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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

NITERÓI CONTRA AS QUEIMADAS: Drone começa a ser usado no monitoramento de queimadas em Niterói




O engenheiro ambiental da Defesa Civil Allan Sturms opera o drone que sobrevoa o Morro da Viração, no Parque da Cidade, para capturar imagens da floresta - Guilherme Leporace / Agência O Globo



Leonardo Sodré

Equipamento também será utilizado para fiscalizar ocupações irregulares

NITERÓI - As áreas verdes de Niterói serão monitoradas pelo céu. A Secretaria municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade começou a operar um drone que vai sobrevoar diariamente as áreas de preservação permanente da cidade. O equipamento será usado em conjunto com a Defesa Civil na identificação de focos de incêndios florestais e no combate à ocupação irregular.

Principal causa da perda de vegetação em Niterói, as queimadas estão no foco do trabalho que deve ser iniciado oficialmente nas próximas semanas. Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados 118 incêndios na cidade. Em 2015, houve 230. O Corpo de Bombeiros ainda calcula o quanto isso representa em área devastada, mas os 776 incêndios registrados em 2014 subtraíram 18% da mata (*). Na maior parte dos casos, a origem do fogo são a queda de balões e pequenas fogueiras feitas por moradores para queimar lixo.

(*) Comentário: O ano de 2014 foi um ano em que sofremos uma forte estiagem, justamente no período chuvoso, ou seja, no verão. Em função destes problemas climáticos, a quantidade de queimadas na cidade foi muito elevada. O índice de 18% refere-se às áreas de mata e de vegetação herbácea (capim). Axel Grael



Ainda em fase de testes, o drone modelo Panton 4, que custou R$ 14 mil, já mostrou o quanto pode ser eficiente nas situações em que o tempo é determinante. Na tarde da última terça-feira, durante um sobrevoo na região central, ele localizou um pequeno foco de incêndio nos fundos de uma casa na Rua Ponte Ribeiro, nos limites com o Morro do Vintém, no Bairro de Fátima. Rapidamente, o Corpo de Bombeiros foi acionado, e o que poderia se tornar um incêndio de grandes proporções foi eliminado já no início.

— O drone nos dá uma visão mais ampla, permitindo-nos antever os problemas mais graves, como o incêndio que atingiu Itacoatiara em 2014, que durou dez dias. Em locais mais afastados, o fogo só é visto quando atinge grandes proporções. Com o drone, conseguimos localizá-lo ainda no início e evitar que tragédias como aquela se repitam — explica o subsecretário municipal de Defesa Civil, Wallace Medeiros.

O objetivo da Secretaria de Meio Ambiente é adquirir mais três drones do tipo no ano que vem. Além de combater as queimadas, os equipamentos serão importantes para mapear áreas em que ocorrem desmatamentos. As ocupações irregulares em áreas de risco ou em unidades de conservação também serão monitoradas pelo ar.


Princípio de incêndio identificado por drone em teste, terça-feira, nos fundos de uma casa na Rua Ponte Ribeiro, próximo ao Morro do Vintém, no Bairro de Fátima - Divulgação / Prefeitura de Niterói


— O drone será fundamental para prevenção, fiscalização e na intervenção de algum dano supostamente ocasionado por crimes ambientais. Esses equipamentos possibilitarão a formação de um banco de dados mais criterioso, com informações consolidadas que poderão ser atualizadas diariamente — diz o secretário Eurico Toledo.

O Sistema de Gestão de Geoinformação (Sigeo) que está sendo implantado pela prefeitura para a formação de um banco de dados com informações do território da cidade e da administração municipal também será abastecido com as informações colhidas através do drone. O Grupo Executivo para o Crescimento Ordenado e Preservação das Áreas Verdes, formado em fevereiro, divulgará no site da prefeitura as informações das condições das áreas atingidas e preservadas. De acordo com o coronel Wilton Ribeiro, à frente do grupo, os dados só começarão a ser divulgados quando a Defesa Civil passar a produzir as imagens e liberar, oficialmente, as informações.

O trabalho com apoio de drones possibilitará ainda o acompanhamento de balões, identificando a área em que poderão cair.

CURSO PARA FORMAÇÃO DE VOLUNTÁRIOS

No caso dos incêndios originados de pequenas fogueiras, Wallace Medeiros explica que a intenção é apagá-los e tentar recrutar o autor para ser voluntário do plano Niterói contra Queimadas. Atualmente, são 65 voluntários em toda a cidade.

— Há pessoas de diversas regiões e de perfis bem diferentes. Muita gente não sabe do perigo que é queimar lixo e folhas, ainda mais nesta época do ano, de estiagem. Nosso trabalho com essas pessoas é de aconselhamento e convencimento. Muitos acabam virando uma espécie de fiscal das áreas onde moram — diz Medeiros.

Até o fim do ano, a Defesa Civil pretende contar com 115 voluntários espalhados pela cidade. Nos próximos meses, serão formados 50, em duas turmas. O primeiro curso será do dia 20 a 27 deste mês; e o segundo, de 3 a 17 de setembro. Os interessados podem se inscrever no site defesacivil.niteroi.rj.gov.br. As vagas são limitadas.

O empresário Raphael Avelar, de 53 anos, é voluntário há dois. Segundo ele, sua principal função é conscientizar seus vizinhos do loteamento Serra Grande, próximo ao Parque estadual da Serra da Tiririca, em Itaipu.

— Muita gente faz poda ou separa folhas no quintal para queimá-las, sem saber do perigo. Eu entrego panfletos no bairro e procuro conversar sobre a forma correta de descarte. Nas empresas em que trabalhei, sempre atuei no grupo de combate a incêndios. Acho isso muito importe — afirma.

MONITORAMENTO CONSTANTE EM ÁREAS CRÍTICAS

No ano passado, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros assinaram um convênio do Programa Estadual de Implantação de Serviços de Bombeiro Militar (ProeisBM) para reforçar o contingente na prevenção e combate aos incêndios florestais em Niterói. De acordo com a prefeitura, é oferecida remuneração extra aos militares para que trabalhem em dias de folga na equipe que atua no quartel do 3º Grupamento de Bombeiros Militar (3º GBM), no Centro.

Outra inciativa do plano Niterói contra Queimadas são as rondas feitas pela Defesa Civil nas comunidades limítrofes a áreas verdes. O trabalho é feito com o auxílio de representantes do Corpo de Bombeiros, da Secretaria municipal de Meio Ambiente, da Coordenadoria Ambiental da Guarda Municipal e da Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói (Clin).

Nos últimos dias, a ronda percorreu as comunidades Salinas e Peixe Galo, em Jurujuba, além do bairro de Santa Bárbara. Foram identificadas áreas com risco de incêndios, e os moradores receberam orientações de como prevenir as queimadas. Esses locais passarão a ser monitorados constantemente pela Defesa Civil.

Fonte: O Globo Niterói




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