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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Empresários cariocas adotam a bicicleta como meio de transporte


Augusto Cesar Guimarães Freire vai trabalhar no Centro de bicicleta - Daniela Dacorso / Agência O Globo

Emanuel Alencar

Engenheiros deixam carro na garagem e percorrem sobre duas rodas trecho de 14km entre Ipanema e Centro

RIO — A repaginação do Centro, que vem sendo desenhada pela prefeitura nos últimos anos, tem na restrição dos veículos de passeio um dos capítulos principais. Cariocas que sempre cultivaram o hábito de tirar o carro da garagem para trabalhar na região estão de cabelo em pé com o corte de 1.449 vagas rotativas na região, buscam alternativas aos caros estacionamentos privados e não hesitam em criticar a má qualidade do transporte público. Há um mês, os empresários Augusto César Freire, 55, e Lucas Monteiro, 23, resolveram radicalizar: passaram a ir ao trabalho de bicicleta ao menos três vezes por semana. Os engenheiros moram em Ipanema e percorrem os 14km que separam suas casas do escritório, na Candelária, em 45 minutos.

Empolgado, Augusto construiu um bicicletário no prédio de sua empresa, com capacidade para abrigar cinco “magrelas” e está feliz da vida com o meio de transporte adotado:

— Seria interessante a Associação Comercial e a prefeitura desenvolvessem bicicletários por todo o Centro. Como o escritório é meu, tomei a iniciativa de construir um bicicletário próprio. Outros colegas demonstraram interesse em vir de bike. De carro, eu nunca vou. Só uso mesmo para viajar. Não tem condições de acessar o centro de automóvel, é besteira. Quem mora na Zona Sul tem outras opções melhores.

O empresário destaca que o caminho de sua casa à porta do trabalho é praticamente todo percorrido em ciclovias. Mas ele reconhece que, ao cair à noite, evita retornar ao lar de bicicleta, por falta de segurança no Aterro do Flamengo.

— Se estiver escuro, uso o transporte público, não me arrisco. Tenho ouvido muitos relatos de assaltos na altura do Museu de Arte Moderna (MAM). Essa é uma questão que precisa melhorar.
O alto preço dos estacionamentos ajuda a explicar a aposta em meios de transportes alternativos. O GLOBO percorreu, na quarta-feira, três estacionamentos da região central: Garagem Menezes Côrtes, Santa Luzia e Cinelândia. Juntos, os estabelecimentos têm vagas para 4.800 veículos. Em todos eles, os preços subiram mais do que a inflação de 2012 para este ano. O aumento mais significativo foi registrado no Menezes Côrtes: quem estaciona por até uma hora paga R$ 16, ou 33,3% a mais em relação a julho do ano passado (R$ 12). Neste intervalo de tempo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação medido pelo IBGE, avançou em ritmo mais lento: 6,27%.
Há, entretanto, quem não vê outra alternativa senão tirar o carro da garagem. Morador de Nova Iguaçu e empresário do ramo de mineração, Heverton Oliveira, de 29 anos, precisa ir três vezes por semana a um escritório do Centro. Mesmo ciente dos altos preços, ele opta por estacionar na garagem subterrânea da Cinelândia, cujo serviço é operado pela Estapar. Desembolsa R$ 48,50 por deixar o carro estacionado por cinco horas, mas mesmo assim prefere a comodidade de se deslocar 39km em seu veículo. Heverton argumenta que o transporte público ainda deixa muito a desejar.

— Os trens estão um caos e parar o carro na rua é uma loteria. Você ainda corre o risco de ter o veículo rebocado. Não tem muito jeito: a gente é obrigado a pagar esses preços abusivos — afirma.
O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osorio afirma que objetivo das restrições das vagas é incentivar o uso do transporte público:

— Uma possibilidade é a ampliação da utilização de bicicletas. O sistema Bike Rio vai ampliar de 70 para 270 vagas no Centro, em breve. Teremos ainda ciclofaixa na Zona Portuária. Os hábitos vão mudar.

Fonte: O Globo

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