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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

TECNOLOGIA INOVADORA DE COMBATE BIOLÓGICO AO MOSQUITO DA DENGUE ESTÁ SENDO TESTADO PELA FIOCRUZ EM NITERÓI COM BONS RESULTADOS

 
Comentário Axel Grael:

Niterói e a ciência no combate à dengue

A equipe de pesquisadores da FIOCRUZ procurou a Prefeitura de Niterói para planejar o desenvolvimento de uma pesquisa internacional para o desenvolvimento de uma nova tecnologia para o combate ao mosquito da dengue.

Em reunião realizada na Vice-Prefeitura, dirigentes da Secretaria Municipal de Saúde tomaram conhecimento dos procedimentos do método a ser adotado, as condições de segurança para a comunidade e para o meio ambiente e a importância dos estudos para o controle da doença.

Niterói será uma das cidades a receber o experimento, em particular o bairro de Jurujuba, às margens da Baía de Guanabara. Conforme explanação dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, a opção por Jurujuba (Niterói), assim como as demais localidades escolhidas (Tubiacanga - Ilha do Governador; Urca - Zona Sul e Vila Valqueire - Zona Norte), deveu-se às características geográficas e demográficas destes bairros, que facilitam o monitoramento da população de mosquitos.

Um dos lugares escolhidos para a instalação dos equipamentos para o monitoramento da população de Aedis aegypti é a sede do Projeto Grael, localizado em Jurujuba.

Desenvolvido por instituições e cientistas reconhecidos internacionalmente pela contribuição para o desenvolvimento de pesquisas em saúde pública, o estudo conta com o acompanhamento de organismos internacionais ligados à ONU e os testes de campo no Brasil foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) após rigorosa avaliação sobre a segurança para a saúde e para o meio ambiente.

Além da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, os estudos científicos estão sendo desenvolvidos na Austrália (onde iniciou-se), no Vietnam e na Indonésia.

Portanto, os estudos foram considerados seguros e a tecnologia mostra-se promissora no combate à doença.

Pelo fato de ser pioneira, Niterói poderá se beneficiar antecipadamente dos resultados e estará dando a sua contribuição para o avanço desta doença que tanto preocupa várias partes do mundo, principalmente nas regiões tropicais.

Axel Grael

(Comentário publicado originalmente no Blog do Axel Grael em 24 de setembro de 2014)



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Jurujuba vira laboratório contra o mosquito transmissor da dengue
 
Biólogo Gabriel Sylvestre com o criadouro de mosquitos numa das 80 casas de Jurujuba que participam do projeto. - Divulgação / Peter Illiciev

Método da Fiocruz testado no bairro atinge 50% dos insetos, reduzindo riscos de contágio de doenças

NITERÓI - A proliferação de mosquitos da dengue, que costuma aumentar com o período de chuvas de verão, este ano está preocupando ainda mais as autoridades com a chegada ao Brasil de vírus como o zika e o que causa a febre chicungunha, transmitidos pelo Aedes aegypti. O bairro de Jurujuba, num dos extremos da Baía de Guanabara, ganhou papel fundamental na busca por uma solução para controlar a propagação das doenças. Desde agosto, a antiga colônia de pescadores é usada como laboratório experimental a céu aberto por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no projeto científico “Eliminar a dengue: desafio Brasil”, uma iniciativa internacional que também acontece simultaneamente na Austrália, na Indonésia, no Vietnã e na Colômbia. Os cientistas testam a eficácia de mosquitos contaminados com a bactéria wolbachia, que reduz significativamente a capacidade de o inseto transmitir doenças. E os resultados são animadores: aproximadamente 50% da população de mosquitos do bairro já têm o micro-organismo.
O trabalho da Fiocruz que utiliza tecnologia inovadora para o combate biológico ao mosquito transmissor da Dengue, tem o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Niterói e a participação do Projeto Grael, que é um dos locais de soltura dos mosquitos infectados com a bactéria wolbachia e um dos postos de monitoramento da população de mosquitos.


Desenvolvido por pesquisadores australianos, em 2009, o método de infecção do mosquito com bactéria wolbachia para reduzir a transmissão do vírus da dengue e de outras doenças pelo Aedes aegypti é inovador. De acordo com o pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, coordenador do projeto no Brasil, a wolbachia já é naturalmente encontrada nos insetos e reduz a capacidade que eles têm de transmitir doenças para as pessoas.

— Cerca de 60% dos insetos no mundo já têm essa bactéria, incluindo o pernilongo, por exemplo. O que fazemos é introduzir a wolbachia em ovos do mosquito por meio de um processo de microinjeção. Quando está presente nas células do mosquito, a bactéria é capaz de reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo vetor. Como a bactéria é transmitida naturalmente para as gerações seguintes de mosquito, o método se torna autossustentável — destaca Moreira, ressaltando que os mosquitos utilizados não sofrem qualquer tipo de modificação genética. — Não são transgênicos.

Na fase atual do projeto em Jurujuba, o objetivo dos pesquisadores é observar a capacidade de os mosquitos Aedes aegypti com wolbachia se estabelecerem no ambiente do bairro. Eles observam também se eles estão encontrando parceiros para reprodução e gerando larvas com a bactéria.

