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domingo, 26 de junho de 2016

Niterói receberá Força Nacional durante a realização dos Jogos Olímpicos





Efetivo, segundo Sérgio Caldas, atuará na cidade, durante provas de vela e na segurança de atletas e turistas

“Niterói e cidades da região não vão ficar desprovidas de policiamento durante a olimpíada”. A afirmação é do delegado Sérgio Caldas, responsável pelo 4º Departamento de Polícia de Área (DPA), citando que o reforço de policiais, civis e militares, que será enviado para a capital vai ser feito nos dias de folga dos agentes, dentro do que permite o Regime Adicional de Serviço (RAS). A cidade ainda vai receber uma das equipes da Força Nacional de Segurança Pública, do Governo Federal.

“Ainda não sabemos o quantitativo desse efetivo, mas certamente uma das equipes virá até a cidade por conta das provas de Vela e também dos atletas que ficarão baseados na cidade e os turistas, por conta da proximidade com o Rio de Janeiro”, afirma o delegado, que acredita que com o pagamento das gratificações e prêmios devido à ajuda do Governo Federal de R$ 2,9 bilhões ao Estado, a procura pelo serviço adicional volte a aumentar.

Caldas afirma que apesar das dificuldades financeiras enfrentadas pelo Estado, reflexo da crise nacional, as delegacias que estão sob o seu comando estão batendo as metas estipuladas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) em relação a prisões, casos solucionados, mandados de prisão e busca e apreensão.

“Com a normalização do pagamento a tendência é ficar ainda melhor. Pois é muito difícil motivar todo um corpo de policiais se ele não recebe o salário dia. Mas mesmo assim estamos dentro da meta. Apenas no Centro de Niterói, área da 76ª DP, em um ano e meio foram presas cerca de 30 lideranças do tráfico de drogas”, exemplifica.

Um grande avanço para a cidade, mas que ainda está em fase de discussão, será a criação de uma Central de Garantias, que vai introduzir uma nova metodologia na apreciação das prisões em flagrante. “Ela funcionará nos mesmos moldes da que foi instalada na Cidade da Polícia, com quatro salas de audiência, salas de custódia, quatro delegados de plantão cada um com uma equipe especializada para possíveis diligências, além de um corpo de peritos. A qualidade dos inquéritos gerados na Central de Garantias já em funcionamento são excelentes”, afirma o delegado. Ainda segundo Caldas, o prédio para abrigar a central precisa ser construído em um terreno que deve ser doado pela prefeitura, preferencialmente, dentro da Cidade da Ordem Pública, no Barreto. Mas devido a situação financeira do Estado e ao período eleitoral no âmbito municipal, o assunto acabou sendo adiado para 2017.

Migração – Questionado sobre a migração de criminosos do Rio para favelas de Niterói e São Gonçalo, Caldas disse que os próprios dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), ligado à Secretaria de Segurança, confirmam o aumento no número de criminosos e de armamentos nas favelas da região, principalmente no Caramujo, em Niterói, e no Salgueiro, em São Gonçalo.

“O morador de Niterói ainda não tem, e ainda bem que não tem, a aceitação de que a violência é naturalmente sua vizinha, como se tem no Rio. Por isso esse desconforto na população. Junto com o crescimento das facções criminosas, cresce também o conflito entre elas pela busca de pontos de vendas do tráfico. A venda de drogas é algo quase impossível de se acabar, mas a questão do tráfico armado é o que chama atenção. Estamos lutando para diminuir isso”, afirma.

Mostrando as comunidades de Niterói sinalizadas em um mapa colocado em seu gabinete, Sergio Caldas afirma que a Zona Norte de Niterói, atendida pela 78ª DP (Fonseca), ainda é a região mais crítica da cidade. “Obviamente essa é a parte da cidade que mais recebeu criminosos do Rio, até pelo seu grande número de favelas, e onde a tensão entre facções cresceu. Mas, subjetivamente, algo que acontece na Zona Sul cria uma repercussão muito maior na população. Mesmo áreas como Santa Rosa, onde a migração foi bem menor, até para a polícia realizar uma simples operação hoje ficou mais difícil”, comenta.

‘Polícia sozinha não põe fim na criminalidade’

Para o delegado, a polícia, sozinha, não será capaz de acabar com a criminalidade, pois a questão da Segurança Pública começa com Educação, Saúde e outros serviços básicos que levem oportunidades para os moradores de comunidades carentes.

“Para tentar se aproximar dessa questão social a Polícia Civil tem o programa Papo de Responsa, que trabalha na interlocução com adolescentes e jovens de escolas de comunidades carentes. Fazendo um diálogo sobre drogas, violência e o papel do policial na sociedade. Os policiais ainda vão de cabelo comprido, barba, justamente para quebrar a sensação de dureza e rigidez. Mudando a impressão que muitos têm da polícia”, afirma.

Ainda de acordo com Caldas, o problema passa, também, pela questão penitenciária.

“Hoje com a justificativa de que não há espaço para deixar tantas pessoas presas, é afrouxado cada vez mais a progressão de pena. Com isso, bandidos perigosos têm retornado cada vez mais cedo para a rua”.

Legalizar armas e drogas, para ele, são questões que devem ser discutidas pela sociedade, mas acredita que a liberação do porte de armas para a população em geral traria mais problemas que benefícios.

“A legalização das drogas, a maconha especificamente, deve ser discutida sobre a ótica da regulamentação da produção. Autorizar apenas o uso não adianta nada, isso não passa de hipocrisia. Os traficantes vão continuar vendendo drogas nas favelas e portado armas. Regular desde a produção é o que pode gerar melhores resultados”, argumenta.

Fonte: O Fluminense






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