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sexta-feira, 20 de julho de 2018

Defesa Civil de Niterói coordena ação para a interdição de prédio em Santa Rosa



Profissionais necessitaram de equipamentos especiais para realizar a inspeção nas dependência do edifício. Douglas Macedo



Carolina Ribeiro

Edifício é interditado em Santa Rosa

Após inspeção, antigo hospital deve receber ação de limpeza

Após dois agentes da Guarda Municipal de Niterói passarem mal ao entrarem em um prédio de uma antiga unidade hospitalar da Avenida Ary Parreiras, em Santa Rosa, na noite da última quarta-feira, homens do Grupamento de Operações com Produtos Perigosos (GOPP) do Corpo de Bombeiros foram chamados para uma inspeção no local na manhã desta quinta-feira (19). No edifício, foram encontrados restos mortais de animais e lixo hospitalar que oferecem risco à saúde. O local foi isolado e deve passar por uma ação conjunta de limpeza com equipes da Prefeitura de Niterói a partir desta sexta-feira.

De acordo com o secretário de Defesa Civil do município, tenente-coronel Walace Medeiros, que comanda a ação conjunta, os guardas-municipais entraram no local após moradores denunciarem a invasão do edifício por usuários de drogas. Dois dos agentes se sentiram mal, com dor de cabeça e tontura, o que suscitou o alerta para que o prédio fosse inspecionado. Depois da vistoria do GOPP, foi montado um plano de ação emergencial para a retirada dos materiais que oferecem risco à população, como lixos hospitalares.

“Por se tratar de material hospitalar, não poderíamos descartar o risco radiológico, tóxico e infectante. Apesar de não ter sido encontrado risco radiológico, há gases de produtos químicos que permanecem no local, assim como restos hospitalares, portanto, há um risco à saúde humana. O local vai permanecer isolado até que a ação emergencial acabe para evitar que alguém entre e tenha problemas de saúde”, afirmou, completando que os agentes foram atendidos por equipes da Samu e liberados sem gravidade.

Ao chegarem no local na manhã desta quinta, o GOPP realizou uma varredura nos quatro andares da antiga instituição e constatou possíveis causas para o mal-estar dos agentes por conta dos materiais encontrados. Havia restos mortais de pombos, fezes e comida fora da validade, além de galões de tinta velhos e restos de material hospitalar.

“Fizemos uma leitura do índice de gás sulfídrico, monóxido de carbono, oxigênio, radiação e limite de explosividade e nenhum deu alteração. Fora isso, detectamos materiais biológicos abandonados pela unidade, como resto de coleta de sangue e caco de vidro, o que também é um risco para a saúde. O risco radiológico está descartado porque o tomógrafo da unidade está desmontado”, explicou o Capitão Frederico Cardoso, responsável pela equipe do Corpo de Bombeiros.

De acordo com o infectologista e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Marcos Lago, o contato com fezes de aves, como o pombo, e morcegos pode causar doenças como criptococose e histoplasmose, caso o contato seja prolongado, principalmente, em pessoas imunossuprimidas, mas não são contagiosas.

“As fezes liberam fungos que podem ficar em suspensão no ar, propício para a inalação. São doenças com baixa incidência no contato imediato, mas que há maiores riscos nestes ambientes abandonados e em locais onde há moradia, por isso, o ideal é o uso da máscara de proteção. Se não tratados, a criptococose pode chegar a uma meningite, enquanto a histoplasmose acarreta em doenças de pulmão”, esclarece o especialista, que alerta para que quem tiver tido contato com fezes de aves deve procurar um médico.

Por ser um edifício particular, a Prefeitura de Niterói entrará com um pedido de liberação de documentação na Procuradoria do município para que uma equipe especializada entre e faça o recolhimento dos materiais em segurança e a limpeza necessária do espaço. A ação conta com equipes da Vigilância Sanitária, Samu, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal, Clin e a Defesa Civil, que coordena a operação emergencial.

Local de referência em cardiologia em Niterói durante anos, o Procordis foi abandonado após fechar as portas. Segundo moradores, o local não funciona há seis anos e, desde então, sofre invasões constantemente por pessoas em situação de rua e usuários de drogas.


Fonte: O Fluminense











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