OUTRAS PÁGINAS DO BLOG

domingo, 21 de agosto de 2016

BAÍA DE GUANABARA: Melhora em saneamento traria ganhos ambientais



Maré suja. Apesar do avanço, 49% do esgoto na área que impacta a Baía de Guanabara ainda não têm tratamento - “Extra” / 2-3-2016 / Roberto Moreyra


Danielle Nogueira

Maior eficiência resultaria em aprimoramento da qualidade da água da Baía de Guanabara


RIO - Línguas negras, mau cheiro, proliferação de bactérias e algas. A situação da Baía de Guanabara, bem como das lagoas da Barra e de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, é apontada por especialistas como um dos maiores passivos ambientais da Cedae, que até hoje não conseguiu acabar com o despejo de esgoto in natura nessas áreas. As empresas que assumirem os serviços de água e esgoto no estado, em uma eventual concessão, terão o desafio de transformar essa “herança maldita” em ganhos ambientais para a população fluminense.

Para Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ, a melhora na eficiência do serviço — com a ampliação da rede de coleta de esgoto e tratamento adequado dos efluentes — pode elevar a qualidade da água dos rios, lagoas e da Baía de Guanabara.

— Há rios muito sujos em todo o estado. O que acontece é que, ao caírem no oceano, os resíduos se dispersam mais. Na Baía de Guanabara, a capacidade de dispersão é um pouco menor e, nas lagoas de Barra e Jacarepaguá, quase nula — explica.

NA BAÍA, FALTAM LIGAÇÕES SUBTERRÂNEAS

Segundo o biólogo e ativista Mário Moscatelli, 49 dos 55 rios que deságuam na Baía de Guanabara “estão mortos”. O mesmo ocorre em sete dos oito rios que abastecem o complexo lagunar da Barra e Jacarepaguá, composto por quatro lagoas principais. Não há estimativas oficiais de lançamento de esgoto em qualquer uma delas. Na Baía, pesquisadores que acompanham a novela de sua despoluição falam em cerca de 18 mil litros por segundo. 

— O estado terminal em que se encontram nossos rios, lagoas e a Baía é resultante da falta de prioridade política dada à questão do saneamento. A Cedae nos cobra pelo abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto em uma conta única. Mas não executa o serviço. É um estelionato institucionalizado — afirma Moscatelli.

Nos 64 municípios atendidos pela Cedae, o índice de fornecimento de água é de 93%, segundo a empresa. Já o de tratamento de esgoto é de apenas 30,7%, de acordo com o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (Snis).

O programa de Despoluição da Baía de Guanabara — concebido na década de 1990 e cuja execução das obras é de responsabilidade da estatal — avançou parcialmente. As obras de abastecimento de água foram concluídas, mas há pendências nas de esgotamento sanitário: 49% do esgoto na área que impacta a Baía não têm tratamento. Há dez anos, esse percentual chegava a 90%.

— Ironicamente, ao ampliar o suprimento de água, a produção de esgoto aumentou. E as estações de tratamento de resíduos não funcionam a plena capacidade, pois faltam ligações subterrâneas que as conectem a muitas residências dos municípios do entorno — diz Dora Negreiros, membro do conselho da ONG Instituto Baía de Guanabara.

LONGO PRAZO

Segundo a Cedae, as estações de tratamento só serão usadas a plena capacidade “num horizonte de 25 anos”. Também é de responsabilidade da Cedae a execução do programa de saneamento de Barra, Recreio e Jacarepaguá. Com duração prevista para 30 anos, as obras começaram em 2001. Apesar dos avanços — o índice de esgotamento sanitário saltou de zero em 2007 para 90% (Barra), 70% (Recreio) e 60% (Jacarepaguá) —, os moradores da região ainda convivem com mau cheiro e lagoas com águas esverdeadas devido à proliferação de bactérias.

A esperança de mudar a situação com a proximidade da Olimpíada caiu por terra. Apesar do compromisso assumido pelo governo estadual de dragar as quatro lagoas principais da região, as ações se limitaram basicamente à limpeza de resíduos sólidos e de manguezais. Segundo a Secretaria de Estado do Ambiente, “intervenções legítimas do Ministério Público” atrasaram o processo e, com a crise econômica, “a realidade mudou”.

