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segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA: o mosquito, a Wolbachia e o Projeto Grael



Com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que esteve em visita a Niterói.

Prefeito Rodrigo Neves e o ministro Luiz Henrique Mandetta, liberando mosquitos contaminados com a bactéria Wolbachia: controle biológico.


Hoje, recebemos em Niterói o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que esteve na cidade para celebrar os resultados do método Wolbachia para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya. Mais recentemente, foi comprovado que é eficiente também para combater a febre amarela.

O evento aconteceu em frente à Clínica Comunitária na Rua Teixeira de Freitas, na Zona Norte da cidade.

Segundo informação da Fiocruz, a Wolbachia é uma "metodologia inovadora, autossustentável e complementar às demais ações de prevenção ao mosquito. Consiste na liberação do Aedes com o microrganismo Wolbachia na natureza, reduzindo sua capacidade de transmissão de doenças".

A Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti. Pesquisadores australianos descobriram Uma vez inserida artificialmente em ovos de Aedes aegypti, a capacidade do Aedes transmitir o vírus da zika, chikungunya e febre amarela fica reduzida.

Com a liberação de mosquitos com a Wolbachia, a tendência é que esses mosquitos se tornem predominante e diminua o número de casos associado a essas doenças.

Segundo informação do portal do Dr. Drausio Varella: 

"o objetivo de liberar mosquitos com Wolbachia na natureza é fazer com que eles se reproduzam e criem uma nova população de mosquitos que carregam a Wolbachia. Essa nova população, portanto, será inofensiva para os seres humanos. As picadas pelas fêmeas, é claro, continuam acontecendo normalmente, mas não há transmissão de vírus. Os mosquitos com a bactéria se reproduzem da seguinte forma:
- Fêmea com Wolbachia + Macho com Wolbachia = Filhotes com Wolbachia;
- Fêmea com Wolbachia + Macho sem Wolbachia = Filhotes com Wolbachia;
- Fêmea sem Wolbachia + Macho com Wolbachia = Filhotes não nascem".

Na década de 1920, pesquisadores australianos começaram a estudar a bactéria e, em 2008, o pesquisador da FIOCRUZ, Luciano Moreira, manteve contato com pesquisadores na Austrália e trouxe a técnica para ser aplicada no combate à dengue. Desde 2011, o Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates e National Institutes of Health já investiram no método Wolbachia R$ 31,5 milhões. 

Projeto Grael e a Wolbachia

Em 2013, quando o Rio de Janeiro enfrentava uma séria emergência com um grave surto de dengue, fomos procurados no Projeto Grael pelo pesquisador Luciano Moreira e técnicos da FIOCRUZ que solicitaram ajuda da nossa instituição para começar a liberação ainda em caráter experimental dos mosquitos inoculados com a bactéria.

Após conhecer bem a tecnologia e a ausência de riscos para os nossos alunos e equipe, nos colocamos à disposição e, como na época, eu exercia o cargo de vice-prefeito, aproximei os pesquisadores e a Secretaria Municipal de Saúde, de Niterói.


Armadilha para captura de mosquitos para fins de monitoramento. Equipamentos como este foram instalados no Projeto Grael. Fonte: Portal Drauzio


As primeiras liberações dos mosquitos contendo Aedes aegypti com Wolbachia no Brasil ocorreram em 2015 nos bairros de Jurujuba em Niterói e Tubiacanga na Ilha do Governador ambos no estado do Rio de Janeiro.

Em Jurujuba, a sede do Projeto Grael passou ficar disponível como apoio logístico para os pesquisadores, ajudamos na interlocução com a comunidade e envolvemos os nossos alunos no acompanhamento dos trabalhos de pesquisa e a equipe da FIOCRUZ passou a ser presença marcante na nossa instituição, inclusive colaborando em atividades educativas da nossa instituição.