— Em agosto de 2015 começamos as liberações de ovos de Aaedes aegypti com wolbachia. Atualmente, mais da metade dos mosquitos do bairro já têm a bactéria. O resultado é avaliado como satisfatório — considera Moreira.

Atentos. Moradores de Jurujuba observam insetário, no campus da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio - Divulgação/Peter Illiciev


A liberação de mosquitos com wolbachia em Jurujuba é feita por meio de Dispositivos de Liberação de Ovos (DLO), um recipiente plástico com tampa e pequenos furos nas laterais. Os DLOs são hospedados na residência de 80 moradores que colaboram com o projeto. Eles atuam como criadores de mosquitos e são chamados pelos pesquisadores da Fiocruz de “anfitriões”. Luciano Moreira explica que no interior do DLO há ovos de Aedes aegypti com wolbachia, água e alimento para as larvas que vão nascer.

— De sete a dez dias depois da instalação, os ovos já começam a dar origem aos mosquitos adultos, que voarão gradativamente para fora do recipiente por meio dos furos. É importante ressaltar que o DLO não tem produtos químicos ou tóxicos — destaca o pesquisador.

TESTES EM EMBRIÕES É PIONEIRO

Esse método de distribuição, em Jurujuba, do mosquito no meio ambiente, ainda em forma de embrião, é o único feito até agora. Em Tubiacanga, na Ilha do Governador, no Rio, o projeto também estuda o método de liberação de mosquitos Aedes aegypti adultos infectados com a bactéria wolbachia. Segundo Luciano Moreira, o uso dos dois modelos ao mesmo tempo visa a buscar metodologias de liberação que sejam ao mesmo tempo eficazes e mais baratas.

— Devido à facilidade logística e ao menor custo, o DLO permite que áreas maiores sejam trabalhadas, possibilitando, no futuro, a ampliação da área de atuação do projeto — avalia Moreira, sem revelar, entretanto, se já há outras áreas da cidade prestes a receber a iniciativa.

A parceria com os moradores de Jurujuba é vista como fundamental para os pesquisadores da Fiocruz. Eles foram levados até a sede do instituto, no Rio, e passaram por treinamento. São considerados pelos pesquisadores quase especialistas na criação de mosquitos Aedes aegypti com wolbachia. Em 26 casas do bairro também foram instaladas armadilhas.

— São essas armadilhas que nos permitem capturar mosquitos regularmente e contabilizar qual percentual deles tem a bactéria. Somos muito gratos a todos os colaboradores — diz Moreira, explicando que essa análise é fundamental para saber a proporção de mosquitos com baixa capacidade de transmissão de doenças na região.

Ainda não há informações oficiais sobre o impacto do projeto na redução do número de casos de dengue em Jurujuba, segundo os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz. Essa avaliação está prevista para as fases futuras do projeto. Num próximo passo da pesquisa, será possível analisar a influência desses novos mosquitos no número de casos da doença também em áreas mais amplas.

REGISTROS AUMENTAM 50% EM SÃO GONÇALO

Os moradores do Leste Fluminense devem redobrar os cuidados na prevenção aos criadouros do mosquito Aedes aegypti. O número de casos de dengue em São Gonçalo apresentou um aumento expressivo este ano: foram 1.758 entre janeiro e novembro, um crescimento de 50% em relação aos 1.171 notificações de 2014. Em Niterói, por sua vez, foram 404 casos este ano, 4,5% a mais do que os 387 de 2014. A cidade também registrou um caso confirmado de zika vírus, cuja vítima foi uma mulher de 36 anos atendida num hospital privado. Ela não estava grávida e já não apresenta mais os sintomas. Em nenhuma das cidades foram registrados casos de microcefalia e febre chicungunha até o momento.

Em Niterói, os índices de infestação melhoraram ao longo do ano. No último Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (Liraa), que busca focos de dengue em casas sorteadas em diversos bairros da cidade, o indicador foi de 1,1; ou seja, a cada cem imóveis visitados, aproximadamente um apresentava larvas do mosquito. Em maio, esse índice era de 1,6. Com o resultado, Niterói está prestes a ser classificado como satisfatório, quando o resultado é de menos de 1% de imóveis com focos. De 1% a 3,99% representa alerta e acima de 4% é considerado situação de risco.

Segundo a prefeitura de Niterói, as ações de combate ao mosquito da dengue foram intensificadas por meio do trabalho de rotina da Vigilância Sanitária durante a semana e, nos fins de semana, são realizados mutirões, com vistoria em casas, ruas e canteiros. Já em São Gonçalo, anteontem, foi realizada uma operação de combate no Rio do Ouro, bairro que faz fronteira com Niterói. Ao todo, foram mobilizados cerca de 600 agentes públicos nos trabalhos pelo bairro.

De acordo com a prefeitura de São Gonçalo, todos os 92 bairros serão visitados por agentes da Vigilância Sanitária, que farão inspeções em imóveis e distribuirão material informativo.

Fonte: O Globo Niterói

 
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