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terça-feira, 3 de janeiro de 2017
ITAIPU: harmonia com a natureza
Raiana Collier
Tradicional reduto de pescadores artesanais da Região Oceânica ainda consegue preservar suas belezas
A Praia de Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, é o local onde o ser humano e a natureza parecem ainda viver em consonância. Das tartarugas que ocasionalmente visitam o mar às garças que aguardam as vísceras diariamente jogadas pelos pescadores, o local se configura como uma espécie de paraíso para turistas, moradores e pescadores. A praia ainda está inserida na Reserva Extrativista Marinha de Itaipu, que compreende a área marinha adjacente às praias de Itacoatiara, Itaipu, Camboinhas e Piratininga e a Lagoa de Itaipu.
Maria Esther Machado, de 54 anos, é bióloga e dona de uma agência de turismo. Ela mora no Rio Grande do Sul, mas veio passar as festas de fim de ano em Niterói, e aproveitou alguns dias na praia de Itaipu.
“Aqui nós temos gaivotas, que nas outras praias quase não existem. Tem o pessoal limpando o peixe e dando comida para as gaivotas, o que reduz o lixo no lugar. Itaipu é uma praia muito limpa, as pessoas se preocupam com o meio ambiente em geral”, comentou.
Dentro dos limites da Reserva só é permitida a pesca amadora e a artesanal, sendo proibida a pesca industrial, a pesca predatória e o descarte de água de lastro ou óleo. Ao longo da vida, o pescador Eric Diniz, de 32 anos, fez da praia de Itaipu não só o local de onde tira seu sustento, mas também a sua casa.
“Quando a gente desce, de manhã, as garças já estão aguardando a gente. Elas nem pescam mais, ficam só esperando a gente jogar peixe. As tartarugas também já esperam nós jogarmos as vísceras no mar”, relatou.
Mas apesar do cenário que aparenta equilíbrio, nem tudo são flores na Praia de Itaipu. Membro diretoria da Associação Livre de Pescadores e Amigos da Praia de Itaipu (Alapapi) o pescador Marcos Santana denuncia a presença de barcos para pesca de atividade industrial, prejudicando os pescadores artesanais.
“Um dos nossos maiores problemas são as embarcações de cerco, que são grandes barcos, com redes enormes que cercam a enseada e levam todo o pescado porque tem um equipamento muito bom, chamado sonar, que pega mil metros ao redor da embarcação, e deixam a gente sem nada”.
Planos para a região - Tanto o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) quanto a Prefeitura de Niterói dizem ter planos para a região em 2017. A Prefeitura de Niterói informou que a área será incorporada no novo Plano Diretor da cidade, “reforçando ainda mais a intenção de preservar a área”. Anunciou, ainda, que começa esta semana, na área de estacionamento, a instalação de contêineres para depósito de detritos. O órgão apontou que “está em constante diálogo com os pescadores e moradores para estabelecer políticas públicas que possam beneficiar as pessoas e o meio ambiente, como, por exemplo, o ordenamento da região”.
Para esse ano, está nos planos do poder municipal “concretizar o plano de saneamento ambiental junto à comunidade, que inclui o tratamento do esgoto, distribuição de água, drenagem e gestão de resíduos sólidos na região; a manutenção do ordenamento da praia, através de ações integradas da Neltur, da NitTrans e da Seop; a continuidade de projetos de restaurações ecológicas, realizadas pela Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade”.
O Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-Sustentável), que recebeu financiamento com o CAF - Banco de Desenvolvimento da América Latina, no valor de R$ 350 milhões, realizará obras de infraestrutura, drenagem, pavimentação e mobilidade na Região Oceânica, além de desenvolvimento sustentável e recuperação ambiental.
A assessoria do Inea informou que, em 2017, pretende finalizar o Acordo de Gestão da Reserva Extrativista Marinha de Itaipu (Resex Itaipu). O documento está em fase de elaboração entre o Inea e os pescadores que fazem parte do Conselho Deliberativo da reserva e tem o objetivo de estabelecer as regras de uso da unidade de conservação. O órgão avisou, ainda, que “uma das ações prioritárias do Inea na Resex será continuidade das atividades de fiscalizações em parceria com policiais da Unidade de Policiamento Ambiental (UPAm) do Parque Estadual da Serra da Tiririca. A finalidade é reprimir a pesca industrial, que é proibida na região”. O órgão, contudo, não informou quantas notificações foram emitidas por atividades irregulares na orla da Praia de Itaipu em 2016 e com que frequência realiza ações de fiscalização na Reserva Extrativista Marinha de Itaipu.
Fonte: O Fluminense
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