O projeto empacado no estado serviu de justificativa à prefeitura do Rio para também não executar sua parte no acordo — a construção de unidades de tratamento em três rios. Segundo a Secretaria Municipal de Saneamento e Recursos Hídricos, a prefeitura só vai honrar seu compromisso “quando o governo do estado fizer a despoluição das lagoas da Barra e de Jacarepaguá”.

Nas cidades onde o sistema de água e esgoto foi privatizado, houve ganhos ambientais, mas a universalização, especialmente no tratamento de esgoto, não foi alcançada em muitas delas. A Águas de Juturnaíba — que abrange Araruama, Saquarema e Silva Jardim e é um braço da Águas do Brasil — tem concessão desde 1998. Com investimento de R$ 200 milhões, a água tratada passou da cobertura de 65% para 97% e a de esgoto tratado, de zero a 71%.

EM NITERÓI, FIM DAS LÍNGUAS NEGRAS

Paralelamente, houve iniciativas de caráter sustentável, como o uso de plantas aquáticas e cascalhos para o tratamento de esgoto, sem uso de químicos. A Estação de Tratamento Ponte de Leites em Araruama é a única na América Latina com capacidade para tratar 200 litros de esgoto por segundo com o sistema, diz a empresa. Em Niterói, a concessionária Águas de Niterói, que pertence ao mesmo grupo e detém a concessão desde 1998, universalizou o abastecimento de água e trata 95% do esgoto. Acabou com as línguas negras em praias como Icaraí e São Francisco, que estavam impróprias há 15 anos.

Na Foz Águas 5, responsável pelos serviços em 21 bairros na Zona Oeste, como Bangu, a cobertura de tratamento de esgoto cresceu seis vezes desde 2012, mas ainda está em 30%. Foram criados dois mil empregos diretos e indiretos.

Moscatelli enfatiza que não adianta melhorar o serviço de coleta se não houver, em paralelo, um planejamento que impeça o crescimento desordenado das favelas. Isaac Volschan, da Escola Politécnica da UFRJ, alerta para a importância da regulação, de forma que metas possam ser monitoradas. A Cedae, diz, só passou a ser regulada em 2015, pela agência estadual Agenersa.

— Independentemente de qual seja o modelo de participação do capital privado, é preciso deslanchar a regulação — diz Volschan.

Fonte: O Globo



--------------------------------------------------------


LEIA TAMBÉM:

Acesse o estudo realizado pelo Projeto Grael e cedido para a SEA: Projeto Grael divulga relatório para contribuir para a solução do lixo flutuante na Baía de Guanabara

Saneamento e Baía de Guanabara

BAÍA DE GUANABARA: Universalização de água e esgoto no Rio exigirá R$ 26 bi
Baía de Guanabara surpreende pela limpeza e águas cristalinas
MAC E BAÍA DE GUANABARA: ÁGUAS E VIDAS ESCONDIDAS
BAÍA DE GUANABARA: "Gestão do lixo flutuante será legado dos Jogos Olímpicos para a Baía de Guanabara", secretário André Correia
GLOBO ESPORTE: Axel Grael, irmão de Torben e Lars, se divide entre lixo da Baía e torcida pela família
Artigo em O Globo: "COMO SERIA A BAÍA DE GUANABARA DESPOLUÍDA?"
BAÍA DE GUANABARA - "THE DISCARDED": Filme lançado ontem em Niterói aborda poluição e outros desafios da baía
NBC News publica reportagem sobre a contribuição do Projeto Grael para a despoluição da Baía de Guanabara
Niterói terá lançamento de filme sobre a Baía de Guanabara e debate "Águas e Vidas Escondidas"
BAÍA DE GUANABARA - Secretário do Ambiente do RJ anuncia conclusão da implantação das ecobarreiras e melhorias ambientais
GOVERNO DO ESTADO: Água da Baía de Guanabara passa a ter monitoramento diário
SEA: "Ecobarcos e ecobarreiras prontos para as regatas olímpicas dos Jogos Rio 2016"
BAÍA DE GUANABARA: Proposta de novo modelo de gestão é apresentado pelo governo estadual
EVENTO TESTE NA BAÍA DE GUANABARA - Quase 30 toneladas de lixo são recolhidos na Baía de Guanabara
ECOBARCOS VOLTAM A OPERAR NA BAÍA DE GUANABARA: Baía recebe 90 toneladas de lixo/dia
Lixo flutuante: um problema que parece se agravar na Baía de Guanabara
Esgoto despejado todo dia na Baía de Guanabara encheria 185 piscinas olímpicas
BAÍA DE GUANABARA: Projeto Uçá retira seis toneladas de lixo da APA de Guapimirim

