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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Informações sobre o Projeto Grael no site do Prêmio Empreendedor Social 2010

Axel Grael, presidente do Projeto Grael.

Quem é ele?
Axel Schmidt Grael, 52, engenheiro florestal e ambientalista, casado, nasceu em São Paulo e mora em Niterói (RJ).


Organização: Instituto Rumo Náutico/Projeto Grael
Ano de fundação: 2000
http://www.projetograel.org.br/


O Projeto Grael trabalha a cultura da maritimidade e amplia o acesso aos esportes náuticos, utilizando sua prática como instrumento de educação, estímulo à profissionalização e promoção da cidadania. É pioneiro no país no uso da vela como ferramenta central de capacitação e inclusão social. Com programas voltados para estudantes da rede pública de ensino de 9 a 24 anos de idade, o instituto atende a cerca de 700 jovens por ano em sua sede, em Niterói, e já formou mais de 10 mil pessoas ao longo de 12 anos. Atualmente, opera outra unidade em Três Marias (MG) e estuda a viabilidade de abrir mais de dez franquias sociais em diversos Estados.


Mar de oportunidades

Engenheiro florestal inova ao fazer dos esportes náuticos instrumentos de educação, profissionalização e integração social

SILVIA DE MOURA
ENVIADA ESPECIAL A NITERÓI(RJ)

Aos cinco anos, o engenheiro florestal Axel Schmidt Grael, 52, ganhou seu primeiro veleiro. O brinquedo foi um presente do avô materno, um dinamarquês apaixonado pelo esporte a vela. O barco foi batizado com o nome de Munin (memória), um dos corvos mensageiros de Odin, na mitologia nórdica. Ao irmão menor, coube um barco com o nome do outro corvo, Hugin (pensamento). Os veleiros, da classe pinguim, tinham 11 pés –ou 3,4 metros de comprimento.

Os garotos eram tão pequenos que nem tinham peso suficiente para comandar o barco. De início, ele velejava com pessoas mais velhas e, aos poucos, foi se aventurando sozinho. "Eu saía às 7h, navegava, virava, e um marinheiro do clube ia me buscar e trazer de volta para a praia. Tirava a água do barco, ia, virava, e ele ia me buscar, sempre me dando bronca por eu ter ido de novo e tão longe." Na teimosia da criança nascia o velejador.

Aos 17 anos, cansado de voltar com o barco e o corpo sujos após velejar na baía de Guanabara, Axel organizou uma manifestação contra as fábricas de sardinha, que lançavam rejeitos no mar. Ele reuniu a "garotada" (cerca de 70 embarcações) e fizeram uma regata de protesto em volta de uma ilhota. A ação resultou na fundação da ONG More (Movimento de Resistência Ecológica) _"o nome era bem adolescente, bem década de 1970". Naquele momento surgia o ambientalista.

A briga seguinte foi pela preservação da serra da Tiririca (RJ) e a transformação do local em um parque. A campanha rendeu a indicação para que presidisse o Instituto Estadual das Florestas. "A tramitação do projeto andou, e eu peguei na outra ponta, já com a responsabilidade de implantar o parque." Axel foi ainda presidente da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) e subsecretário estadual do Meio Ambiente.

"Meu futuro estava na profissão que eu escolhi, nem tanto como atleta. Mesmo se eu tivesse me dedicado, mas por talento, por opção e até por biotipo, não teria ido tão longe quanto eles [Lars Grael e Torben Grael, medalhistas olímpicos] foram."

Diz que Lars é um relações-públicas por excelência, e Torben, muito pragmático e objetivo. Define a si próprio como o homem da concepção e da gestão. Ele acredita que a natureza de cada irmão confere um bom equilíbrio para o Instituto Rumo Náutico.

Reconhece que a vela é um esporte caro, mas com a vantagem de não ser feita apenas por donos de embarcações. "Um barco precisa de uma tripulação. Muita gente às vezes deixa de velejar, deixa de competir, por falta de tripulantes. Nós temos uma fábrica de tripulantes à disposição."

Sobre os alunos do Projeto Grael, brinca que tem 350 filhos por semestre. E se emociona ao lembrar de um ex-beneficiário. "Ele nos mostrou a carteira de trabalho assinada e falou: 'Meu pai nunca teve isso'". O primeiro salário do jovem era superior ao do pai. "De certa forma, consegui reunir profissão, hobby e utopia em torno de uma mesma coisa", resume Axel.

