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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

FLORESTAS E FIXAÇÃO DE CARBONO - Idade das folhas faz diferença na captação de CO₂


Quanto mais novas, melhor: folhas novas aumentam a captação de CO₂- Léa Cristina / Arquivo


Estudo revela que árvores de copa mais jovem têm fotossíntese mais potente
A idade das folhas, e não a quantidade, é o que impulsiona os fluxos sazonais de dióxido de carbono em regiões tropicais como a Amazônia, revela um estudo publicado pela Universidade do Arizona e pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) na edição desta semana da revista “Science”. Isto explica porque observações anteriores dos ciclos de carbono da floresta tinham sido tão díspares: de torres no chão, os cientistas observavam grandes mudanças sazonais na fotossíntese, mas de satélites no espaço as alterações eram bem menores. Fotos de alta resolução mostraram que as duas observações estavam corretas e eram causadas pela mistura de folhas novas e antigas na floresta.

— Pelos satélites, as florestas parecem sempre vivas, mas quando usamos câmeras para olhar as árvores todos os dias, uma a uma, vimos dramáticas perdas de folhas e surtos de crescimento rápido que não poderiam ser captados por satélite — disse Jin Wu, um dos autores do estudo.

Até agora, modelos de interação sazonal da atmosfera com a floresta em regiões tropicais supunham que a baixa precipitação tinha a ver com menos água para as plantas e, consequentemente, menos fotossíntese e captação de carbono.

Ao monitorar a capacidade de fotossíntese das plantas em quatro regiões da Amazônia, os pesquisadores observaram que a produtividade das plantas se mantém constante — e até aumenta — em estações mais secas. O desfolhamento durante estas estações foi mais que compensado pelo aumento de produção das folhas novas. Estas mudanças não apenas resultaram em um aumento da cobertura da floresta, como na composição etária das copas, que passaram a ter folhas mais jovens com melhor qualidade de fotossíntese, segundo os autores do estudo. A descoberta deve ajudar a melhorar as previsões de como essas florestas vão responder às mudanças climáticas.

— Um terço das árvores perde quase ou todas as folhas e se recompõe em um mês — explica a estudante Aline Lopes, colaboradora do estudo junto com o pesquisador Bruce Nelson, ambos do Inpa.

Os pesquisadores criaram um “modelo demografia-ontogenia foliar” no qual dividiram as folhas por idade e estágio de desenvolvimento, ao invés de se basear em sua superfície global. Usando estes parâmetros para analisar uma das regiões mais secas, o estudo estabeleceu uma correlação entre a produtividade da planta e a maturação das folhas — o que ficou evidente também em um local mais úmido.

Fonte: O Globo



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