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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Restauração Ecológica pode gerar retornos econômicos de US$ 23 bilhões nos próximos 50 anos na America Latina







Em todo o mundo, mais de dois bilhões de hectares de terra degradada oferecem oportunidades de restauração – uma extensão maior que a América do Sul. Grande parte está em áreas tropicais e temperadas. Na América Latina e no Caribe, os governos e as partes comprometeram-se a restaurar 20 milhões de hectares como parte da Iniciativa 20×20. Trata-se de um sub-compromisso no âmbito do Desafio de Bonn, que propõe a restauração de mais de 150 milhões de hectares de áreas degradadas até 2020. A boa notícia é que esse esforço pode render dividendos.

“Investir na restauração ecológica faz sentido do ponto de vista econômico e também ecológico”, afirmou Bethanie Walder, diretora executiva da Society for Ecological Restoration. O World Resources Institute (WRI) estima que os US $ 1,15 bilhão já destinados à Iniciativa 20×20 poderiam resultar em retornos econômicos de US $ 23 bilhões nos próximos 50 anos. Isso equivale a cerca de 10% do valor das exportações de alimentos na região. Além disso, este programa poderia sequestrar quase 5 gigatoneladas de CO2 durante esse mesmo período.

“Restaurar 12 milhões de hectares de terras florestais desmatadas e degradadas até 2030, através da restauração florestal, reflorestamento e regeneração natural são um caminho para o Brasil alcançar grandes reduções nas emissões para o Acordo de Clima de Paris”, disse Rachel Biderman, Diretora Executiva da WRI Brasil. Restaurar essas áreas também ajudará a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Com esses compromissos, o Brasil se juntou a muitas outras nações para se comprometer a participar da Iniciativa 20×20 como parte do Desafio de Bonn.

Para debater como esses desafios podem ser superados, especialistas do mundo inteiro se reúnem em Foz do Iguaçu entre os dias 27 de agosto e 1º de setembro para a 7ª Conferência Mundial sobre Restauração Ecológica. Organizado pela Sociedade Brasileira para a Restauração Ecológica (SOBRE), a Sociedade Internacional para a Restauração Ecológica (SER) e a Sociedade Ibero-Americana e do Caribe para a Restauração Ecológica (SIACRE), este evento bienal é o maior encontro mundial de cientistas, profissionais, decisores políticos e estudantes que trabalham no campo da restauração. Mais de 1.000 participantes de 60 países diferentes já se inscreveram.

Grande parte da conferência se concentrará na consecução desses objetivos internacionais, através da “Conexão de Ciência e Prática para um Mundo Melhor”. A conferência inclui nove aulas magistrais de cientistas de renome mundial, 78 simpósios e oficinas, mais de 500 palestras adicionais, 5 cursos de treinamento e outras oportunidades de trabalho em rede e compartilhamento de conhecimento e experiência. O evento ajudará a construir a capacidade técnica necessária para projetos de restauração em diferentes escalas e em diferentes países.

“No momento em que o Brasil está passando por uma das maiores crises políticas e econômicas e ameaças associadas à legislação ambiental, incluindo propostas para reduzir áreas protegidas, e as responsabilidades geradas pelo desastre de Mariana, a realização de um evento dessa magnitude no Brasil apoia os muitos cidadãos brasileiros que trabalham ativamente e promovem iniciativas nacionais para construir um futuro melhor “, diz Vera Lex Engel, presidente da conferência.

Nos últimos 20 anos, a restauração ecológica tornou-se uma ferramenta importante para reverter parcial ou totalmente a perda de biodiversidade e serviços ecossistêmicos. À luz disso, alguns dos principais acordos e objetivos ambientais do mundo, como o Acordo de Paris e os Metas Aichi da Convenção sobre a Diversidade Biológica, exigem a restauração ecológica como uma abordagem importante para proteger e melhorar a biodiversidade, garantindo a segurança da comida e da água e enfrentando outras ameaças ambientais globais.

De acordo com a Sociedade para a Restauração Ecológica, a restauração é “o processo de ajuda à recuperação de um ecossistema degradado, danificado ou destruído”. Ou seja, sua intenção é devolver um ecossistema à sua condição natural e trajetória natural, inclusive no contexto das mudanças climáticas. Como tal, a restauração inclui atividades que não sejam o reflorestamento, a fim de proteger e restaurar a biodiversidade, a água e a segurança alimentar.


Para mais informações: http://ser2017.org/pt/

Fonte: Revista Amazônia














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