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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Medo é ‘marca’ mais vendida atualmente, diz secretário-geral da ONU



Alertando sobre os perigos e a disseminação do medo e da desconfiança no planeta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse a jornalistas na sexta-feira (18) que deseja reafirmar a ONU como uma “plataforma para a ação, para reparar a confiança quebrada em um mundo quebrado”.

“A marca mais vendida atualmente em nosso mundo é de fato o medo”, afirmou Guterres. “Ele recebe audiência. Recebe votos. Gera cliques”, acrescentou, durante entrevista à imprensa na sede da ONU em Nova Iorque.


O secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: ONU/Eskinder Debebe


Alertando sobre os perigos e a disseminação do medo e da desconfiança no planeta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse a jornalistas na sexta-feira (18) que deseja reafirmar a ONU como uma “plataforma para a ação, para reparar a confiança quebrada em um mundo quebrado”.

“A marca mais vendida atualmente em nosso mundo é de fato o medo”, afirmou Guterres. “Ele recebe audiência. Recebe votos. Gera cliques”, acrescentou, durante entrevista à imprensa na sede da ONU em Nova Iorque.

“Acredito que o maior desafio que governos e instituições enfrentam hoje é mostrar que nos importamos – e mobilizar soluções que respondam aos medos e ansiedades das pessoas, com respostas, respostas concretas”, explicou.

O secretário-geral da ONU participou da entrevista coletiva dois dias depois de apresentar aos 193 Estados-membros suas áreas de ação em 2019. Segundo Guterres, os países responderam destacando a importância do multilateralismo.

“Conforme olhamos para os desafios que enfrentamos – de mudança climática e migração ao terrorismo e os pontos negativos da globalização – não há dúvidas de que desafios globais precisam de soluções globais”, destacou. “Nenhum país pode fazer isso sozinho. Precisamos do multilateralismo mais do que nunca”.

Guterres destacou que “rejeitar ou difamar os que duvidam do multilateralismo não irá levar a lugar nenhum” e insistiu sobre a importância de entender o motivo pelo qual “muitas pessoas no mundo todo não estão convencidas do poder e do propósito da cooperação internacional”.

Citando o fato de que, no processo de globalização e de progressos tecnológicos, muitas pessoas, setores e regiões inteiras foram deixados para trás, ele explicou que a ONU precisa focar na resposta às raízes da ampla desconfiança, ansiedade, ira e medo, ao longo de três áreas de trabalho: acelerar desenvolvimento sustentável, fortalecer o valor das Nações Unidas através de reforma e engajar sociedades para colocar um fim no aumento de discursos de ódio, xenofobia e intolerâncias.

“Ouvimos ecos problemáticos e abomináveis de eras passadas. Pontos de vista venenosos estão penetrando debates políticos e poluindo o cenário”, alertou Guterres, conforme destacava a necessidade de relembrar as lições da década de 1930 e da Segunda Guerra Mundial.

“Discursos de ódio e crimes de ódio são ameaças diretas aos direitos humanos, ao desenvolvimento sustentável e à paz e à segurança”, disse.

Destacando que “palavras não são suficientes”, o secretário-geral anunciou ter encarregado seu assessor especial para a prevenção de genocídio, Adama Dieng, de montar uma equipe para desenvolver uma estratégia para toda a ONU e um plano global urgente para agir contra discursos e crimes de ódio.

Guterres afirmou que sua “prioridade absoluta para 2019” é garantir que as Nações Unidas sejam “uma plataforma de ação para reparar a confiança quebrada em um mundo quebrado e entregá-la ao povo”.

Após o discurso de abertura, o secretário-geral respondeu perguntas sobre questões relacionadas à ONU, incluindo a situação na Venezuela, na Síria e na Coreia do Norte, o fluxo de migrantes e refugiados no mundo, recentes incertezas nas eleições da República Democrática do Congo, assim como desafios de financiamento das Nações Unidas.

Fonte: ONU no BRASIL











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