Os resultados em Jurujuba começaram a aparecer e encorajaram a ampliação do projeto. A ação foi ampliada em larga escala em Niterói e em 2017 no município do Rio de Janeiro. Atualmente o WMP Brasil atende 29 bairros na cidade do Rio de Janeiro e 28 bairros de Niterói. No total, já são 1,3 milhão de pessoas beneficiadas no estado com o método Wolbachia. Além do Brasil, também desenvolvem ações do programa países como: Austrália, Colômbia, Índia, Indonésia, Sri Lanka, Vietnã, e as ilhas do oceano pacífico Fiji, Kiribati e Vanuatu (FIOCRUZ, 2019).


Resultados

Na visita do ministro Luiz Henrique Mandetta a Niterói, o sucesso do método Wolbachia foi reconhecido e houve o anúncio oficial que a técnica contribuiu para reduzir os casos de Chikungunya na cidade em 90%. Mas, o ministro alertou que o uso da Wolbachia não prescinde das demais medidas preventivas, como o controle de criadouros (acúmulo de água) e outras medidas adotadas pela Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Municipal de Saúde.

O ministro anunciou em Niterói, que “Belo Horizonte, Petrolina, Fortaleza, Manaus, Campo Grande e Foz do Iguaçu, que representam as características de cada região do país, serão as próximas cidades a receberem os insetos com a bactéria Wolbachia para vermos como eles funcionam em outros climas".

As ações de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti são permanentes e tratadas como prioridade pelo Governo Federal. Todas as ações são gerenciadas e monitoradas pela Sala Nacional de coordenação e Controle para enfrentamento do Aedes, que atua em conjunto com outros órgãos. A Sala Nacional articula com as 2.166 Salas Estaduais e Municipais as ações de mobilização e também monitora os ciclos de visita a imóveis urbanos no Brasil, que são vistoriados pelos agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias.

Para estas ações, a pasta tem garantido orçamento crescente aos estados e municípios. Os recursos para as ações de Vigilância em Saúde, incluindo o combate ao Aedes aegypti, cresceram nos últimos anos, passando de R$ 924,1 milhões, em 2010, para R$ 1,73 bilhão em 2018. Este recurso é destinado à vigilância das doenças transmissíveis, entre elas dengue, zika e chikungunya e é repassado mensalmente a estados e municípios. (FIOCRUZ, 2019)

É um orgulho saber que Niterói contribuiu para um método eficiente de saúde pública e que o Projeto Grael deu uma pequena contribuição para isso.

Axel Grael
Secretário
Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG
Prefeitura de Niterói



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Prefeito e ministro da Saúde liberam “mosquitos do bem” em Niterói

02/12/2019 – O prefeito Rodrigo Neves e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, participaram nesta segunda-feira (2) da liberação dos chamados “mosquitos do bem” na Clínica Comunitária da Família Dr. Antônio Peçanha, na Rua Teixeira de Freitas, no Fonseca. A tecnologia já se mostrou promissora no combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti (dengue, zika e chikungunya). A cidade de Niterói é pioneira no uso da nova técnica de prevenção que já abrange 90% do território.

Os insetos infectados com a bactéria Wolbachia já foram liberados em 33 bairros de Niterói e ajudaram na redução, ano passado, de 90% nos casos de Chikungunya na cidade. A tecnologia inibe a transmissão de doenças que atingem o ser humano.

As primeiras liberações dos mosquitos contendo Aedes aegypti com Wolbachia no Brasil ocorreram em 2015 nos bairros de Jurujuba em Niterói e Tubiacanga na Ilha do Governador. Em 2016 a ação foi ampliada em larga escala em Niterói e em 2017 no município do Rio de Janeiro. Além do Brasil, também desenvolvem ações do programa países como: Austrália, Colômbia, Índia, Indonésia, Sri Lanka, Vietnã, e as ilhas do oceano pacífico Fiji, Kiribati e Vanuatu.

