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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Vela terá plataforma de monitoramento visando aos Jogos de 2020



Confederação vai acompanhar de perto os velejadores e formará rede de informações com dados mais precisos

Marcio Dolzan / RIO, O Estado de S. Paulo
24 Agosto 2017 | 07h03

Esporte que mais trouxe medalhas de ouro olímpicas ao País, a vela está ganhando um aliado importante visando pódios nos Jogos de Tóquio-2020: uma plataforma para gestão de informação e acompanhamento de atletas brasileiros. A intenção da Confederação Brasileira de Vela (CBVela) é monitorar velejadores com potencial olímpico e formar, ao mesmo tempo, uma grande rede de informações com dados que vão desde locais de disputas até regulagem de barcos.

Batizado de Sailing Solutions, o software foi desenvolvido sob medida para a CBVela a partir de um programa que já era utilizado pelo técnico espanhol Javier Torres, que treina as campeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze.


Cristina Gil, Daniel Santiago e Walter Böddener durante apresentação do software Sailing Solutions, da CBVela. Foto: Fabio Motta/Estadão


“O grande objetivo dessa plataforma é gerir o conhecimento em quatro grandes pilares: acompanhar a preparação detalhada dos atletas que a gente identifica como destaques, ter gestão de informação das áreas de competição, ter gestão de informação das classes olímpicas e uniformizar o planejamento dos velejadores”, explica Daniel Santiago, diretor executivo da confederação.

Santiago ressalta que a plataforma não será um simples banco de dados, mas um programa voltado a velejadores de ponta – inclusive no que diz respeito a sua formação. “Esse sistema está ligado a um programa de desenvolvimento individual de atletas”, diz o diretor. “Nem sempre quem ganha um campeonato é o melhor velejador.”

O programa permitirá que atletas e técnicos insiram dados como programação de treinos e de disputas, além de informar questões técnicas, como regulagem dos barcos e condições de ventos nas regatas disputadas. Isso permitirá que a CBVela saiba, por exemplo, o que os atletas do País poderão encontrar em disputas futuras. O melhor exemplo é a própria Olimpíada de Tóquio, já que competições no Japão não são das mais comuns.

“A vela é um esporte que lida com uma série de variáveis – tem regulagem do barco, condição local, o jeito de velejar. Uns são melhores largando, outros na tática de regata”, comenta Daniel Santiago. “Isso ficava muito na percepção dos treinadores, sem que fosse organizado e mapeado de maneira profissional, que nos desse gestão do conhecimento.”

O programa será lançado no próximo dia 5, em Recife, durante a Copa da Juventude – principal competição nacional da vela jovem. Um treinamento será dado para técnicos que têm programas de treinamento definidos. Técnicos da seleção brasileira também já estão sendo preparados.

A intenção da CBVela é que nos próximos anos a inserção de dados se torne obrigatória por parte dos treinadores e principais atletas do país – estima-se que o número fique entre 250 e 300 profissionais. “O programa junta muito conhecimento e muita ciência. Hoje, não tem como desacoplar ciência do esporte. Questões envolvendo preparador físico, nutricionista, fisiologista, essas informações vão estar todas inseridas”, destaca Walter Böddener, um dos técnicos da CBVela.

Quem inserir os dados terá acesso a informações que ajudarão no desenvolvimento da própria preparação. Mas a gestão total dos dados ficará restrita a praticamente uma pessoa: o medalhista olímpico Torben Grael, que é coordenador técnico da CBVela. “Os acessos são por nível de informação. O Torben vai ter o login máster e vai poder olhar todos os atletas do Brasil, regulagens e afins. Outros técnicos não vão ter essa informação”, ressalta Daniel Santiago.

Financiamento. O projeto custou US$ 60 mil (R$ 190 mil), valor que não precisou ser desembolsado pela confederação. “O Comitê Olímpico Internacional (COI) tem uma comissão, que é a Solidariedade Olímpica Internacional. Ela busca apoiar ideias, projetos, com os comitês nacionais, para o desenvolvimento esportivo, tanto de atletas quanto de treinadores”, explica Cristina Gil, Gestora de Alto Rendimento do Comitê Olímpico do Brasil (COB). “Apresentamos o projeto, ele passou pelo aval da Federação Internacional de Vela e foi aprovado no programa de projetos especiais da Solidariedade Olímpica.”

O valor foi utilizado para a compra do servidor, licenças, pagamento de coordenadores, capacitação e customização do software. Até os Jogos de Tóquio-2020, o COI bancará os custos anualmente.

NÚMEROS

O Brasil tem hoje cerca de 3.200 velejadores em atividade
Cerca de 320 atletas de Vela Jovem (até 18 anos)
16 atletas na Equipe Brasileira de Vela
10 classes olímpicas
10 classes pan-americanas
10 classes jovens

Fonte: Estadão


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