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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

SANEAMENTO - POLUIÇÃO CONDENA A MORTE 70 DOS 77 RIOS E CANAIS DO RIO


Salvando rios

O estudo descrito na matéria retrata um drama do Rio de Janeiro: a poluição dos rios causado pela falta de saneamento. Não é um problema exclusivo da Cidade do Rio de Janeiro, mas das regiões metropolitanas e de quase todas as cidades do país.

Em Niterói, ainda sofremos o mesmo problema, apesar do crescente reconhecimento dos esforços da cidade na agenda do saneamento. Segundo o ranking divulgado pelo Instituto Trata Brasil, Niterói melhorou significativamente nos últimos três anos e saltou do 14 lugar para a sexta posição dentre as melhores cidades do país em saneamento, contando com um elevado índice de esgoto coletado e tratado. Com os investimentos ora em curso (R$ 120 milhões), desenvolvidos pela Prefeitura através da Concessionária Águas de Niterói, a cidade alcançará a universalização do saneamento em 2018.

O resultado é um grande contraste com os demais municípios da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara, onde vários populosos municípios ainda tratam zero ou muito pouco do esgoto produzido, sobrecarregando de poluentes os rios e a própria Baía.

Mas, o caso de Niterói comprova que não basta apenas a infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto. É preciso mais para que os investimentos em saneamento representem ganhos de qualidade ambiental nos rios.

Para avançar para uma melhor qualidade ambiental, a Prefeitura de Niterói vem investindo em iniciativas como as seguintes:
  • Campanha "SE LIGA": uma parceria da Prefeitura de Niterói com o INEA, visando obrigar que imóveis que não estejam conectados à rede de esgoto o façam. Os imóveis não conectados são identificados e mapeados, os proprietários são notificados e recebem um prazo para providenciar a conexão.
  • Programa Enseada Limpa: iniciativa coordenada pelo Gabinete da Vice-Prefeitura de Niterói, atua com iniciativas de saneamento na Bacia Hidrográfica da Enseada de Jurujuba, visando melhorar a qualidade das águas da enseada. Os resultados expressos pelos índices de balneabilidade divulgados pelo INEA mostram que a Enseada está melhorando rapidamente. Temos a convicção que a Enseada de Jurujuba será a primeira parte da Baía de Guanabara a ser considerada despoluída.
  • PRO-Sustentável: através deste programa, a Prefeitura de Niterói vai investir numa iniciativa inédita no país: a renaturalização do Rio Jacaré, que deve se constituir na primeira experiência brasileira em um rio urbano.
O saneamento é um grande desafio. Temos refletido muito e buscado experiências exitosas de saneamento, principalmente para as comunidades, onde a densidade urbana é muito alta, os arruamentos são irregulares e estreitos e a declividade do terreno torna a implantação e a operação de redes muito mais difícil.

Mesmo em cidades onde o problema de coleta e tratamento de esgoto é uma questão superada há tempos, ainda perseguem avanços para a limpeza dos seus rios. É o caso das cidades na bacia da Baía de Chesapeake, nos EUA. A estratégia de despoluição dos rios e da Baía de Chesapeake tem hoje como prioridade a solução do que chamam de "storm water", ou seja, a poluição causada pela microdrenagem das áreas urbanas, em particular ruas e estradas. Consideram que pelas águas de enxurradas chegam a maior parte dos poluentes aos rios, além do carreamento de sedimentos que causam o assoreamento.

Enfim, ainda há muito o que se avançar para que a Região Metropolitana do Rio de Janeiro supere o atual estado de degradação dos seus rios e, por consequência, a Baía de Guanabara. Mas, o importante é que, apesar da gravidade do problema, alguma histórias de sucesso estão sendo construídas.