“No início da gestão, em 2013, nós já tínhamos uma epidemia de dengue, que começou em 2012 e se estendeu por 2013. Na época, a cidade vinha de uma desorganização muito grande, com fechamento de várias unidades de saúde. Além de reconstruir o sistema de saúde, nós fizemos alguns contatos com pesquisadores da Fiocruz e a Prefeitura de Niterói acreditou nesse projeto e, em 2014 e 2015, desenvolvemos um projeto piloto em Jurujuba e os resultados foram muito positivos. Fomos gradativamente expandindo para toda a cidade, e a gente tem hoje 90% menos casos de dengue, zica e chikungunya do que em 2018. É o melhor resultado do Estado e de Niterói nos últimos 18 anos”, disse o prefeito Rodrigo Neves.

O ministro da Saúde disse que a experiência bem-sucedida em Niterói será levada para outras regiões do país

“Belo Horizonte, Petrolina, Fortaleza, Manaus, Campo Grande e Foz do Iguaçu, que representam as características de cada região do país, serão as próximas cidades a receberem os insetos com a bactéria Wolbachia para vermos como eles funcionam em outros climas. Vamos aumentar a capacidade de produção dos insetos. Vamos trabalhar também com outras tecnologias, como a vacina contra a dengue, que está sendo testada no Instituto Butantan, em São Paulo, para alcançarmos bons resultados, como os conseguidos aqui em Niterói”, disse o ministro Luiz Henrique Mandetta.

A secretária municipal de Saúde, Maria Célia Vasconcellos, lembrou as medidas adotadas no combate ao Aedes aegypti em Niterói.

“Niterói tem uma luta histórica contra a dengue. Temos uma enorme preocupação em enfrentar o Aedes aegypti. Aprendemos muito com as experiências internacionais, criamos uma metodologia com os dengódromos, com rapidez em hidratar nas policlínicas as pessoas infectadas nas comunidades. Até que nós tivemos a delicadeza de receber da Fiocruz essa experiência da Wolbachia. Nós ficamos preocupados inicialmente porque sempre combatemos o mosquito e reduzimos nossos indicadores de uma forma extraordinária”, disse Maria Célia.

Também participam da ação os deputados Paulo Bagueira (estadual) e Chico D’Ângelo (Federal); o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira; a presidente da Fiocruz, Nisia Trindade; e o pesquisador da Fiocruz e líder do World Mosquito Program no Brasil, Luciano Moreira.

Nesta etapa, o conjunto de bairros contemplados são Fonseca, Engenhoca, Cubango, Santana e São Lourenço.

Wolbachia - A metodologia adotada é inovadora, autossustentável e complementar às demais ações de prevenção ao mosquito. A Wolbachia é uma bactéria intracelular que, quando presente nos mosquitos, impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam dentro destes insetos. Não há qualquer modificação genética, nem da bactéria, nem do mosquito. A Wolbachia está naturalmente presente na maioria dos insetos, mas não é encontrada nos mosquitos Aedes aegypti.

Também faz parte do projeto a realização de ações prévias de engajamento e comunicação junto às comunidades locais e profissionais de saúde sobre a segurança do método e seu impacto no ecossistema.

As liberações dos mosquitos são realizadas semanalmente, durante 16 semanas, em grupos de bairros. Durante o monitoramento, é verificada a necessidade de realizar novas solturas pontuais. Em áreas onde é possível trafegar, a Fiocruz utiliza veículo para realizar a ação. Em áreas onde não é possível, as liberações são feitas por agentes das prefeituras.

Prevenção - Durante o período de seca, a população pode realizar ações de prevenção, basta tirar 10 minutos do dia para verificar se existe algum tipo de depósito de água no quintal ou dentro de casa, por exemplo. Uma vez por semana, lavar com água, sabão e esfregar com escova os pequenos depósitos móveis, como vasilha de água do animal de estimação e vasos de plantas.

Além disso, é preciso descartar o lixo em local adequado, não acumular no quintal ou jogar em praças e terrenos baldios. Limpar as calhas, retirando as folhas que se acumularam no inverno também é importante para evitar pequenas poças de água.

Cada pessoa pode ser um vigilante permanente de atenção à saúde, com isso não teremos dengue, zika e chikungunya.


Fonte: Prefeitura de Niterói



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