e implementar publicamente uma política específica de não desmatamento de commodities, com compromissos quantificáveis e com prazo determinado, cobrindo toda a cadeia de suprimentos e geografias de fornecimento;
  • Estabelecer um sistema transparente de monitoramento e verificação para conformidade do fornecedor com a política de não desmatamento da empresa;
  • Relatório anual sobre exposição e gerenciamento de riscos de desmatamento, incluindo progresso em direção à política de não desmatamento da empresa.

“Por muito tempo, a discussão sobre mudanças climáticas concentrou-se no setor de energia. Há uma necessidade urgente de se concentrar mais no gerenciamento eficaz das cadeias de suprimentos agrícolas ”, afirma Jan Erik Saugestad, CEO da Storebrand Asset Management. “O desmatamento e a perda de biodiversidade não são apenas problemas ambientais. Existem efeitos econômicos negativos significativos associados a essas questões e representam um risco que nós, como investidores, não podemos ignorar”.

Leia também:

Investidores internacionais pressionam cadeias de fast food a reduzir emissões de carbono
Burger King é cúmplice no desmatamento do Cerrado, denuncia organização internacional
Plantio de soja no Brasil expande 310% nos últimos anos e em grande parte sobre áreas de vegetação nativa
Rede de criminosos usa violência e intimidação para realizar desmate ilegal na Amazônia


Fonte: Conexão Planeta











Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contribua. Deixe aqui a sua crítica, comentário ou complementação ao conteúdo da mensagem postada no Blog do Axel Grael. Obrigado.