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sábado, 5 de dezembro de 2015
BICICLETA: NITERÓI TEM A SEGUNDA MELHOR INTEGRAÇÃO A OUTROS MEIOS NO PAÍS
Pesquisa inédita revela que 41% dos ciclistas da cidade usam outros modais de transporte
NITERÓI — A adoção da bicicleta como alternativa para se locomover pelas ruas de Niterói pode ser comparada, hoje, à realidade das principais capitais brasileiras. É o que comprova pesquisa inédita sobre o perfil do ciclista brasileiro realizada pela ONG Transporte Ativo em parceria com outras nove organizações, o Observatório das Metrópoles e o Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ. A principal particularidade da cidade é a integração com outros modos de transporte, acessível a 41% dos ciclistas, o segundo melhor resultado do país. Enquanto a média nacional não passou dos 26,4%, o número de Niterói é comparável ao de Brasília, onde mais da metade dos ciclistas tem acesso a alguma forma de integração, e a entrada de passageiros com bicicleta no metrô é liberada durante todo o dia.
— É claro que o uso desse meio de transporte é feito principalmente por quem trabalha no Rio e encontra integração em pontos como Charitas e nas barcas, mas temos intermobilidade, e não se vê isso em outras capitais, mesmo em São Paulo — afirma Ana Luiza Carbone, coordenadora da pesquisa, que teve o apoio do Departamento de Turismo da UFF e do programa Niterói de Bicicleta, da prefeitura.
Única não capital participante da pesquisa nacional, que entrevistou pouco mais de cinco mil ciclistas em dez cidades do país, Niterói se destaca pelo uso integral das bikes. Entre os principais destinos indicados pelos usuários no dia a dia estão os locais de trabalho (75,1% dos entrevistados), de lazer (76%) e de compras (70,4%). A participação das mulheres também impressiona. Elas representaram 13% dos ciclistas, número que chega ao dobro da média nacional.
Mas, apesar dos índices positivos, não é difícil encontrar, em Niterói, quem faça malabarismos para não deixar de usar a bicicleta. Um caso curioso, identificado na própria coleta de dados, é o da comunidade do Jacaré, em Itaipu. Lá, a conexão é realizada diariamente com o auxílio de mototáxis. O bicicletário instalado no bairro abriga também um ponto para quem procura pelo serviço.
Outro diferencial é o tempo gasto no trajeto mais frequente realizado pelos ciclistas. A maioria dos entrevistados, cerca de 65%, disse levar de dez a 30 minutos para chegar ao destino. No Brasil, essa média ficou em 56,2%, o que revela que os niteroienses perdem menos tempo se deslocando pela cidade. Uma das explicações possíveis é a geografia. Com ruas planas e trajetos curtos, a cidade favorece quem opta pela bicicleta. Para se ter uma ideia, a distância entre o bairro do Fonseca e o terminal das barcas não ultrapassa cinco quilômetros, quando o ideal é pedalar por até sete e meio quilômetros diariamente.
Mas a geografia favorável não é capaz de esconder a falta de infraestrutura da cidade, principal problema levantado por seus moradores ciclistas. Para 36,8% deles, faltam ciclovias. Outros 31% apontam a necessidade de melhorar a educação no trânsito. Morador de São Domingos, Luiz Paulo Ramos de Carvalho, de 25 anos, costuma se locomover com frequência de casa à faculdade. O estudante de Arquitetura afirma que a infraestrutura está aquém da demanda:
— As ciclofaixas não têm planejamento, são circulares, não acompanham os trajetos pela cidade. Não é possível chegar a alguns lugares.
Isabela Ledo, coordenadora do programa Niterói de Bicicleta, da prefeitura, afirma que os problemas citados foram apontados também nas demais cidades pesquisadas. E garante que os dados ajudam a orientar políticas públicas relacionadas à mobilidade.
— O planejamento e a execução de infraestrutura cicloviária já respondem à demanda, assim como a campanha de educação no trânsito lançada em junho — afirma a coordenadora.
O grupo Mobilidade Niterói, responsável por outros levantamentos na cidade, lembra que, de janeiro a outubro deste ano, foi registrado um aumento de 81% na utilização de bicicletas.
— O número de ciclistas tem crescido. A gente sabe que a cidade detém o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado e um dos maiores do país, o que pode ter reflexo nos resultados encontrados — analisa Ana Luiza Carbone.
A rapidez e a praticidade são de longe as principais motivações para começar e continuar a pedalar. É o caso de Leonardo Lemos, de 38 anos. Na terça-feira passada, o fotógrafo voltava de bicicleta pela Rua Tiradentes, depois de uma reunião de trabalho no Ingá. Há uma semana, Lemos vendeu o carro, que gerava um custo de pelo menos R$ 6 mil por ano, considerando impostos, seguro e gastos com estacionamento:
— Não gosto de me sentir preso no trânsito. E bicicleta não gera custos com combustível.
Fonte: O Globo Niterói
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