INOVAÇÃO

O Projeto Grael é pioneiro no uso de esportes náuticos para o desenvolvimento de programas sociais, educativos e ambientais, tendo obtido reconhecimento pela Isaf (International Sailing Federation) como uma iniciativa inovadora e de referência para países em desenvolvimento.

A inovação acontece em duas frentes:
  • no objeto, ao ter construído sua ação na cadeia produtiva da indústria náutica e voltada para atender estudantes da rede pública de educação;
  • no método, ao ter desenvolvido um programa educativo e profissionalizante usando como motivação o fascínio que os barcos exercem nos jovens. O aprender a velejar desdobra-se em oportunidades de aprender uma profissão e sobre ciências (meteorologia, oceanografia, física, materiais), ambiente e cidadania.
O projeto modificou o acesso de estudantes da rede pública aos esportes náuticos. Ao vislumbrar seu potencial educacional, vem mostrando que a náutica não precisa ser elitista nem exclusiva.

Entre suas atividades, merece destaque o programa ambiental, que prioriza a atuação em demandas reais e não na simulação de situações para fins pedagógicos. Por exemplo, em um dos projetos, os alunos cooperam efetivamente com pesquisadores, órgãos públicos e outras ONGs no estudo e monitoramento das condições ambientais da baía de Guanabara, enquanto em outro operam embarcações que retiram o lixo flutuante da baía.

SUSTENTABILIDADE

Com orçamento para este ano de R$ 2 milhões (um crescimento de 50% sobre o R$ 1,35 milhão de 2009), o Projeto Grael tem mais da metade de seu financiamento vinculado a projetos de patrocínio de empresas privadas, sobretudo por repasses ligados a leis de incentivo fiscal. Também tem no poder público (22%) importante fonte de recursos financeiros. Em momentos de crise (principalmente quando há atrasos de repasses, comuns em ano eleitoral), a organização tem recorrido a doações de um de seus fundadores, o velejador Torben Grael.

A fim de se precaver contra essa oscilação, trabalha atualmente para diversificar as fontes de receita e elaborou uma estratégia de manutenção e ampliação do relacionamento com cada parceiro. Também se prepara para gerar receita própria por meio de prestação de serviços especializados, como a realização de eventos náuticos (campeonatos esportivos) e corporativos.

Desde que o empreendedor social passou a se dedicar com maior regularidade ao instituto, em 2008, o Projeto Grael entrou em uma fase de profissionalização administrativo-pedagógica. Com uma equipe maior e qualificada, a organização apresenta atualmente um crescimento acelerado, porém estruturado, e tem boas perspectivas de atingir um porte maior no longo prazo.

Principais parceiros: Águas de Niterói, Bailly, BG Brasil, BMYD, Brasco, CCR, Cemig, Central de Penas, Colgate, Confederação Brasileira de Vela e Motor, Clin, Clube Naval Charitas, Compão, Corpo de Bombeiros, Criança Esperança, ESPN, Estaleiro Aliança, G-Comex, H2O Niterói, Instituto Baía de Guanabara, Instituto Wal Mart, Itaú Social, JP Morgan, Oi Futuro, Prefeitura de Niterói, Pró-Oceano, PMN, Ministério do Esporte, Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Unipli, Vinhas Advogados.

IMPACTO SOCIAL

No primeiro semestre de 2010, o Projeto Grael ofereceu 304 vagas para os cursos e programas náuticos educacionais em sua sede, em Niterói. Foram 231 vagas para as atividades do programa esportivo náutico e 73 para o programa profissionalizante. A unidade de Três Marias (MG) beneficia 200 estudantes da rede pública. No total, o instituto aponta ter beneficiado diretamente mais de 10 mil jovens nos 12 anos de existência (considerando o período pré-formalização).

Em 2009, foi criado um plano político-pedagógico responsável por sistematizar conhecimentos e monitorar e avaliar o impacto social sobre seus beneficiários. Desde então, vem efetuando coletas de dados com parte dos alunos (do grupo chamado de Estrelas do Mar, que são os com maior potencial esportivo), professores e escolas públicas. Entre os resultados, observou-se que os principais motivos de atração de jovens é aprender uma profissão e conquistar lugar no mercado de trabalho. Essas pesquisas, ainda incipientes, devem ser ampliadas no futuro.

