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segunda-feira, 9 de abril de 2018

CAPACIDADE DE SUPORTE: Ibitipoca terá que reduzir visitações pela metade



OPINIÃO DE AXEL GRAEL:

Começa a acontecer com alguns parques brasileiros o que já ocorre em áreas protegidas de outros países, em particular nos parques americanos: o excesso de visitantes.

Diante deste obstáculo, planejadores e gestores de parques começaram a se preocupar com os impactos ambientais desta visitação excessiva, em particular com relação à fauna. Outra forte preocupação é com a qualidade da experiência que se tem quando se visita um parque. Quem busca um parque, pretende experimentar o convívio com a natureza e o sentimento de paz de estar em uma área natural.

Eu mesmo, sou testemunha do que pode ser uma má experiência ao se visitar um parque: peguei engarrafamentos dentro do Parque do Yellowstone e outro no Parque Nacional das Montanhas Rochosas.


Multidão de visitantes aguardando para escalar o Half Dome, no Parque Nacional de Yosemite. Brian Hughes/SummitPost.


Em Niterói, estamos passando pelo mesmo problema, principalmente nas trilhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca. A saída, foi limitar o número de visitantes, como o Parque Estadual do Ibitipoca (MG) vê-se obrigado a fazer agora.

Como lidar com a consequência do sucesso dos parques: excesso de visitantes

Existem formas de se calcular o limite de visitantes e de controlar o excesso de visitantes: é o chamado princípio da Capacidade de Suporte ou Capacidade de Carga. Existem métodos diferentes de se chegar a esta conta. Alguns parques americanos adotaram métodos bem pragmáticos de se estabelecer a Capacidade de Carga, utilizando como parâmetro a infraestrutura existente. Ou seja, como a visitação em muitos parques americanos é feita principalmente de automóvel (não é o caso do Brasil, exceto algumas exceções, como o Parque Nacional da Tijuca, Cataratas do Iguaçu etc), é possível estabelecer um limite baseado no número de vagas de automóvel, de banheiros públicos, etc. Outros critérios bem mais complexos calcular o impacto sobre a natureza.

De uma forma ou de outra, estes limites também podem causar uma grande frustração em visitantes, que muitas vezes se deslocam de longas distâncias para visitar estes lugares emblemáticos e são impedidos de entrar. Este desestímulo tem consequências econômicas nas cidades que oferecem logística para os visitantes e que se beneficiam do turismo. É sempre bom lembrar que parques representam cerca de 3% do PIB americano!

Portanto, o tema da capacidade de suporte é um dos mais debatidos e estudados dentre os profissionais gestores de parques e é importante que seja cada vez mais uma prioridade dentre nós. A solução está em:

  • se agregar conhecimento científico para que se conheçam bem as fragilidades e vulnerabilidades locais, 
  • no aperfeiçoamento das metodologias de cálculo da capacidade de suporte, 
  • no melhor ordenamento do turismo nos parques, 
  • na melhoria da infraestrutura, 
  • na melhor informação e educação ambiental dos visitantes, 
  • na capacitação e formação de um maior número de guias turísticos,
  • no uso de tecnologia para o monitoramento da visitação etc.

Que sejam bem-vindos os visitantes, mas que também se perpetuem os parques!

Axel Grael
Engenheiro florestal
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói





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Ibitipoca terá que reduzir visitações pela metade


Visitantes fazem fila às 7:30 da manhã na portaria do Parque Estadual de Ibitipoca, janeiro de 2016. (Foto: Marciano Júnior). Publicado na Tribuna de Minas.


Por Pedro Capetti, 
estagiário sob supervisão da editora Luciane Faquini

Medida faz parte de acordo firmado entre o Ministério Público e o IEF

O Parque Estadual do Ibitipoca terá que reduzir pela metade o número de visitantes diários na unidade de conservação. O local, que até então recebia mais de 1.200 visitantes por dia, passará a receber cerca de 600. A medida faz parte do termo de acordo (TA) firmado, nesta segunda-feira (2), entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF), gestor do parque. Em nota, o IEF confirmou a medida e garantiu que vai realizar todos os estudos acordados, a fim de garantir que o turismo ecológico seja realizado de forma sustentável.

De acordo com MPMG, a medida visa à preservação da unidade de conservação de 1.488 hectares, situada na divisa das bacias do Rio Grande e do Rio Paraíba do Sul. Pelo acordo firmado, o número de visitas por dia será reavaliado em 180 dias, cerca de seis meses, e poderá ser alterado à medida que os compromissos assumidos forem sendo cumpridos. No período, o instituto deverá realizar o diagnóstico completo dos danos ambientais existentes, por meio de novo estudo de capacidade do parque, que avaliará as trilhas e locais de visitação abertos indevidamente em contrariedade ao plano de manejo, bem como apontar todas as medidas necessárias para a sua completa recuperação e para garantir a segurança dos visitantes.

Segundo o termo de acordo, o gestor do parque terá que promover melhorias no local a fim de preservar os ecossistemas e a saúde e a segurança dos seus visitantes. Outra mudança acordada é a implantação de sistema eletrônico de venda de ingressos na portaria do Parque, com a respectiva cancela eletrônica integrada ao sistema. O objetivo é melhorar o controle do número de visitantes diários, uma vez que o sistema atual é manual. O IEF deverá ainda, implantar o sistema de venda de ingressos on-line, no prazo de 360 dias. No entendimento do MPMG, a visitação desordenada ao Parque do Ibitipoca, como vinha ocorrendo, pode causar danos de difícil ou impossível reparação ao meio ambiente.

As medidas fazem parte das ações no âmbito do inquérito civil, instaurado na Promotoria de Justiça de Lima Duarte, que já investigava irregularidades no local. Uma dessas apurações, segundo o MPMG, teriam sido feitas por meio de denúncia apresentada por um membro do Conselho Consultivo do Parque Estadual do Ibitipoca.

Em nota, o IEF informou que a visitação aos parques estaduais de Minas Gerais está sujeita a normas e restrições estabelecidas no plano de manejo de cada unidade de conservação. “O IEF continuará trabalhando para preservar os ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica no Estado, possibilitando que a sociedade e os turistas possam desfrutar das visitações com harmonia e equilíbrio”, conclui a nota.





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