Axel Grael
Vice-Prefeito
Niterói



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POLUIÇÃO CONDENA A MORTE 70 DOS 77 RIOS E CANAIS DO RIO





Para especialistas, situação agrava crise hídrica: água não pode ser usada para consumo humano
Flavio Araújo

Rio - Na cidade que tem o nome de Rio, os rios nem agonizam mais: estão mortos. De 77 rios e canais que cortam a cidade, 70 morreram, ou seja, 90% deles não possuem mais oxigênio. Estudo da Fundação SOS Mata Atlântica monitorou e recolheu água de 14 rios e canais que cortam a cidade entre março de 2104 e fevereiro de 2015. Segundo os parâmetros da Agência Nacional de Águas (ANA), sete apresentaram qualidade péssima da água e outros sete, ruim. O panorama é ainda mais desolador, de acordo com o ambientalista Mário Moscatelli, que há anos monitora rios e lagoas no Rio: “A esses 14, podemos somar 49 rios de 55 da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara e sete dos oito do sistema de Jacarepaguá: todos mortos”.

Nenhum dos rios monitorados por ele atingiu o nível 35 de uma escala de zero a 100 (água limpa), criada nos Estados Unidos e que leva em conta, além de coliformes fecais, níveis de oxigênio e outros componentes químicos, como fósforo e nitrogênio. “São valões, tomados por metano e gás sulfídrico, com cheiro de ovo podre. Saneamento nunca foi prioridade e continua a não ser para os governos”, dispara o biólogo.

Em momento de crise hídrica, o exemplo é de desperdício do recurso que garante a vida no planeta. “Não estamos com falta d’água porque estamos no semiárido. Estamos com falta d’água porque nós poluímos, deixamos os rios indisponíveis”, adverte Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica. Ela explicou que a água classificada como ruim ou péssima não pode ser consumida e nem serve para a produção de alimentos, o que mostra o tamanho do problema.

Segundo ela, esses indicadores revelam a precária condição ambiental dos rios urbanos monitorados que, somada aos impactos da seca, reforça a necessidade urgente de investimentos em saneamento básico. “A falta d’água na Região Sudeste é agravada pela indisponibilidade decorrente da poluição e não apenas da falta de chuvas”, afirma.

Moradores dos morros do Fallet e da Mineira, no Catumbi, ficam desolados ao ver o Rio Papa-Couves nascer limpo, no alto de Santa Teresa, e receber esgoto no trajeto até o Canal do Mangue. “Já tentei várias vezes junto à prefeitura, pelo menos, a construção de um reservatório, que estocasse parte da água ainda limpa para que a comunidade usasse, já que falta água encanada de vez em quando, mas dizem que a legislação ambiental não permite”, contou o presidente da Associação de Moradores do Fallet, Flávio Mazzaro. “Aqui o rio chega já em péssimas condições. Um trecho ganhou o apelido de ilha dos ratos”, detalhou o presidente da associação da Mineira, Pedro Paulo Ferreira.

Rio Maracanã, na altura da Rua José Higino, na Tijuca, registra um dos piores índices de qualidade da água
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
 
Solução tem, mas falta responsável

Para Malu Ribeiro, o processo de despoluição de um rio exige educação ambiental, para que não se jogue lixo, e criação de estações de tratamento de esgoto. “Temos tecnologia e é possível fazer. A Floresta da Tijuca foi reflorestada por ordem do Imperador Dom Pedro II porque o Rio de Janeiro estava sem água. O sistema Cantareira, em São Paulo, foi feito por engenheiros ingleses no século retrasado. Não aprendemos com a história”.

O DIA procurou quatro órgãos públicos para saber sobre medidas tomadas ou planos para melhorar a qualidade das águas da cidade. Sobre as críticas de Moscatelli, a Cedae informou que a preservação dos rios depende de trabalho integrado de governos e indústrias. A empresa ressaltou que avança com coleta e tratamento de esgoto em diversas áreas do estado nos últimos oito anos.

Sobre a despoluição de rios, informou que a responsabilidade é da Secretaria Estadual do Ambiente (SEA). Por sua vez, o órgão disse que a maior parte dos rios listados é monitorada pelo município. Já a Secretaria Municipal de Meio Ambiente alega que não faz despoluição de rios e preferiu que a reportagem questionasse a Rio Águas, que não respondeu.
 
Fonte: O Dia
 
 
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CONHEÇA OS DADOS DO ESTUDO DA SOS MATA ATLÂNTICA

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