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domingo, 18 de agosto de 2019

Marco Grael após ouro no Pan-Americano: ioga e meditação para chegar à Olimpíada de Tóquio



Foco em Tóquio. Atleta quer vaga na Olimpíada Foto: Bruno Kaiuca / Bruno Kaiuka


Ouro no Pan, velejador lembra sua trajetória no esporte, atribuindo os bons resultados ao amadurecimento que conquistou com a experiência, aliada à ioga e à meditação

Lívia Neder

NITERÓI — Desde pequeno, Marco Grael , o mais novo medalhista deouro da família Grael , fez das águas da Baía de Guanabara o quintal de casa. Base que contribuiu para a recente conquista da classe 49er , nos Jogos Pan-Americanos de Lima , ao lado do amigo Gabriel Borges . Assim, a família tem motivos em dobro para comemorar, já que a caçula e campeã olímpica e mundial Martine Grael também trouxe ouro do Peru, comKahena Kunze , na classe 49erFX ( a dupla ganhou medalha de ouro na mesma categoria nos Jogos Olímpicos do Rio ). Se no início velejar era diversão para Marco, passou a ser desafio e inspiração. Agora, o foco é garantir vaga nas Olimpíadas de Tóquio , no ano que vem. A ioga e a meditação são as novas aliadas a bordo.









Aos 30 anos, Marco conta que foi no Pan de Lima que, pela primeira vez, sentiu-se totalmente conectado com a meditação:

— Meu pai (Torben) sempre me transferiu muito conhecimento, mas no momento em que vem uma mudança do vento, diante de uma tática diferente dos seus adversários, você tem que estar o tempo inteiro tomando decisões. E nem sempre minha tomada de decisões foi a melhor para conseguir resultados. Nesse ponto, a experiência fala mais alto. Amadureci em relação a vários outros aspectos com ioga e meditação, trabalhando minha concentração para enxergar melhor variáveis importantes — diz o atleta, que mora sozinho em São Francisco.

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Ele credita parte da mudança à namorada, a surfista Camila, que mora no litoral paulista e o apresentou à meditação. Já os primeiros avanços na vela estão associados à mãe, a veterinária Andrea Soffiatti.

— Minha mãe me ensinou a velejar, me levava no barco dela, enquanto meu pai competia. Ela já competiu também e, quando eu e minha irmã Martine crescemos, abriu mão das velejadas e até da profissão para cuidar da gente. Ela nos mostrou esse esporte lindo. Sempre que acompanhamos meu pai em campeonatos, ela visitava os lugares, explorava com a gente as trilhas e aventuras.

Com a irmã, Marco conta que, nas competições, velejaram bastante, juntos e em barcos separados, participando dos eventos em que se reúnem todas as classes:

— Na maioria das vezes, ela conseguiu sair com resultado bom e eu com uma certa dificuldade de chegar entre os primeiros.

Mais novo, ele queria ser engenheiro naval, porque sempre gostou de barcos e de entender como eles funcionavam:

— Gostava de modelagens, fazia pequenos modelos. Acompanhava meu pai e tentava reproduzir aqueles barcos enormes em que ele velejava. Meus pais sempre me apoiaram, mas nunca me empurraram para competir. Se pudessem escolher, acho que não teriam escolhido. É uma vida difícil, instável. Você está o tempo inteiro viajando e correndo atrás de patrocínio. Eles sabiam quão difícil é e que poucos atletas conseguem viver do esporte, viver do vento — conclui o velejador.

Ele e Gabriel não têm patrocínio. Militares da Marinha, eles contam com suas próprias e economias e com o Bolsa Atleta dado pelo governo federal.

— Com o resultado no Pan, veio um alívio porque não nos preparamos nas condições que idealizamos. Pretendíamos ter participado de cinco campeonatos neste ano e só conseguimos participar de dois por questões financeiras. Eu e Gabriel estamos juntos há oito anos. Durante um período de um ano e meio, paramos de velejar juntos. Isso foi muito importante para o amadurecimento da nossa relação na água, que exige muita sincronia. Ele é um cara incrível e extremamente competente — enaltece o medalha de ouro.

Sobre se tornar ídolo, Marco é categórico:

— Temos que pensar em ser exemplo. Vejo na vida e no meio ambiente os impactos dessa civilização. Tento ser correto nesse sentido, mostrando atitudes corretas e incentivando pessoas ao meu redor.


Fonte: O Globo Niterói







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