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sábado, 23 de abril de 2016

CALÇADÃO DE PIRATININGA - Muro de contenção de praia em Niterói será em forma de escada

 

O projeto em forma de escada, semelhante a uma arquibancada de concreto - Divulgação / Prefeitura de Niterói


Por Renan Almeida

Avanço sobre areia e restinga em Piratininga preocupa moradores


NITERÓI - À espera de uma nova reforma há cinco anos, desde que foi destruído pela terceira vez por uma ressaca, no inverno de 2011, o calçadão da Praia de Piratininga ficará de cara nova. A promessa é da prefeitura de Niterói, que apresentou na quarta-feira, ao GLOBO-Niterói, o projeto elaborado para revitalizar a orla e impedir outros desabamentos provocados pelo impacto das ondas: um muro de contenção em formato de arquibancada, estruturado com pedras retiradas da escavação do Túnel Charitas-Cafubá, parte da Transoceânica. De acordo com o município, as obras estão planejadas para começar em setembro e vão durar oito meses.

O projeto elaborado pela Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (Emusa) prevê a construção da estrutura ao longo de 1,6 quilômetro, com cinco rampas de acesso à praia. O início dele será no canto esquerdo da praia, na altura do antigo toboágua, e compreenderá cinco quarteirões da orla. O muro de concreto é em forma de escada, com cinco ou seis degraus de 80 centímetros de altura cada — a exemplo do que existe na Praia do Leblon. A solução encontrada, assegura o vice-prefeito Axel Grael, resolverá o que a prefeitura considera um problema crônico.

— Nós tratamos o calçadão como uma de nossas prioridades, e agora temos uma oportunidade que permite reduzir bastante os custos do projeto, que é a disponibilidade de pedras do túnel da Transoceânica — explica Axel Grael.

A estimativa é que sejam usadas 7.200 toneladas de pedras para realizar a obra, que está orçada em R$ 9,077 milhões. A altura do muro varia de quatro a cinco metros, dependendo do trecho. Também está prevista a reforma do calçadão.

Parte do calçadão ainda destruído - Barbara Lopes / Barbara Lopes

O analista ambiental Guilherme Paulino torce pela reforma, mas mostra preocupação com a forma como ela será executada. Morador de Piratininga há 32 anos, ele defende que a faixa de areia e a restinga deveriam ser ampliadas, em vez de encolherem com a nova estrutura.

— Avançar ainda mais a área concretada sobre a areia não parece a melhor solução — opina Paulino, que lembra das últimas ressacas. — Um dos erros em Piratininga foi terem “atropelado” a restinga para construir o calçadão. A vegetação fazia naturalmente esse papel de segurar as ondas.

O vice-prefeito Axel Grael diz que a estrutura avançará pouco. Ele ressalta que o muro em desnível é projetado justamente para dissipar a energia das ondas. Ainda de acordo com ele, os quiosques não serão afetados pelas obras.

— A estrutura avança para fazer a geometria de que nós precisamos. O muro chapado, como é hoje, não dá um bom efeito de resistência às ressacas. A nova geometria e o projeto bem detalhado servem para que seja uma solução duradoura — garante o vice-prefeito.

O quiosqueiro Edson Soares é reticente ao ouvir sobre o novo projeto de reforma para o calçadão:

— Perdi a conta de quantas vezes veio reportagem aqui falar sobre essa obra. Vamos ver.

A manutenção do calçadão de Piratininga, castigado por diversas ressacas desde a década de 1990, é considerado um problema crônico. Destruída em 1996, parte da orla foi novamente devastada por ressaca em 1999. Somente em 2008, 12 anos depois, ele foi recuperado ao custo de pelo menos R$ 1,5 milhão. Quatro anos depois, em junho de 2011, o mar novamente revolveu a areia e pôs abaixo três trechos do pavimento, todos nos primeiros quarteirões da praia. De lá para cá, não houve reforma e sobraram especulações sobre o que resolveria o problema. Uma das soluções analisadas pela prefeitura — e desejada por surfistas — era a criação de um recife artificial, que criaria ondas perfeitas em Piratininga e, ao mesmo tempo, afastaria o impacto de ressacas na praia. A prefeitura informa que não descarta o projeto, mas diz que ainda não foram realizados estudos sobre a viabilidade.

Fonte: O Globo Niterói 



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