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quinta-feira, 7 de novembro de 2019

RETROCESSOS: Mundo avança para a sustentabilidade e o Brasil segue na contramão





É de indignar a irresponsabilidade com que o atual governo brasileiro está lidando com o nosso patrimônio natural, estimulando a destruição da Amazônia, Pantanal e outros biomas, praticando o desmonte da legislação e dos órgãos ambientais, para atender interesses de setores ruralistas retrógrados e que nos empurram para o descrédito mundial.

Duas matérias na imprensa hoje mostram o quanto o Brasil está perigosamente andando na contramão.

Vejam o contraste das notícias:

NA ITÁLIA - EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE: o noticiário matinal da Rede Globo, Bom Dia Brasil, apresentou reportagem sobre a decisão do governo italiano de incluir a sustentabilidade ambiental no centro do programa educacional das escolas italianas. Os alunos terão pelo menos uma hora por semana de conteúdos específicos de sustentabilidade e as demais disciplinas, como geografia etc, terão o tema como eixo condutor. O objetivo é estimular a formação de uma nova geração comprometida com a sustentabilidade.

Assista a matéria do Bom Dia Brasil

Enquanto isso...

NO BRASIL - BOLSONARO LIBERA PLANTIO DE CANA NA AMAZÔNIA E NO PANTANAL: Leia a matéria abaixo, publicada hoje no jornal O Globo e site G1, sobre a decisão do governo federal de liberar o cultivo da cana-de-açúcar na Amazônia e no Pantanal, antes proibidos por um decreto de 2009, revogado pelo presidente. A iniciativa atende os interesses da base ruralista do governo e aumenta a pressão para o desmatamento de novas áreas, a grilagem de terras e queimadas. É bom lembrar que o fogo ainda é parte do trato cultural praticado pela lavoura da cana na maior parte do país.

Axel Grael



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Governo revoga decreto que colocava limites para a expansão da produção de cana na Amazônia e no Pantanal

Segundo governo, decreto estava obsoleto e impedia investimentos na atividade. Para ambientalistas, decisão coloca em risco status de "produto verde" do etanol brasileiro, e, com isso, pode fechar portas no mercado internacional.

Por Mateus Ferreira e Rikardy Tooge, G1

O governo revogou nesta terça-feira (6) um decreto criado em 2009 que colocava limites para a expansão da produção de cana-de-açúcar em áreas, por exemplo, de floresta nativa, terras indígenas, a Bacia do Alto Paraguai e os biomas Pantanal e Amazônia. O fim da legislação foi assinado no evento de 300 dias de governo Jair Bolsonaro.

O decreto revogado impunha condições e locais de produção para que um agricultor ou uma usina pudesse conseguir financiamento agrícola.

Com o fim da legislação, em tese, não existem mais restrições para o plantio da cultura no país, podendo ser possível abrir áreas de produção em biomas que estão protegidos há uma década. Hoje, a atividade está concentrada no Sudeste e Centro-Oeste do país (veja mais abaixo).

Segundo empresas do setor e o Ministério da Agricultura, o texto revogado estava obsoleto e o Código Florestal de 2012 já coloca limites para o desmatamento.

Para ambientalistas, a decisão afrouxa o controle ambiental da produção agrícola, podendo colocar em risco o status de "produto verde" do etanol brasileiro, e, com isso, fechar portas no mercado internacional.

"Era o principal diferencial ambiental do biocombustível brasileiro. Foi esse decreto que impediu que as exportações de etanol do país sofressem restrições internacionais como as impostas ao biodiesel da Indonésia, ligado ao desmatamento", disse em nota o Observatório do Clima, uma rede que conta com 47 organizações não governamentais que tratam sobre o meio ambiente.

O governo anunciou a medida como uma modernização da atividade e afirmou que a decisão não vai incentivar o desmatamento.

"As legislações federal e estaduais mantêm restrições ambientais ao plantio de cana-de-açúcar no país. No âmbito federal, os empreendimentos relacionados à cultura têm de cumprir Código Florestal Brasileiro, que institui medidas protetivas mais atualizadas e condizentes com a realidade", disse o Ministério da Agricultura.

Ainda segundo o ministério, a legislação anterior criava “restrições que impactavam negativamente as usinas de açúcar e etanol, que enfrentavam dificuldades para financiar a produção". Números do setor mostram que a atividade apresenta crescimento constante mesmo com a restrição (veja mais abaixo).

Para a União das Indústrias da Cana-de-Açúcar (Unica), o setor continuará cobrando desmatamento zero dos produtores, citando a política nacional de biocombustíveis, o Renovabio, que a partir de 2020 vai dar incentivos e crédito para que a produção deste tipo de combustível seja ampliada no país.

"Para ingresso no programa, a grande aposta do setor, nem mesmo o desmatamento permitido em lei será aceito. Desmatou, está fora do Renovabio, pois o etanol, e todos os nossos produtos, devem ser sustentáveis do início ao fim", disse em nota o presidente da Unica, Evandro Gussi.

Restrição não impediu crescimento

Os números do setor mostram que a restrição não impediu o crescimento da produção de etanol e açúcar no país.

No caso do combustível, as usinas produziam 10,5 mil metros cúbicos no início dos anos 2000 para produzir 33,1 mil metros cúbicos na última safra.


Produção de etanol no Brasil — Foto: Arte G1


No caso do açúcar, o setor saiu de 16,2 milhões de toneladas na temporada 2000/2001 para 29 milhões de toneladas na última safra.


Produção de açúcar no Brasil — Foto: Arte G1


Produção está concentrada no Centro-Sul


A produção de cana-de-açúcar no país está concentrada nos estados do Sudeste (6 milhões de hectares) e Centro-Oeste (2,16 milhões de hectares) do país. Há incentivo do governo para que a atividade cresça no Nordeste (937 mil hectares).


A cana-de-açúcar teve produção menor na última safra e deve repetir a queda neste novo ciclo — Foto: Rodrigo Sanches/G1


O Brasil produziu 620 milhões de toneladas de cana na última safra em uma área de 8,58 milhões de hectares. No início dos anos 2000, a produção era de 256 milhões de toneladas.

O maior estado produtor de cana é São Paulo, com uma área próxima dos 5 milhões de hectares. Na última safra, foram colhidas 325 milhões de toneladas.

Nos 9 estados que compõem a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão) a produção de cana na última safra ocupa 313,8 mil hectares, sendo a maior parte em Mato Grosso (228,8 mil hectares).

Na região, foram colhidas 22,9 milhões de toneladas. Acre, Amapá e Roraima não tem produção, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

No bioma Pantanal, que fica localizado entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, a área de cana no território sul-matogrossense é de 647,4 mil hectares, com produção de 49,9 milhões de toneladas.


Fonte: G1




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