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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

GREEN BONDS: Aumenta o interesse de investidores em empresas que promovam responsabilidade socioambiental



O jornal O Globo publicou hoje uma matéria interessante mostrando como investidores no mercado de capitais tem sido atraídos para os chamados "papéis verdes" (green bonds), ou seja, ações de empresas que promovam responsabilidade socioambiental, igualdade de gênero e outras atitudes sociais.

A matéria de Gabriel Martins indica vários fundos, os critérios para investimentos e a respectiva rentabilidade.

Axel Grael




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Green Bonds Foto: Reprodução


Fundos apostam em ‘papéis verdes’ para atrair investidores

Cresce busca por aplicações em empresas que promovam responsabilidade socioambiental e igualdade de gênero

Gabriel Martins

RIO - Na semana passada, o Banco Central ( BC ) reduziu mais uma vez a taxa básica de juros, e a Selic renovou seu piso histórico: 5% ao ano . Ou seja, o rendimento da renda fixa ficará ainda menos atraente. Alguns investidores, no entanto, continuam a ter resistência à renda variável, não só pelo maior risco, como por não quererem investir em empresas que poluem o meio ambiente, por exemplo.

Esse movimento, mais forte nos países ricos, já foi percebido pelo mercado brasileiro, e atualmente já é possível investir sem abrir mão de suas convicções.

A mais nova integrante do grupo é a corretora Warren, que semana passada lançou seu primeiro “ fundo verde ”, que investe em empresas socialmente responsáveis. Batizado de Warren Green, o fundo acompanha três indicadores: o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), o Índice de Governança Corporativa (IGC) e Índice Carbono Eficiente (ICO2), todos da Bolsa brasileira, a B3. Além disso, a corretora conta com um índice próprio para avaliar as empresas e, caso necessário, retirá-las do fundo.

- Criamos o fundo a partir da demanda de clientes por alternativas de investimentos que têm propósito. Estão listadas tanto empresas brasileiras quanto estrangeiras - afirma Thomaz Fortes, gestor de fundos da Warren.

Atualmente, cerca de 20 empresas fazem parte do Warren Green, como as brasileiras Natura, TIM e Renner. Entre as estrangeiras, encontram-se a Microsoft, a Tesla (de carros elétricos) e a Beyond Meat (que produz “carne vegetal”), por exemplo. A aplicação mínima é de R$ 100, e a taxa de gestão do fundo é de 0,5% ao ano.

Lançado em setembro de 2018 pelo Banco do Brasil, o Fundo BB Equidade lista em sua carteira empresas que adotam ou incentivam práticas de equidade de gênero. Para selecionar essas companhias, o banco usa como referência os Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEP, na sigla em inglês), da ONU.

— Consideramos empresas nacionais ou estrangeiras que têm BDRs (recibos de ações de companhias estrangeiras negociadas no Brasil) para compor o fundo. Atualmente, há cerca de 21 empresas no BB Equidade — diz Jorge Ricca, gerente executivo de fundos multimercado e ações do Banco do Brasil. — Entre as ações do fundo estão Renner, Magazine Luiza, Pepsi e Microsoft.

A aplicação inicial no BB Equidade disponível para clientes do varejo é de R$ 200, com taxa de administração de 2% ao ano. Em setembro, o fundo contabilizou um patrimônio de R$ 45 milhões. O Banco do Brasil tem ainda o Fundo ISE, que se inspirou no nome e nos parâmetros do ISE, da B3. Criado em dezembro de 2005, a aplicação inicial é de R$ 15, com taxa de administração de 2,5% ao ano.

Apesar de os índices servirem de guia, é preciso atenção. A mineradora Vale, por exemplo, fazia parte do ISE até fevereiro deste ano. A empresa só foi excluída após o desastre em Brumadinho (MG).




Opções conservadoras

Para quem não abre mão de aplicações mais conservadoras, também há investimentos de renda fixa que se importam com a causa social. É o caso do Fundo AZ Quest Azimut Impacto Social, distribuído pela gestora AZ Quest. Criado em novembro de 2016, ele converte os recursos da taxa de administração, que é de 0,8% ao ano, para projetos de impacto social em regiões carentes de São Paulo. A aplicação mínima é de R$ 1 mil.

O fundo repassa os valores para a Artemisia, uma organização sem fins lucrativos que estimula negócios de impacto social. A Artemisia, por sua vez, investe os recursos na Aceleradora de Negócios de Impacto da Periferia (Anip), que atua na capital paulista.

— A busca pelo fundo ainda é menor do que gostaríamos. Atualmente, temos R$ 26,6 milhões sob gestão, mas a intenção é que o fundo cresça ainda mais — ressalta Walter Maciel, presidente-executivo da AZ Quest.

A busca por aplicações que visam à sustentabilidade ou ao impacto social ainda é pequena no Brasil, avalia Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama. Mas ela vê espaço para crescer.

— No exterior, a busca por investimentos com propósito social é grande. Aqui, esse mercado ainda dá os primeiros passos. Há espaço suficiente para que produtos “verdes” sejam lançados — diz. — Com uma busca maior por renda variável, corretoras e gestoras terão de criar produtos diferenciados para atrair os clientes. Dessa forma, as alternativas sustentáveis têm espaço para crescer.

Embora o mercado ainda seja pequeno, há outras opções para buscar algo mais que rentabilidade. Na Órama, por exemplo, além do fundo da AZ Quest, há o JBI. Criado em setembro de 2005 e hoje com patrimônio de R$ 24 milhões, o fundo tem em sua carteira apenas empresas comprometidas com boas práticas de ética e governança. A aplicação mínima é de R$ 1 mil, com taxa de administração de 2% ao ano.

Foco na educação

Já o Macro Capital One FIC FIM, criado em agosto deste ano, tem uma aplicação mínima mais salgada: R$ 20 mil. Com taxa de administração de 1,8% ao ano, o fundo destina 1% dos lucros a projetos de educação.

E será lançado em breve o Equitas Mãos Amigas, cuja taxa de administração também será repassada a projetos de educação. A aplicação mínima será de R$ 5 mil, com taxa de administração de 2% ao ano.


Fonte: O Globo









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