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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Região Serrana do RJ: lições aprendidas e lições não aprendidas

No último fim de semana estive novamente na Região Serrana do Rio de Janeiro, palco da tragédia que em janeiro de 2011 ceifou mais de 900 vidas, deixou cerca de 350 pessoas desaparecidas e causou danos ambientais nunca antes vistos. Foi a maior tragédia ambiental já registrada no Brasil. Hospedei-me em Vieira e percorri a estrada Teresópolis - Friburgo, onde ocorreram alguns dos maiores problemas.

O cenário é um misto de esperança, comoção e muita preocupação. Por um lado, vê-se os vilarejos se recuperando e a vida voltando à rotina. As histórias de solidariedade, com agentes da Defesa Civil e voluntários que se dedicaram por dias a fio, até que as vítimas fossem resgatadas, a região fosse limpa e a situação voltasse ao normal (se é que se pode dizer isso, com tanta destruição, mortes e desaparecidos até hoje).

Ao conversar com os moradores ouve-se relatos incríveis, tristes e comoventes. Pessoas que nunca mais encontraram seus parentes. Uma criança que vimos brincando, soubemos que foi salva da enxurrada ao ser agarrada pelos cabelos. Dramas que estarão nas memória de cada um daqueles moradores e de cada um de nós que se depara com aquela cena.

Eu imagino a revolta da população local, após passar por tanto sofrimento e agora ser exposta às denúncias de corrupção que já causaram o afastamento dos prefeitos de Teresópolis e de Nova Friburgo. Se as denúncias se confirmarem: é o fim!!! Roubar as verbas destinadas às vítimas de tragédia deveria ser considerado crime hediondo!!!

O QUE MEUS OLHOS VIRAM E MEU CORAÇÃO SENTIU

O drama


Deslizamentos em encostas rochosas e em altitudes elevadas. Todo esse material que se desprendeu veio parar nas áreas mais baixas dos vales. Foto Axel Grael.

O colapso de uma encosta inteira, no Município de Nova Friburgo (próximo à queijaria escola). O deslizamento causou dezenas de mortes. Foto Axel Grael.  

Código Florestal: a foto mostra a importância da proteção florestal do topo de morro (acima). A falta de proteção das florestas pode ter facilitado o deslizamento. O rio, abaixo, teve a várzea entulhada de sedimentos. As águas do rio escavam persistentemente um novo leito. Foto de Axel Grael.

Matacões de rochas transportadas pela enxurrada foram parar no meio das áreas de produção agrícola os fundos de vales. Foto de Axel Grael. 


Apesar da tragédia, parece que nem todos aprenderam...


Área de cabeceira do rio que passa em Vieira, Teresópolis. Apesar da morte de dezenas de pessoas devido à avalanche de lama levada pelo rio, a encosta onde houve deslizamento (a direita) foi atingida por queimadas dias antes da foto (a menos de um ano da tragédia). Muitas outras encostas com risco geológico estavam queimadas. Foto Axel Grael. 

Apesar da destruição, edificações reconstruídas insistem em invadir área da margem do rio, em Vieira, Teresópolis. Como podem as autoridades permitirem que o erro se repita? Foto Axel Grael. 

Mesmo após a tragédia, a várzea do rio ainda soterrada de sedimentos, volta a ser invadida por construções ilegais. Vieira, Teresópolis. Foto Axel Grael.

Axel Grael
Novembro, 2011.

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Leia também: Promessas voláteis, memória curta, dramas recorrentes

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