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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

ENSEADA LIMPA: esclarecimentos sobre a matéria "Canal de São Francisco, em Niterói, ganhará nova ecobarreira"


COMENTÁRIO DO AXEL GRAEL:

O artigo abaixo, publicado hoje no O Globo Niterói, aborda os problemas da Enseada de Jurujuba e refere-se ao programa Enseada Limpa, desenvolvido pela Prefeitura de Niterói. O programa tem o objetivo de despoluir a referida enseada, onde localizam-se as praias de São Francisco, Charitas, Preventório, Jurujuba, e cujas águas influenciam também Icaraí e Adão e Eva.

O Enseada Limpa iniciou-se em 2013 e suas ações estão resultando em comprovados resultados para a qualidade das águas da enseda, conforme tem sido expresso pelos índices de balneabilidade publicados semanalmente pelo INEA, e como foi reconhecido por matéria do próprio O Globo Niterói (Praia na Baía de Guanabara supera oceânicas e fica balneável durante quase todo o ano).

Desde o início do programa Enseada Limpa, os indicadores de balneabilidade saíram de praticamente zero, para mais de 40% das semanas com situações de balneabilidade. Em 2016, a meta é superar a marca de 50% de balneabilidade.

Em 2013 e 2014, o Enseada Limpa teve como prioridade o investimento de cerca de R$ 13 milhões em obras de melhoria da infraestrutura de saneamento da bacia contribuinte da enseada, acabando com várias línguas de esgoto que existiam nas praias.

Em 2015, além de ações educativas nas comunidades voltadas para a questão do lixo, a prioridade esteve no programa "Se Liga", desenvolvido em conjunto com o INEA, para obrigar os imóveis que ainda não estavam conectados à rede de esgoto, a fazê-lo.

Em 2016, as prioridades são a continuidade das ações nas comunidades, manter o "Se Liga", implementar ações preventivas referentes ao lixo, implantar uma nova ecobarreira e fazer as obras como a melhoria da ETE Jurujuba e de uma Caixa de Sedimentos no Canal da Avenida Presidente Roosevelt.
Saneamento básico é uma das principais prioridades da Prefeitura de Niterói e a cidade alcançará até 2018 a universalização da coleta e tratamento do esgoto, assumindo um papel de liderança no país. Atualmente, a cidade é considerada a melhor do estado do RJ e a sexta melhor do país em saneamento.

Esclarecendo algumas informações da matéria

O texto, assinado por



A matéria de O Globo retrata a Enseada em sua pior condição, sofrendo os efeitos de uma semana de chuvas fortes, situação esta que provoca a chegada de uma enorme quantidade de lixo a toda a Baía de Guanabara e à própria Enseada, como confirma a declaração do professor de Geografia da UFF, Eduardo Manuel Bulhões. Em tais condições, ainda há pouco o que se possa fazer, pois depende de soluções a serem alcançadas em toda a Regiâo Metropolitana.

Os autores também se referem aos investimentos que serão feitos em breve para a melhoria dos problemas abordados, mas confundem algumas informações: a Ecobarreira e a Captação de Tempo Seco. São dois equipamentos distintos e com finalidades também diferentes.

Ecobarreira

A Ecobarreira tem a finalidade de conter o lixo carreado pelo canal da Avenida Presidente Roosevelt. A existente atualmente, localizada próximo à foz do canal, foi implantada de forma experimental e não tem a eficiência necessária. Será substituída por outra de maior confiabilidade e que dará resultados muito melhores.

Captação de Tempo Seco

Já, a Captação de Tempo Seco (tempo seco = dias sem chuva) é um outro equipamento, destinado a evitar que as águas poluídas do canal da Avenida Presidente Roosevelt cheguem à Enseada. O dispositivo localiza-se dentro do canal, na esquina da avenida com a Rua Tupinambás.


Captação de Tempo Seco no canal da Avenida Presidente Roosevelt, em São Francisco. É possivel verificar o pequeno barramento para a acumulação da água, que é bombeada para a rede de esgoto (bomba na caixa á direita na foto, onde vê-se uma escada de acesso). Foto de Axel Grael.


Como eu expliquei à repórter, a Captação de Tempo Seco (foto acima) conta com um pequeno barramento no leito do canal, com o objetivo de acumular a água do canal, para possibilitar o seu bombeamento para a rede de esgoto. O sistema funciona bem, mas em condiçoes de chuvas mais intensas, a vazão do rio aumenta e extravasa a capacidade de armazenamento. O dispositivo é planejado para que assim seja, caso contrário, causaria inundação.

Ocorre que mesmo com baixa vazão, chega muito sedimento ao dispositivo (veja o sedimento na foto), o que assoreia o barramento e causa a impossibilidade de contenção da vazão em tempo seco, permitindo que a vazão siga em direção ao mar. Para evitar este problema, a Concessionária Águas de Niterói providencia semanalmente o desarreamento do barramento.

Portanto, a outra obra que será feita por Águas de Niterói será a construção de uma Caixa de Retenção de Sedimentos, a montante da Captação de Tempo Seco, para evitar que o sedimento chegue ao barramento e para facilitar a remoção do sedimento de forma mecânica.

Assim, com o aumento da eficiência da Captação de Tempo Seco e o combate aos lançamentos de esgoto nas águas pluviais (programa "Se Liga"), diminuirá substancialmente a quantidade de carga orgânica e poluentes que chegarão à Praia de São Francisco e à Enseada de Jurujuba, melhorando ainda mais as suas condiçoes ambientais.