Mais pontualmente, em 2008, foi realizada uma avaliação econômica e dos impactos sociais do projeto, utilizando a metodologia da Fundação Itaú Social. Os principais resultados demonstram que o programa profissionalizante aumenta em 27% a chance de o aluno obter um emprego, com taxa interna de retorno de 31%. Observou-se que, do grupo de tratamento, 62% estão trabalhando, 38% deles no mercado náutico, com média salarial mensal de R$ 534. Avalia-se que a organização deve trabalhar continuamente para aumentar esses índices.

Qualitativamente, a vela, além de ajudar a desenvolver o físico e o intelecto, promove autoestima, socialização e competição com solidariedade, como demonstram alunos entrevistados durante a visita. Parte deles já conquista títulos nacionais e regionais, atua como árbitros de regata e presta serviços profissionais em eventos náuticos, clubes e marinas.

ALCANCE E ABRANGÊNCIA

O Projeto Grael surgiu em Niterói (RJ), entre 1998 e 2000 (formalização). Um ano depois, uma unidade foi aberta em Vitória (ES) e, em 2004, em Maricá (RJ), ambas inativas atualmente. Em 2010, teve início a unidade de Três Marias (MG). Hoje, o instituto analisa a criação de dez unidades, sendo que em processo de negociação mais avançada estão Mundaú (CE), por iniciativa da comunidade local; Salvador (BA) e Rio Grande (RS), em parceria com empresas locais; Guarujá (SP), com a prefeitura e empresas do município; e Ribeirão das Lajes (RJ) e Santa Branca (SP), com patrocínio da Light, a exemplo do trabalho efetuado pela Cemig em Três Marias. Piraí (RJ), São Sebastião (SP) e Brasília (DF) são outros que demonstraram interesse no projeto.

Por iniciativa própria, está sendo organizada a Rede Náutica Educativa, reunindo outros trabalhos de náutica social e educativa no país. Para isso, foram realizados treinamentos em Recife, Fortaleza e Maceió. A partir de uma parceria internacional, a organização também tem um trabalho de implantação experimental em Maryland, nos EUA.

REPLICABILIDADE

A replicação do Projeto Grael é uma das premissas que constam de seu planejamento estratégico e diversas ações começavam a ser conduzidas nesse sentido durante a visita do prêmio, haja vista o interesse demonstrado por mais de dez municípios em multiplicar a experiência.

O instituto teve como laboratório o processo de replicação para os municípios de Vitória e Maricá. Neles, uma série de obstáculos foi enfrentada, em razão de interferências políticas (tentativa de uso do projeto para fins eleitoreiros, mudança de governo e quebra de contrato, burocracia e corrupção de órgãos públicos etc.), culminando com o fechamento de ambas as unidades (Maricá está em negociação para reabertura). As dificuldades recentes com atrasos de repasses e burocracia oriundos da Lei de Incentivo ao Esporte também serviram de norteadores para o projeto estabelecer a obrigatoriedade de haver patrocinador direto na abertura de novas unidades.

Nesse contexto, nota-se um esforço contínuo de mudança cultural em prol da documentação e da sistematização de rotinas, tendo como foco a decisão de desenvolver uma franquia social. Atualmente, as rotinas estão sendo sistematizadas com apoio do software Sagres, recém-criado pelo instituto como instrumento de uniformização metodológica com as unidades franqueadas. O software –hoje em processo de implementação– permitirá o registro de variadas informações pedagógicas e a geração de planilhas e gráficos de acompanhamento, além de facilitar a interação entre as diferentes áreas da organização, de forma automática.

POLÍTICAS PÚBLICAS

A iniciativa influencia políticas públicas no país. Inspirado no Projeto Grael, o ex-secretário Nacional de Esportes Lars Grael, cofundador do instituto, lançou o Projeto Navegar, implantado em mais de 30 localidades do país. A partir de 2003, na Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer de São Paulo, Lars implantou o Projeto Navega São Paulo, também com a tecnologia social do Projeto Grael. Assim, o número de unidades de náutica social no país, criadas sob inspiração do instituto, passa de 40. Deve-se ressaltar, porém, que a efetividade desses trabalhos muitas vezes é ameaçada pela falta de comprometimento dos núcleos.

Grande parte do trabalho de educação ambiental de despoluição e monitoramento da baía de Guanabara é realizada em parceria com pesquisadores de universidades federais.

