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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Torben Grael em entrevista para o jornal O Fluminense

Mestre dos mares: velejador Torben Grael conta seus planos para 2011

Maior medalhista olímpico brasileiro, Grael falou sobre projeto olímpico, volta ao mundo, violência, olimpíadas no Rio de Janeiro, Niterói e investimento para o esporte no Brasil



Maior medalhista olímpico brasileiro - dois ouros (Atlanta-1996 e Atenas-2004 classe Star), uma prata (Los Angeles-1984 classe Soling) e dois bronzes (Seul-1988 e Sidney-2000 classe Star), atual campeão da Regata de Volta ao Mundo, melhor velejador do planeta eleito pela Federação Internacional de Vela (ISAF) e tetracampeão mundial, o niteroiense Torben Grael conversou com a reportagem de O FLUMINENSE na Orla de Búzios, durante a 5ª Regata de Veleiros Clássicos, vencida por ele, e falou sobre Projeto Olímpico, Volta ao Mundo, violência, Olimpíadas no Rio de Janeiro, Niterói e investimento para o esporte no Brasil.

ENTREVISTA Torben Grael

Como você avalia esse seu primeiro ano completo no retorno à campanha olímpica ao lado de Marcelo Ferreira?

Olha, a gente velejou alguns bons eventos, mas velejamos pouquíssimo em termos de horas e dias. Porque eu tinha outros compromissos, o Marcelo também. Além disso, o Marcelo, agora no final do ano teve que operar o joelho, então a gente fica velejando nos eventos, mas não entre os eventos. Não é o ideal porque dificulta pra gente na hora de pegar ritmo, mas os eventos que velejamos fomos bem. Ficamos em terceiro no Sul-Americano e no Mundial, oitavo no Europeu e sexto no Pré-Olímpico. Então, foram ótimos resultados e nos entusiasmam um pouco para continuar tentando uma classificação.

E o que vocês esperam para o ano de 2011?

A gente espera conseguir fazer mais eventos, corrigir mais e evoluir mais, pegar um ritmo novamente e, é claro, precisamos mais de apoio também pra tentar buscar essa vaga.

E sobre o fato de você ter deixado as Olimpíadas de Pequim, em 2008, para participar da Volta ao Mundo. Foi algo pessoal que você gostaria de alcançar, tem algum arrependimento de não ter disputado os Jogos? O que pesa mais para você, a Regata de Volta ao Mundo ou um projeto olímpico?

São decisões que não são nesse ritmo de um ou outro. Depois de 2004, a gente fez a Volta ao Mundo com o Brasil 1, foi em 2005/2006. Aí em 2006/2007 eu fiz a Copa América, então nossa eliminatória durou cerca de seis meses e não é o tempo ideal para chegarmos com uma preparação boa. Então seria uma campanha olímpica não ideal e por outro lado eu tinha a proposta da Ericsson de fazer a Volta ao Mundo com uma equipe de ponta e com grande patrocinador e toda estrutura e com tempo de preparação. E fizemos uma belíssima regata e conquistamos o título. Eu fico contente com minha decisão e acho que foi muito bom.

Sobre a Star ter saído dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O que você, como um dos grandes nomes da vela e da categoria, vai tentar fazer para ajudar a classe a retornar para o Rio-2016?

Vamos tentar defender a classe nos Jogos Olímpicos no Brasil, pois interessa ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e a nossa equipe que haja a permanência. E, ao longo dos anos, o País tem tido um destaque na classe. Vendo a Olimpíada aqui no Brasil, acho que os organizadores têm que ter o bom senso.

A violência no Rio pode atrapalhar as Olimpíadas ou você acredita que o País está caminhando para ter sucesso nos Jogos?

A violência não atrapalha somente nos Jogos Olímpicos, mas atrapalha no modo geral todo. É uma coisa que precisa ser enfrentada e não adianta ficar botando a poeira por debaixo do tapete. É uma situação de fato que precisa ser enfrentada e não por causa dos Jogos Olímpicos, ainda mais por causa dos Jogos Olímpicos. É alguma coisa que precisamos encarar com soluções duradouras, não com situações paliativas.

Como você avalia os atletas olímpicos de Niterói, no caso você, o Marcelo, seu irmão Lars Grael, sua filha Martine que se uniu com a Isabel Swan?

Niterói há muito tempo é um grande formador de talento, de bons velejadores. Tem boas condições, boa estrutura de clubes e acho que isso é um dos ilustradores e com iniciativas como a do Projeto Grael, damos oportunidades a outra pessoas, saindo do âmbito dos clubes, deixando mais democrático o esporte.

Para as próximas Olimpíadas, tem algum atleta de outro esporte que você acredita que possa se destacar e conquistar medalhas para o Brasil?

O vôlei é um esporte que tem tido vários resultados expressivos para o Brasil, mas é um esporte que leva grande investimentos com equipes grandes e que responde com poucas medalhas. Por outro lado você tem o boxe, as lutas, a natação, atletismo, que são esportes que têm um número grande de medalhas e deviam receber um apoio maior.

Você acha que o Brasil deve investir em modalidades que transformam várias pessoas em atletas olímpicos, mas trazem menos medalhas ao País ou investir em menos atletas, no caso de forma individual, e que podem trazer mais medalhas? Você acredita que se deve melhorar a quantidade de medalhas do Brasil em Olimpíadas ou formar maior número de atletas olímpicos?

O importante é que o esporte olímpico seja um reflexo do que é o esporte no país e a gente precisa que mais pessoas pratiquem esportes no país e esportes diferentes e que a gente tenha um cardápio variado de ídolos e de pessoas que sobressaem no esporte. Para isso precisamos difundir a prática do esporte no Brasil, e difundindo essa prática, a gente vai estar melhorando a saúde das pessoas e daí o quadro é uma consequência.

Fonte: O Fluminense

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