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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Jacarés-de-papo-amarelo resistem às margens da Lagoa de Itaipu



Um dos maiores jacarés vistos na Lagoa de Itaipu - Felipe Queiroz / Divulgação


Renan Almeida


NITERÓI — Um dos rios que cortam a Região Oceânica leva o seu nome, Jacaré, mas a presença dos animais em Itaipu ainda soa para muitos moradores, até para os mais antigos, como uma lenda urbana, como aquela letra de Zeca Pagodinho: “Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar.” Mas o fato é que eles estão entre nós, às margens de rios — sobretudo no João Mendes —, e de canais que alimentam a Lagoa de Itaipu. Pode parecer assustador, mas ambientalistas explicam que encontrar a espécie — jacaré-de-papo-amarelo — por ali é motivo de comemoração, sinal de mais biodiversidade e de que um importante elemento da cadeia alimentar resiste às mudanças. São indicadores de melhoria na qualidade de água dos rios? Nem tanto.

— É precipitado dizer que o aparecimento de jacarés é um indicativo de qualidade. Outro dia encontraram um num valão em São Gonçalo, lugar inimaginável para sobreviverem. É uma espécie que mostrou grande capacidade de adaptação, de resistência a essas transformações, como resposta para não ser extinta — explica o professor de Medicina de Animais Silvestres e Zoologia da UFF, Sávio Freire.

Na Lagoa de Itaipu, eles são encontrados com frequência, mas é preciso procurá-los com atenção. Como são animais de água doce, vivem à beira dos rios, mas são desconfiados e, ao menor sinal de ameaça, mergulham e somem na água escura.

O coordenador de Pesquisa, Monitoramento e Manejo de Ecossistema do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), Felipe Queiroz, acompanha os jacarés-de-papo-amarelo no entorno da lagoa e diz que já foram identificados oito indivíduos:

— Temos visto alguns filhotes, sinal de que estão se reproduzindo e se estabelecendo no local.


Um jacaré-de-papo-amarelo, às margens do Rio João Mendes - Hermes de Paula / Agência O Globo

Os jacarés-de-papo-amarelo podem chegar a três metros de comprimento e impõem respeito pelo tamanho e pela aparência, semelhante a certos dinossauros, seus parentes pré-históricos. Por muitos anos, esteve na lista de espécies ameaçadas de extinção. A caça indiscriminada, a degradação do habitat e a perseguição pelo estigma de ser um animal violento, conta o professor da UFF, foram os responsáveis pelo seu quase desaparecimento. Mas, apesar de serem carnívoros, especialistas garantem que eles não representam ameaças para as pessoas e que não há registro de ataques a humanos no estado do Rio.

— Desconheço qualquer ataque. Não é uma espécie que demonstra agressividade, a não ser que seja molestada a ponto de ter que se defender — alerta Freire.

Queiroz reforça:

— É um predador, mas, aqui, alimenta-se de animais como caranguejos, aves, outros répteis e pequenos mamíferos.

Além do patrulhamento noturno, guarda-parques realizam um trabalho de educação ambiental nos condomínios no entorno da lagoa. O objetivo é informar que ali é o habitat desses animais e pedir que moradores denunciem se observarem caça no local.


Réptil nada em um dos canais. - Felipe Queiroz

No dia 10 de novembro, um jacaré morto apareceu no mar de Camboinhas, assustando banhistas. Na ocasião, biólogos disseram se tratar de um dos animais que vivem no Rio João Mendes.

Fonte: O Globo Niterói


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