Na cidade de Niterói, o Projeto Grael foi precursor de um programa que passou a ser estimulado pela prefeitura municipal, o Projeto Nomes, que reúne outros atletas com iniciativas sociais, como o Projeto Gerson (futebol), Projeto Fernanda Keller (triatlo) e o Projeto Tatuí (surfe). Outra parceria se dá com a Central de Penas Alternativas, que encaminha menores infratores da lei para trabalho no instituto. Com as escolas públicas, busca estabelecer um trabalho conjunto com benefícios aos alunos, mas não sem resistência por parte da engessada estrutura educacional.

Por fim, tendo em foco a democratização dos esportes náuticos, a organização trabalha para a construção de rampas públicas de acesso de embarcações à água, já que atualmente elas são exclusivas de clubes de iates. A iniciativa ainda não foi concretizada.

MÉTODOS E ESTRATÉGIAS

A náutica é transversal a todas as atividades do Projeto Grael. Da biblioteca especializada ao laboratório de informática, à educação ambiental e às oficinas profissionalizantes, o elemento central de trabalho são os esportes náuticos. Pelo poder de atração que exerce nos jovens, a vela é utilizada como ferramenta de aprendizado. A diferença do instituto para os clubes de iates, entretanto, além de seu público-alvo –estudantes da rede pública de 9 a 24 anos–, é que no projeto a vela é um meio, e não o objetivo. Enquanto nos clubes as crianças são obrigadas a competir, no Projeto Grael apenas 34 competem atualmente –todas, porém, aprendem a velejar.

O Projeto Grael prioriza a atuação em demandas reais e não na simulação de situações para fins pedagógicos. As atividades são coletivas – por exemplo, na oficina de marcenaria, todos constroem um caiaque como trabalho final. O método pedagógico também visa elevar a autoestima – muitas vezes combalida – dos alunos. Assim, quando apresentam bom desempenho, enviam-se aos pais cartas de elogio, fugindo à lógica tradicional e negativa de repreensão. Outro elemento estratégico é o vínculo de longo prazo com os alunos. Os cursos são divididos em módulos que podem ser cursados conforme o interesse dos estudantes; caso pretendam cumprir todo o programa, podem permanecer na organização por cerca de quatro anos.

GESTÃO

Sobretudo nos últimos dois anos, a organização reverteu o quadro de crescimento passivo e instável e, por meio da profissionalização da gestão administrativa e pedagógica, vem construindo uma base para a expansão contínua e sustentável. Angariou uma equipe de profissionais dedicados com a causa e com experiência tanto de mercado como na área social e adquiriu softwares de gestão financeira e pedagógica. A mudança vem se refletindo paulatinamente em sistematização e padronização dos processos e aumento de eficiência operacional, seja na atuação pedagógica, seja em marketing e na captação de recursos. Mais recentemente, a equipe lançou-se no desenvolvimento de um planejamento estratégico, apoiado pelo Instituto Hartmann Regueira em parceria com a Fundação Avina e o Instituto Unibanco. Nesse processo, foi também realizada uma revisão e atualização dos planos de curso e aula.

Todo esse trabalho é realizado a fim de superar os desafios diários do projeto, que ainda tem muito a evoluir, sobretudo em termos de sustentabilidade financeira e impacto social.

PROGRAMAS E ATIVIDADES
As ações educacionais são divididas em quatro programas principais:

Programa de Desenvolvimento Esportivo Náutico – para a iniciação esportiva na vela, remo e canoagem. Subdivide-se em quatro projetos:

  • Vela e Remo: facilitação do acesso aos esportes de vela, remo e outras práticas náuticas para jovens carentes;
  • Estrelas do Mar: visa viabilizar a participação de alunos e ex-alunos com os melhores desempenhos nas competições esportivas náuticas;
  • Monitores Náuticos: capacitação para atuar como auxiliar ou instrutor de vela;
  • Todos a Bordo (em implantação): objetiva dar uma oportunidade de acesso aos esportes náuticos, em particular à vela, para portadores de deficiência.
Programa Futuro de Vento em Popa – para capacitar profissionais para o mercado náutico e promover a empregabilidade. Subdivide-se em três projetos:

