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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Parque Estadual da Serra da Tiririca faz 25 anos com novidade no acesso ao Costão



Selvagem. Do alto da Pedra do Elefante é possível ver parte da vegetação do parque - Fernando Frazão / Fernando Frazão


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Em janeiro, principal trilha da unidade, em Itacoatiara, ganhará roleta para evitar entrada de mais de 200 visitantes por vez

NITERÓI - Primeira unidade de conservação do país criada através de mobilização popular, o Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) completa 25 anos na próxima terça-feira. Em meio a novos desafios e antigos problemas, o parque já tem pelo menos uma mudança acertada: iniciará 2017 com controle no acesso de visitantes à trilha do Costão.

Em setembro, O GLOBO-Niterói antecipou que a gestão do Peset planejava limitar o número de pessoas na trilha para tentar minimizar os impactos da visitação excessiva — erosão, abertura de novos caminhos na mata, desordem. Agora, a administração bateu o martelo e definiu que a regra será aplicada a partir de janeiro. Em vez de determinar um limite diário, ficou estabelecido que no máximo 200 pessoas poderão permanecer no lugar simultaneamente. Atingida a lotação, os visitantes deverão aguardar outras pessoas deixarem o local antes de subir. Uma roleta será instalada no início da trilha, na Rua das Rosas, em Itacoatiara, para fazer o controle.

Este foi um ano de recordes no Peset. O número de visitantes na trilha do Costão extrapolou os limites anteriores em duas ocasiões: primeiro em 21 de abril, com 1.856 pessoas; e, depois, no feriado da Independência, quando 2.241 visitantes fizeram o percurso de 1.700 metros. O sucesso e a popularidade do Costão (e de Itacoatiara) são os principais responsáveis por consolidar o Peset como segundo parque estadual mais visitado do Rio, atrás apenas da Ilha Grande, em Angra. Para se ter uma ideia, até outubro 80 mil pessoas passaram pela trilha.

Fazer o manejo e garantir a preservação de áreas cada vez mais visitadas são a grande dificuldade num cenário de arrocho nos recursos do estado. O Instituto Estadual do Ambiente chegou a ter o abastecimento de combustível da frota suspenso em alguns períodos do ano. Atualmente, a saída é racionar o consumo.

— Apesar das dificuldades, avançamos no manejo de trilhas, no ordenamento, na delimitação do uso do Costão. São mudanças importantes para a unidade. Também tivemos recordes de apreensão de espécies em cativeiro. Devolvemos mais de 500 aves ao parque este ano — destaca o chefe do Peset, Jhonatan Ferrarez.

Atualmente, 12 guarda-parques e seis monitores são responsáveis pela fiscalização dos 3.493 hectares da reserva, que atravessa Niterói e Maricá. Se hoje ela tem área demarcada e fiscalização própria, isso é fruto da organização de movimentos comunitários e ambientalistas contra a crescente expansão urbana na Região Oceânica desde a década de 1970, na época já cobiçada pelo mercado imobiliário. Ao final daquela década, em 1979, a abertura permanente do canal de Itaipu por uma construtora reduziu imediatamente o volume da laguna de Itaipu. A magnitude dos impactos motivou a primeira ação civil pública do Brasil, subscrita por centenas de moradores, e o primeiro Estudo de Impacto Ambiental realizado no país. Nos anos seguintes, o movimento ambientalista ganhou força e organização na luta contra loteamentos na Serra da Tiririca. As razões para a proteção do local foram detalhadas no estudo “Exposição de motivos para criação do Parque Estadual da Serra da Tiririca”. O documento evoluiu para um projeto de lei na Alerj de criação do parque estadual, aprovada em 29 de novembro de 1991.

“um catalisador de afetos”

O ambientalista Cássio Garcez, do grupo de caminhadas Ecoando, ainda vê a unidade como uma força responsável por unir diferentes grupos.

— O Parque da Tiririca é um catalisador de afetos, direitos, expectativas e de formas de ver a natureza. Ele reúne representações de vários grupos em torno de um objetivo comum, preservar a biodiversidade do lugar, essa fonte de vida, e também a cultura local — descreve Garcez.

Duas décadas e meia depois, a especulação imobiliária continua sendo a principal ameaça ao parque. A disputa da vez envolve o entorno da Lagoa de Itaipu, incluída na área do Peset, em 2008, por meio de decreto. O direito de erguer imóveis na área é hoje reivindicado judicialmente por construtoras que têm lotes ali.

O vice-prefeito de Niterói, Axel Grael, está entre os militantes que lutaram pela criação do parque. Ele diz que a prefeitura busca uma forma de proteger o entorno da lagoa.

— Nós estamos analisando uma solução jurídica que dê mais segurança à preservação no entorno da Lagoa de Itaipu, sobretudo depois que o decreto responsável por integrar essa área ao parque foi questionado (pelas construtoras) — diz Axel Grael, reafirmando compromisso da prefeitura de transferir recursos do ICMS Verde para o Peset. — É uma forma de ajudar na gestão do parque, que também sofre com a crise financeira do estado.

Fonte: O Globo Niterói



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