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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Contra ilhas de calor, Stuttgart tem 60% de cobertura verde

Mesmo em meio aos carros, o verde tem presença de destaque na cidade alemã/Foto: k.a.i.

Em Stuttgart, na Alemanha, nasceram grandes fábricas automobilísticas, como Mercedes-Benz, Porsche e Bosch. Mas se por um lado os automóveis são considerados um dos principais vilões do aquecimento global, em razão das emissões de gases-estufa, também é verdade que a cidade alemã é referência mundial no quesito sustentabilidade, pois alcança atualmente 60% de cobertura vegetal.

Stuttgart é uma cidade modelo quando o assunto é o combate às ilhas de calor. A prefeitura investe desde os anos 1980 em uma rede de cinturões verdes, nos quais o plano diretor proíbe edificações, que funcionam como "corredores" de vento. Mesmo fora dos cinturões, a malha verde abrange ruas, trilhos de trem, parques públicos, telhados de casas e edifícios. O principal objetivo é evitar a concentração de ar quente e de gases do efeito estufa.

Capital do Estado de Baden-Württemberg, no Sudoeste da Alemanha, a cidade tem cerca de 600 mil habitantes – na região metropolitana são 2,7 milhões. "Stuttgart fica em um vale; é rodeada por montanhas. Isso já dificulta naturalmente a circulação de ar, já que as serras formam barreiras que diminuem a velocidade dos ventos", explicou ao Estadão.com o climatologista Ulrich Reuter, responsável pelo Departamento de Climatologia Urbana da prefeitura de Stuttgart.

Os investimentos em corredores e áreas verdes começaram na década de 1930, quando a prefeitura começou a contratar meteorologistas para resolver o problema do aquecimento causado pela topografia. "O desenvolvimento urbano-industrial intensificou esse processo a partir da década de 1970. Desde então, uma série de mapeamentos e estudos desenvolvidos pelo nosso departamento culminou em um atlas climático, que teve sua nova edição publicada em 2008", afirmou Reuter.

Por meio do atlas, a prefeitura conseguiu identificar as áreas edificadas que mais atrapalham a circulação de ar, no intuito de estabelecer parâmetros legais para a conservação. "A lei ambiental protege 39% da área de Stuttgart, onde são proibidas novas construções. Temos 5 mil hectares de florestas, 65 mil árvores em parques e 35 mil nas ruas, 300 mil metros quadrados de telhados verdes e 32 quilômetros de trilhos de bonde onde, a partir de 2007, foi plantada grama", destacou Reuter. Mesmo assim, segundo o Departamento de Climatologia, 6% da superfície da cidade estão sujeitos a stress térmico, que leva à formação de ilhas de calor, por períodos de mais de 30 dias.

O case de Stuttgart é exemplo de ação preventiva para o superaquecimento e os efeitos das mudanças climáticas nas cidades. Kobe, no Japão, utiliza a metodologia do atlas climático da cidade alemã como referência para pensar corredores e áreas verdes.

Para a professora Maria Fernanda Lemos, do mestrado em Engenharia Urbana da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, o investimento em infraestrutura verde não pode ser pensado apenas sob o ponto de vista da cobertura vegetal, mas deve incluir aspectos de construção sustentável. "Você precisa usar uma série de estratégias, da vegetação ao revestimento de edifícios, por exemplo."

Fonte: Ecodesenvolvimento

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