    Projeto Grael: Oficina profissionalizante de marcenaria.
  • Iniciação Profissionalizante: oficinas de fibra de vidro e materiais compostos, mecânica, carpintaria, capotaria, refrigeração e eletrônica e custo de gestor das embarcações;
  • Geração de Renda: em fase de conclusão, voltado para familiares dos alunos, que aprenderam a desenvolver e comercializar produtos ao público da área náutica;
  • Inclusão Digital Aplicada: prioriza sua aplicação em ferramentas ligadas aos aspectos náuticos, tais como regatas, e a cursos profissionalizantes, como apresentações, textos e planilhas relacionadas à vida profissional e acadêmica.
Programa Navegando no Conhecimento – são cursos de educação complementar subdivididos em cinco projetos:
  • Terra a Vista: conjunto de iniciativas que têm por finalidade promover o interesse e aproximar os alunos da atividade acadêmica, em que aprendem na prática disciplinas como ambiente, geografia, história, meteorologia e oceanografia;
  • Baía de Guanabara: estuda-se a dinâmica das correntes da baía de olho em sua despoluição. Os alunos lançam em pontos estratégicos na água derivadores oceânicos, aparelhos que emitem sinais de posição geográfica, velocidade e temperatura via satélite;
  • Niterói Águas Limpas: educação ambiental por meio da coleta de lixo flutuante da baía de Guanabara;
  • Caravela Cultural: por meio da arte, busca-se resgatar e promover a cultura da maritimidade e estimular a criatividade em torno de temas náuticos;
  • Física a Bordo (a ser implantado): visa aproveitar os potenciais educacionais da vela ou remo para ampliar os conhecimentos gerais e promover o reforço escolar.
Programa de Desenvolvimento Institucional – desenvolvimento de infraestrutura (obras de melhoria na sede), biblioteca náutica e projeto de voluntariado.

Samuel Gonçalves, ex-aluno do Projeto Grael

DEPOIMENTO

"No segundo semestre de 2001, eles fizeram uma palestra na minha escola. Foi meu primeiro contato com o esporte náutico. Eu já conhecia a praia, já nadava. Mas barco a vela nem tinha ouvido falar.

Fiz o curso o básico e depois o avançado. O curso era só dois dias na semana, e eu vinha os cinco dias da semana. Eu gostei tanto que vinha, ajudava o professor a dar aula, e sempre sobrava um barquinho. Eu pegava o último barquinho e ia velejar também.

Quando acabou o curso, eu e meus outros amigos ficamos botando uma pressão no Axel e nos coordenadores da época: 'Pô, a gente não quer sair'. Aí eles criaram o curso avançado 3 de regata, que só teve um semestre, só foi a nossa turma.

Foi só alguma coisa para manter a gente dentro do projeto. Em 2003, eu fui da primeira turma do profissionalizante, que durou um ano e meio. Nesse meio tempo, o pai de uma professora, que tem um barco grande a vela, precisava de dois tripulantes. Foi a primeira competição fora do projeto e a primeira medalha. A partir daí, eu tive meu contato já com os clubes, abri mais o universo.

Terminei o ensino fundamental e passei na escola técnica. O curso que escolhi foi máquinas navais. Passei então na Uerj em desenho industrial, por gostar de desenvolver novas coisas, resolver problemas e uma profissão que não me prendesse dentro do escritório.

Na classe ranger 22 sou tricampeão brasileiro como tripulante e bicampeão estadual como comandante do barco. Neste ano recebi o convite para participar do campeonato europeu da classe star. Nós terminamos em terceiro lugar master.

O Torben Grael estava participando e me convidou para ser tripulante dele no S40. Hoje em dia eu velejo com ele nesse barco de oceano para dez pessoas.

A minha vida é dividida em duas partes: antes e depois do Projeto Grael. Desde o dia em que pisei a primeira vez aqui, minha vida modificou completamente, deu uma guinada. Essa acolhida que eu tive foi muito parte do Axel. Ele é bem exigente, mas é uma pessoa tranquila, fácil de conviver. Se eu ficar uma semana sem velejar, fico doente."

Samuel Freitas Moraes Gonçalves, 23, estudante universitário, tricampeão brasileiro de vela e ex-aluno Instituto Rumo Náutico/Projeto Grael
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Fonte: apresentação de Axel Grael no site do Prêmio Empreendedor Social 2010.
Fotos de Renato Stockler/Na Lata

Um comentário:

  1. Fala Axel. Parabens. Ser finalista é uma grande vitória.
    Paulo Bidegain

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