Com o avanço do programa Enseada Limpa, Jurujuba será a primeira parte da Baía de Guanabara a ser considerada despoluída.

Axel Grael
Vice-Prefeito
Niterói




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Canal de São Francisco, em Niterói, ganhará nova ecobarreira

Atleta de canoagem disputa espaço com urubus e o lixo nas areias da Praia de São Francisco, - Guilherme Leporace / Agência O Globo




Ação faz parte de projeto da prefeitura para evitar a chegada de lixo as águas do mar

NITERÓI — O cenário é fúnebre. E contrasta com o visual da orla de São Francisco. A areia da praia, que num dia de sol seria ocupada por pessoas em atividades esportivas e de lazer, era dominada por mais de 50 urubus que atacavam a carcaça de uma tartaruga. Tubos vazios de pasta de dente, fósforos, armação de óculos de sol e pedaços de isopor, entre outros objetos, formavam a longa lista de itens que, por volta das 11h da última terça-feira, deixavam um rastro do impacto da ação do homem no meio ambiente. A situação, porém, não é nova. Diante disso, a prefeitura promete iniciativas para impedir que resíduos decorrentes do descarte irregular de comunidades da região cheguem ao mar. Uma das promessas é a substituição da ecobarreira do canal de São Francisco, na Avenida Presidente Roosevelt, por uma mais eficiente.

O vice-prefeito Axel Grael conta que o bloqueio que existe hoje não é suficiente para barrar os resíduos:

— Com o alto volume de chuva, a água ultrapassa a (atual) barreira e acaba levando os resíduos. A nova, com material mais resistente, terá espaço para contê-los e acumulá-los até que uma equipe da prefeitura os retire de lá.

OBS: Eu me referia à Caixa de Retenção de Sedimentos, não à ecobarreira. Axel

Além disso, até o meio deste ano, a Águas de Niterói vai instalar uma caixa de sedimentação, cuja função é reter a areia trazida pelo fluxo da água do mar, impedindo o assoreamento do canal e evitando a obstrução do sistema de tratamento.

Essas ações fazem parte do projeto Enseada Limpa, parceria do município com a concessionária. Iniciado em 2013, com o objetivo de melhorar a qualidade das águas e do meio ambiente, o programa já recebeu mais de R$ 13 milhões de investimentos. Iniciativas para ampliar o tratamento de esgoto, como o Se Liga, estão em vigor em São Francisco. A proposta é identificar e acabar com as ligações clandestinas, além de modernizar a estação de tratamento de Jurujuba, prevista para ficar pronta no mês que vem, segundo a Águas de Niterói. Desde agosto, 18 proprietários de imóveis com ligações clandestinas foram notificados no bairro; 16 se ligaram à rede pública coletora.

O tempo para as ações darem resultado, entretanto, é curto. Com a proximidade dos Jogos Olímpicos, a discussão sobre a sujeira na região ganha destaque. Conforme O GLOBO-Niterói mostrou no último dia 16, a cidade receberá ao menos 12 delegações internacionais que disputarão as competições de vela na Rio 2016 e usarão a enseada para o treinamento.

CHUVA AGRAVA SITUAÇÃO

Apesar do lixo na praia, Axel Grael afirma que a região teve “melhoras substanciais” nos últimos anos. Ainda assim, o vice-prefeito lembra que a ecobarreira do canal de São Francisco é uma estrutura de tempo seco. Em dias de chuva, o volume maior de água agrava a situação e, segundo ele, torna impossível assegurar a limpeza da praia. Professor de Geografia da UFF, Eduardo Manuel Bulhões ratifica a avaliação:

— No verão, a situação piora, pois rios, córregos e canais ganham maior volume de água para transportar resíduos para o espelho d’água da Baía. Lá, a circulação interna das águas favorece que esses resíduos sólidos se depositem em suas margens, junto às praias de menor volume de água, como a de São Francisco e de Botafogo, no Rio.

Cerca de cinquenta urubus comem tartaruga morta na Praia de São Francisco; moradores e frequentadores reclamam do lixo e mau cheiro no local - Guilherme Leporace / Agência O Globo

Enquanto isso, frequentadores reclamam do constante mau cheiro da água, da cor turva e do lixo. Moradora há 15 anos da Estrada Fróes, Heloisa Pereira lamenta não poder mergulhar em São Francisco:

— É um lixo, um absurdo! Vejo tartarugas tentando respirar em meio ao esgoto. É revoltante não poder aproveitar essa praia linda.

Também morador da região, o atleta de canoagem Dave Macknight treina diariamente em São Francisco. Ele diz que o impacto da sujeira atrapalha seu desempenho.

— A limpeza é feita, mas é como enxugar gelo. A maré deixa a praia suja novamente — opina. — Há dias em que eu não consigo treinar, de tanto lixo. Um saco plástico agarra no leme e você não consegue continuar. Aconteceu no último fim de semana.

Axel Grael, porém, não crê que o impacto da sujeira vá prejudicar o rendimento das delegações de vela que venham a utilizar a região como apoio para a preparação dos torneios, em agosto:

— O local já passou por eventos, como a Copa Brasil de Vela, em dezembro do ano passado, e as condições estavam boas.

A Confederação Brasileira de Vela (CBV) também minimizou a questão da sujeira e disse que não haverá problemas em relação à poluição.


Fonte: O Globo Niterói


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