Lixo flutuante no mundo

Especialistas explicam como outros países conseguiram despoluir suas baías
Produção de lixo no país cresce 29% em 11 anos, mostra pesquisa
NAVEGANDO PARA SALVAR OCEANOS: velejadores do "Race for Water Odissey", que pesquisam os impactos do lixo nos oceanos, visitaram o Projeto Grael

Contribuições do Projeto Grael para a solução do problema do lixo flutuante na Baía de Guanabara

Projeto Grael divulga relatório para contribuir para a solução do lixo flutuante na Baía de Guanabara
PROJETO GRAEL, PARLEY FOR THE OCEANS E ADIDAS lançam programa educativo sobre lixo marinho
PARLEY OCEAN SCHOOL, PROJETO GRAEL E ADIDAS lançam programa educacional sobre o lixo marinho
DIA DA TERRA AO REDOR DO MUNDO - LIXO: Como 5 países estão enfrentando os problemas do lixo
Iniciativas do Projeto Grael na prevenção do lixo flutuante da Baía de Guanabara
CONFERÊNCIA LIVRE DO LIXO MARINHO NO PROJETO GRAEL.
Associação Brasileira do Lixo Marinho realiza conferência na sede do Projeto Grael
"Lixo flutuante - de onde vem?". Projeto Grael participa de programação do MAC
Poluição da Baía de Guanabara: entrevista da equipe do Projeto Grael repercute na mídia internacional
Projeto Grael foi objeto de matéria no Bom Dia Brasil, da Globo
Equipe do Projeto Grael visita a Grota do Surucucu
Assista matéria sobre as ações ambientais do Projeto Grael exibida pela Rede Brasil
Lixo flutuante na Baía de Guanabara: vídeo sobre niciativas ambientais do Projeto Grael

Contribuições da família Grael no tema do lixo flutuante na Baía de Guanabara

LARS GRAEL NO FANTÁSTICO: 'Competição com obstáculos', diz Lars Grael sobre lixo na Baía de Guanabara
Em entrevista para a Rádio Globo, LARS GRAEL afirma que espera medalhas brasileiras na vela e critica a Baía de Guanabara
BAÍA DE GUANABARA: Entrevista no Projeto Grael para o CANAL+, da França
Entrevista para o SporTV sobre o lixo flutuante na Baía de Guanabara REGATAS OLÍMPICAS - Dentro ou fora da Baía de Guanabara? BAÍA DE GUANABARA POLUÍDA PARA OS JOGOS OLÍMPICOS: matéria do Fantástico - 26-04-2015 "Questão de civilidade": Lars Grael sonha com Baía de Guanabara limpa
Irmãos Grael citados em matéria do jornal inglês "THE GUARDIAN" sobre a Baía de Guanabara
BAÍA DE GUANABARA: XI Congresso Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente debateu o saneamento e despoluição da Baía
HISTORIAS DO RIO - ESPN - Mais um belo documentário sobre Lars Grael e a família Grael
Assista à matéria sobre o Projeto Grael no programa "Como Será?", da Globo
A BAÍA DE GUANABARA NA OLIMPÍADA E NA PÓS-OLIMPÍADA





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contribua. Deixe aqui a sua crítica, comentário ou complementação ao conteúdo da mensagem postada no Blog do Axel Grael. Obrigado.