COMENTÁRIO DE AXEL GRAEL:
Mais uma vez, sinais de desequilíbrio ambiental na Lagoa de Piratininga preocupam moradores, ambientalistas e gestores públicos da Prefeitura. Desta vez, uma espessa espuma clara surgiu nas proximidades das comportas do túnel do Tibau, uma obra de engenharia que permitiu a troca de águas entre a Lagoa e o mar. Ou seja, que aporta água do mar e aumenta a salinidade da lagoa.
Segundo relato do Luciano Paes, gerente do Sistema Lagunar, vinculado à Secretaria Executiva da Prefeitura de Niterói, que esteve no local e registrou a ocorrência da espuma, o problema parecia estar relacionado à entrada de água do mar pelo túnel com a maré enchente.
Não é possível precisar a origem da espuma, mas acredito que a emulsão pode ser resultante do efeito do aumento da salinidade sobre um bloom (floração) de algas, que resultaria na quebra das células e a liberação da substância que gera a espuma. Mas, é apenas uma interpretação a partir da observação do fenômeno.
O que ocorre é que a Lagoa de Piratininga sofre o processo chamado de eutrofização, causado por várias alterações resultantes de décadas de urbanização sem o devido saneamento e outros cuidados ambientais. O excesso de nutrientes, provenientes do esgoto e outros poluentes transportados por rios e águas pluviais. Também, a abertura do Canal de Camboatá e o Túnel do Tibau, o assoreamento e aterros modificaram as condições originais do ecossistema de Piratininga.
O estado atual é o resultado de todo este processo, ao longo das décadas. Portanto, não há solução fácil e rápida.
Para definir a estratégia de recuperação do Sistema Lagunar de Piratininga e Itaipu, a Prefeitura de Niterói acaba de concluir o processo licitatório para contratar uma empresa que fará um estudo e o monitoramento das condições ambientais da lagoa.
A iniciativa faz parte de um conjunto de iniciativas de recuperação ambiental que integram o Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-Sustentável), da Prefeitura de Niterói, desenvolvido com recursos financeiros obtidos junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Além da contratação já mencionada aqui, podemos destacar as seguintes iniciativas relacionadas à recuperação da Lagoa de Piratininga:
- Renaturalização do Rio Jacaré, principal afluente da Lagoa de Piratininga
- Implantação do Parque Orla de Piratininga (POP), em final de licitação. O POP contará com soluções de drenagem sustentável, como os Jardins Filtrantes, que controlarão a chegada de sedimentos e poluentes à Lagoa.
- Implantação do Setor Morro da Viração do Parque Natural Municipal de Niterói, que inclui o alto curso de drenagens naturais da Lagoa e protege ecossistemas do entrono da lagoa.
Como pode ser visto, a Prefeitura de Niterói equipa-se cada vez mais para melhorar o monitoramento, a gestão e prepara-se para providenciar intervenções visando a despoluição e a recuperação deste importante patrimônio natural de Niterói.
Vamos em frente!
Axel Grael
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói
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Espuma na Lagoa de Piratininga preocupa moradores do Tibau
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| Mancha de espuma surgiu no fim de semana num dos trechos da lagoa e vem se alastrando na altura do Tibau, no Jardim Imbuí. Foto: Douglas Macedo |
Vanessa Lima
Prefeitura diz que fenômeno foi causado pelo contato da água com algas, mas especialista fala em assoreamento
O belo cenário da Lagoa de Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, vem sofrendo com os problemas decorrentes do assoreamento. Desde o último final de semana, uma espuma densa invadiu um dos trechos da lagoa e vem se alastrando por toda a extensão, na altura da localidade do Tibau, no Jardim Imbuí. Segundo a Prefeitura de Niterói, a mancha foi provocada por uma emulsão, derivada do contato da água do mar com as algas. No mês passado, um outro fenômeno chamou a atenção dos pescadores, após o espelho-d’água adquirir uma tonalidade esverdeada, devido ao alto nível de esgoto e do excesso de algas na área.
De acordo com ambientalistas, o alto nível de esgoto somado ao assoreamento da água vem causando impactos ao ecossistema da lagoa. O biólogo Paulo Bidegain explica que as espumas densas são formadas a partir da incidência de rajadas de ventos em contato com a superfície da água contaminada pelo esgoto.
“A emulsão é uma reação biológica comum em mares contaminados por poluentes ou não. No entanto, na Lagoa de Piratininga a grande proliferação de algas e os problemas relativos ao despejo clandestino de esgoto podem ter provocado esse fenômeno. Com a chegada da frente fria, rajadas de vento atingiram a superfície da lagoa e ativaram substâncias derivadas do esgoto, gerando uma agitação marítima. Esse contato é o que gera a emulsão e formam as espumas densas,” esclareceu.
Para os moradores, os frequentes problemas ameaçam a vida dos ecossistemas e afastam os animais silvestres do seu habitat natural. A mortandade de peixes é outra consequência provocada pela poluição que vem impactando a geração de renda pescadores locais.
“Há anos a lagoa sofre com o assoreamento que dificulta a navegação dos barcos e impossibilita o desenvolvimento das atividades pesqueiras. Devido a proliferação de poluentes as espécies nativas estão lutando para sobreviver mediante a tantas mudanças biológicas. As autoridades competentes precisam intensificar as medidas de limpeza e preservação da lagoa, antes que a poluição aniquile toda vida silvestre”, afirmou o presidente da Associação dos Moradores do Jardim Imbuí (AMJI), Gabriel Fernandes.
Na opinião de algumas das pessoas que residem há mais tempo na região, a área passa por um processo de extinção e a paisagem bucólica da localidade está prestes a ser destruída. Segundo o comerciante Renato Ferreira, 56 anos, o conjunto de belezas do Tibau já atraiu turistas e visitantes, mas atualmente o cenário de abandono envergonha quem teve o privilégio de contemplar os encantos naturais da área.
“A lagoa já foi considerada um dos cartões-postais da cidade e era fonte renda de muitas famílias. Hoje, os moradores mais antigos se entristecem ao ver que a falta de conscientização das autoridades e dos próprios cidadãos vêm afetando um dos maiores patrimônios naturais do bairro,” lamentou.
No início do mês passado, a proliferação de algas e esgoto escureceu o espelho d’água da lagoa, gerando uma tonalidade esverdeada e turva. Na ocasião o secretário Executivo, Axel Grael, esclareceu que o fenômeno tratava-se de um problema cíclico, provocado pelo excesso de nutrientes na água ao longo das décadas. Além disso, Axel também ressaltou que o município lançou editais para realização de estudos que identificam a composição do ecossistema do local.
Em nota, a Prefeitura de Niterói informou que hoje irá coletar uma mostra da água para análise. Procurada, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente não se pronunciou .
Fonte: O Fluminense
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