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segunda-feira, 21 de novembro de 2016
OCEANOS E CLIMA: Fenômenos distantes influenciam o clima na América do Sul
Agência FAPESP | Heitor Shimizu, de Montevidéu
O papel dos oceanos – não apenas Atlântico e Pacífico, mas também o Índico – na variabilidade climática na América do Sul é um dos temas de pesquisa de Marcelo Barreiro, professor do Departamento de Ciencias de la Atmósfera da Facultad de Ciencias da Universidad de la República (UDELAR).
O grupo coordenado por Barreiro estuda a variabilidade e a previsibilidade do clima no continente em escalas de tempo sazonais a décadas. Isso envolve o estudo de processos oceânicos regionais e globais e seu impacto em áreas remotas por meio de teleconexões atmosféricas – fenômenos climáticos distantes mas conectados.
“Diferentes padrões de temperatura no oceano Pacífico tropical podem, por exemplo, gerar anomalias de chuva no norte e no sul do Uruguai", disse.
O pesquisador foi um dos palestrantes na FAPESP Week Montevideo. O evento, dias 17 e 18 de novembro de 2016 na capital uruguaia, foi organizado pela FAPESP em colaboração com a Asociación de Universidades Grupo Montevideo (AUGM) e a Universidad de la República (UDELAR).
Os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico interagem por meio de teleconexões oceânicas e atmosféricas. Anomalias nas temperaturas da superfície do mar nas porções tropicais do Pacífico e do Atlântico podem induzir anomalias nas quantidades de chuva nas regiões tropicais.
Barreiro e colegas usam modelos de redes complexas – que empregam sistemas computacionais no processamento de grande quantidade de dados – para construir uma rede climática capaz de analisar como a variabilidade no regime de chuvas na América do Sul durante a primavera é influenciada por fenômenos como o El Niño, o Dipolo do Oceano Índico e a variabilidade do Atlântico Tropical Norte.
O Dipolo do Índico é a oscilação irregular nas temperaturas da superfície do mar em que o Índico ocidental se torna alternativamente mais quente e mais frio do que a parte oriental do oceano. O fenômeno foi identificado por pesquisadores em 1999.
Barreiro e colegas também estudam como a influência coletiva dos oceanos tropicais no sudeste da América do Sul, observada durante o século 20, pode mudar no século 21 como resultado de forças antropogênicas e das mudanças climáticas.
“A influência dos oceanos tropicais é a base para previsões climáticas sazonais de chuvas e temperatura nos extratrópicos, regiões do contrário dominadas pela variabilidade atmosférica interna com pouca previsibilidade. Por conta disso, uma questão fundamental que precisa ser endereçada é se essa influência mudará em um cenário de aquecimento global”, disse Barreiro.
“Para isso, utilizamos observações e modelos numéricos de circulação atmosférica e oceânica. Nosso trabalho tem implicações para o processo de tomada de decisões em nível produtivo em escalas de meses, bem como para a determinação do sinal de mudança climática regional”, disse.
Resultados obtidos pelo grupo de Barreiro sugerem que a ação antropogênica resultará na diminuição no número e na duração dos períodos em que os oceanos tropicais influenciarão coletivamente as chuvas sobre o sudeste da América do Sul. “Isso poderá resultar em uma diminuição na previsibilidade das chuvas sazonais em décadas futuras”, disse.
A diminuição no potencial de previsibilidade prejudica a produção de previsões sazonais e, por consequência, de informações fundamentais para setores como agricultura e energia.
Saiba mais sobre a FAPESP Week Montevideo: www.fapesp.br/week2016/montevideo.
Fonte: Agênca Fapesp
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