OUTRAS PÁGINAS DO BLOG

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Livro resgata paisagens perdidas da Baía de Guanabara nos anos 30



Arrastão: Hoje condenado devido ao potencial dano à vida marinha, esse tipo de pesca era comum entre os pescadores, que tiravam o sustento da venda de anchovas, paratis, cavalas e chicharros, abundantes naquelas águas (Magalhães Corrêa/Divulgação)


A obra Águas Cariocas — A Guanabara Como Natureza é recheada com textos e desenhos de Armando Magalhães Corrêa (1889-1944)

Por Rafael Sento Sé

“As costas são rendilhadas por enseadas, praias, portos, sacos, mangues e inúmeras ilhotas, ilhas e blocos insulados a cercam, em disposição tal que embelezam e encantam essa terra carioca.” A descrição da Ilha do Governador no início da década de 30 do século passado, publicada no jornal Correio da Manhã, é de Armando Magalhães Corrêa (1889-1944). Autor de duas obras de referência sobre a cidade, O Sertão Carioca e Terra Carioca: Fontes e Chafarizes, o naturalista autodidata, escultor e desenhista planejava fechar uma trilogia, mas os textos ilustrados do último tomo ficaram restritos às páginas do jornal. Oito décadas depois, seus preciosos escritos e desenhos a bico de pena são reunidos no livro Águas Cariocas — A Guanabara Como Natureza (Outras Letras; 404 págs.; 45 reais).


A edição, organizada pelo advogado Antônio Carlos Pinto Vieira, mestre em memória social e um dos fundadores do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), transporta para os dias de hoje as vivas impressões colhidas na primeira metade do século XX. Filho de uma abastada família tijucana, artista plástico premiado com bolsa na Europa e, nos dias de Momo, carnavalesco dos Fenianos, esse carioca da gema, por diletantismo, decidiu seguir os passos de Dar­win. Como nas conhecidas viagens do naturalista inglês, Magalhães Corrêa esquadrinhou, ao longo de três anos, cada uma das 106 ilhas então localizadas na Baía de Guanabara — muitas já desaparecidas, coladas ao continente por aterros e assoreamento. Seu trabalho de campo revelou curiosidades, como um criadouro de porcos alimentados por algas e camarões (uma iguaria, segundo a gastronomia francesa) ou pioneiras práticas de nudismo.

Fauna: O rico ecossistema da baía era o hábitat de espécies como cavalos-marinhos, ostras e baiacus, retratados no livro (Magalhães Corrêa/Divulgação)


Uma Baía de Guanabara cheia de vida, paraíso procurado por famílias endinheiradas, como os Guinle e os Mayrink Veiga, emerge das páginas. Mas o ovo da serpente já estava lá. “O autor antecipa preocupações com sustentabilidade, descrevendo as atividades das primeiras indústrias petrolíferas e da empresa de limpeza urbana, que despejava regularmente lixo doméstico na Ponta do Caju”, conta o organizador Antônio Carlos Pinto Vieira. A propósito: as ilhas do Cambembi, onde ficavam os porquinhos gourmets, e do Anel, reduto dos primeiros naturistas, não fazem mais parte da paisagem.

Fonte: Veja Rio 



-----------------------------------------------------------


Subúrbios: 150 anos de história carioca
No Rio de Janeiro, quilombo urbano resgata história dos ancestrais
Um novo olhar sobre a história do Cais do Valongo
A Mata do Pai Ricardo, um tesouro em plena Floresta da Tijuca
CIÊNCIA: Cenas de um sítio arqueológico
Vestígios arqueológicos revelam uma Barra do período colonial
Arco Metropolitano revela 70 sítios arqueológicos
Arqueólogos encontram sambaqui de 4 mil anos durante obras de aeroporto no Rio
O RIO COMO DESTINO TURÍSTICO: cartazes e históriaPaleoterritório e biodiversidade - Carvoeiros que atuaram no passado no Maciço da Pedra Branca - uma aula do Prof. Rogério Ribeiro de Oliveira
FORTES HISTÓRICOS DO RIO DE JANEIRO - O paraíso visto das fortalezas
UMA VIAGEM DE TREM DE NITERÓI A NOVA FRIBURGO: O PASSADO MANDA LEMBRANÇA
Arco Metropolitano revela 70 sítios arqueológicos
A Cidade Cresce Para a Barra - um fantástico vídeo para a história do Rio de Janeiro
Parques estaduais oferecem variedade de atrações









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contribua. Deixe aqui a sua crítica, comentário ou complementação ao conteúdo da mensagem postada no Blog do Axel Grael. Obrigado.